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Avipronto reabriu hoje com muita expetativa para os próximos dias30 pessoas voltaram ao trabalho. Sindicato diz que zona industrial é case study. CGTP promove encontro em Azambuja. Ministério conta apresentar medidas para os próximos dias
Sílvia Agostinho
11-05-2020 às 21:12 |
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A Avipronto, na sequência do surto da Covid-19, que infetou 101 pessoas, arrancou, hoje, após uma semana encerrada, com menos de 20 pessoas na linha de produção, mais cerca de 10 trabalhadores no escritório. Rui Matias, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), esclarece que os trabalhadores que foram trabalhar, nesta segunda-feira, para a fábrica de Azambuja "por indicação da Direção Geral de Saúde (DGS) e não pela administração da empresa". Os funcionários da empresa vão ser requisitados por fases mediante o seu estado de saúde. "Vai depender não só da sua condição, mas também do foco pandémico que não está resumido apenas à Avipronto, mas também, por exemplo, aos testes epidemiológicos que estão a ser levados a cabo no grupo SONAE".
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Na próxima quinta-feira, 14 de maio, a CGTP vai estar em Azambuja, através da sua líder, Isabel Camarinha, bem como vários sindicatos ligados aos setores de atividade da zona industrial como o SINTAB ou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) para tomar posição quanto à questão dos transportes públicos.
Em declarações ao Valor Local, Ricardo Mendes, deste último sindicato, tem vindo a insistir na necessidade de medidas quanto ao transporte ferroviário. A empresa não consegue garantir mais carruagens. O CESP sugere que alternativas como a paragem de mais comboios no apeadeiro do Espadanal para além dos regionais. Mas outras medidas podem estar em cima da mesa. "As condições são muito frágeis a nível sanitário no que aos transportes diz respeito", junta Rui Matias que conclui - "Penso que há massa cinzenta suficiente neste país para se encontrar uma solução para estes trabalhadores". Rui Matias diz ainda que os sete quilómetros da zona industrial "deveriam servir para um case study", porque temos "uma intensa propagação do vírus". E se na Avipronto surgiu um surto de grandes proporções, casos há em outras empresas "onde os trabalhadores, apenas, foram sinalizados fora do seu local de trabalho com recurso ao despiste, outra coisa é o trabalhador ser despistado onde trabalha, mas nem sempre os números são cruzados, e isso depende das administrações que só partilham com a Direção Geral de Saúde quando confrontadas". O sindicalista vai mais longe - "Temo por esses trabalhadores, e quando sabemos que nestas empresas o trabalho é muito presencial, e com os funcionários muito próximos uns dos outros". Testar todos os trabalhadores destas indústrias podia ser uma possibilidade mas é caro. "A questão é mesmo essa - a saúde dos trabalhadores por oposição ao capital da empresa". Muito contestada tem sido a postura da Avipronto na gestão desta crise, pelo que o sindicalista faz o balanço - "Podia ter feito mais em tempo útil. Foi alertada para isso, mas agora há que dar mais condições e prevenir ao máximo, garantindo a melhor integração nesta nova fase". Diz ainda que a empresa tem estado a acatar as indicações da DGS e mostrado que está interessada em ultrapassar esta fase, mas "estamos atentos!", salvaguarda. "Estamos a acompanhar os trabalhadores e as novas medidas implementadas quanto às distâncias de segurança e higienização". O sindicalista fala numa linha de produção intensiva e faz a comparação com o Estados Unidos, onde o quadro da Covid-19 nas indústrias de abate de aves é ainda pior. "Temos números absolutamente catastróficos com empresas a fecharem todos os dias com números altíssimos de infetados com Covid-19". "Em todo o mundo deveríamos começar do zero neste setor do processamento de carnes, com mais distância entre os trabalhadores, onde o embalamento é quase todo manual, e com outro tipo de condições, para que não haja mais cenários deste tipo no futuro". Nesta empresa trabalham sobretudo mulheres na linha de produção, "muitas deles já com muitos anos de casa, mais velhas", e praticamente a bater nos grupos de riscos mais vulneráveis à doença. Ministérios das Infraestruturas quer resolver questão do transporte na linha de Azambuja Através de comunicado, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação informa que vai promover nos próximos dias uma reunião sobre as condições de transporte dos passageiros que utilizam a Linha da Azambuja, nomeadamente todos aqueles que trabalham nas empresas de logística da região. Para esta reunião, que contará com a presença do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e coordenador regional de Lisboa e Vale do Tejo do combate à pandemia da covid-19, Duarte Cordeiro, serão também convocadas as empresas CP e IP, bem como a Câmara da Azambuja e os representantes das empresas da plataforma logística. Ao contrário do que tem sido mostrado também através do Valor Local, o Governo afirma, ainda em comunicado que, nesta segunda-feira, 11 maio, o comboio 16001, que é o primeiro comboio a chegar à estação do Espadanal ( que serve a plataforma logística da Azambuja) vindo de Lisboa, trazia 108 pessoas a bordo, numa automotora que tem capacidade para 700 pessoas (15,4%, um valor muito inferior aos 2/3 permitidos por lei). Esta tem sido aliás a média de lotação dos comboios que servem nesta linha à hora de ponta. |
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