Fomos conhecer a realidade de cinco concelhos na região, as suas dificuldades, a perspetiva sobre a nova lei, e como olham para o futuro. São três modelos em análise neste trabalho: os exclusivamente municipais, o de uma associação, e outro que é gerido entre associação e Câmara. Adoção e esterilização são as palavras que mais se ouvem. Na região o panorama do abate é escasso em comparação com outras zonas do país.
Sílvia Agostinho
11-11-2018 às 20:33
O canil da Associação Abrigo é um caso à parte neste trabalho. Com 198 cães e 50 gatos, não poderia deixar de passar dificuldades de diversa ordem. Localizado em Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, é gerido por um grupo de voluntárias (foto abaixo). Como o concelho não possui canil municipal acaba por ser este o destino de muitos animais abandonados do município e não só. Quem entra no espaço não pode deixar de constatar as diferenças em relação aos canis municipais. Aqui recorre-se mais ao improviso, sem boxes, e embora os animais disponham de mais espaço, este é menos organizado. Ao longo do terreno foram estabelecidas alas mais ao menos ao acaso, mas os animais recebem os necessários cuidados, dizem as voluntárias.
Um grupo de mulheres que encontramos não têm mãos a medir. Durante muito tempo estiveram sós nesta luta, apenas no ano passado a Câmara de Azambuja decidiu apoiar com 2000 euros mensais, mas 1500 vão só para ração. É uma luta inglória que nem sempre é bem entendida por muitos, confessam-nos as voluntárias. A sobrelotação deixa esta associação com a sua ação a rebentar pelas costuras apesar dos 2 mil metros quadrados. Estão a decorrer obras de ampliação mas a associação vai pagando aos poucos. As esterilizações custam 60 euros, mas a Direção Geral de Veterinária comparticipa com apenas 10 euros e a Abrigo ainda tem de pagar o chip a suas expensas. A juntar a tudo isto, nos últimos tempos assiste-se a uma proliferação de ratos que as voluntárias têm procurado colocar cobro.
A relação com a autarquia que não dispondo de canil próprio vai à boleia da associação não é a melhor. “O senhor presidente é cinco estrelas, já do vereador do pelouro (Silvino Lúcio) e do veterinário que estava ao serviço da autarquia não posso dizer o mesmo. Aliás impedimos o veterinário de entrar aqui porque queria matar os cães todos”, diz Paula Figueiredo, uma das responsáveis. Silvino Lúcio não compreende o possível mal-estar da associação quanto à sua pessoa – “Sempre que solicitaram apoio mostrei-me disponível, desde um corte de eucaliptos que contratámos sem custos para a associação, ou problemas com contentores em que nos pediram ajuda!”. O vereador diz que é exigente quanto aos relatórios que pede à associação “porque estamos a falar de dinheiro público”. Lançámos ainda esta questão: Se a Câmara tivesse canil municipal, dois mil euros por mês chegariam? – “Não sei se chegava ou não, certo é que há um acordo para cumprir, temos apenas capacidade para ter 15 cães numa espécie de avançado da autarquia”, resume.
Quando se fala de adoção, a associação salienta uma parceria recente com uma associação alemã com o envio dos animais para esse país. Os números de adoção são escassos, pois com uma das maiores sobrelotações da região, este canil só conseguiu dar 30 animais em 2017, embora este ano já vá com 70, mas “muito à conta dos gatos”. O abate, diz a associação. nunca foi praticado, no entanto é nos dito que a Câmara apenas deixou de abater no ano passado. Premente é que a associação consiga, de uma vez por todas, estabelecer uma boa relação com o novo veterinário municipal, “fundamental para levar a cabo as esterilizações dos animais”, sentencia Paula Figueiredo. Segundo esta responsável, a Abrigo tem conhecido bons casos de adoção mas “especialmente de pessoas vindas de fora do concelho, principalmente de Lisboa, que têm outro tipo de entendimento, porque as de Azambuja só querem animais bebés”.
A associação fechou definitivamente a porta quanto a novos animais a não ser os que sejam cheguem aqui em muito mau estado, face à sobrelotação. O abandono no concelho “é gravíssimo”, diz Paula Figueiredo. “Mas não temos capacidade para receber mais cães, até porque as matilhas estão formadas e é sempre com muita dificuldade que introduzimos novos animais”. Paula Figueiredo é confrontada com algumas críticas ouvidas pelo Valor Local de que nem sempre os telefones da associação estão disponíveis – “Não temos rede aqui no canil, e nem sempre ouvimos face ao ladrar dos animais”. Diz Silvino Lúcio que o protocolo implica que a Abrigo recolha todos os animais abandonados de Azambuja e que “sendo assim vamos ter que conversar”. “Não tenho conhecimento de que tenham rejeitado animais levados pelo nosso funcionário, se assim for temos de ver as coisas”. Quando lhe perguntamos que condições a Câmara tem, neste momento, para exigir ainda mais, dá conta que há outras associações no concelho interessadas em fazer parcerias com a Câmara para acolher animais, sendo certo que “a verba de dois mil euros não é tão escassa quanto isso, mas não quero alongar-me em mais considerações”.
Sílvia Agostinho
11-11-2018 às 20:33
O canil da Associação Abrigo é um caso à parte neste trabalho. Com 198 cães e 50 gatos, não poderia deixar de passar dificuldades de diversa ordem. Localizado em Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, é gerido por um grupo de voluntárias (foto abaixo). Como o concelho não possui canil municipal acaba por ser este o destino de muitos animais abandonados do município e não só. Quem entra no espaço não pode deixar de constatar as diferenças em relação aos canis municipais. Aqui recorre-se mais ao improviso, sem boxes, e embora os animais disponham de mais espaço, este é menos organizado. Ao longo do terreno foram estabelecidas alas mais ao menos ao acaso, mas os animais recebem os necessários cuidados, dizem as voluntárias.
Um grupo de mulheres que encontramos não têm mãos a medir. Durante muito tempo estiveram sós nesta luta, apenas no ano passado a Câmara de Azambuja decidiu apoiar com 2000 euros mensais, mas 1500 vão só para ração. É uma luta inglória que nem sempre é bem entendida por muitos, confessam-nos as voluntárias. A sobrelotação deixa esta associação com a sua ação a rebentar pelas costuras apesar dos 2 mil metros quadrados. Estão a decorrer obras de ampliação mas a associação vai pagando aos poucos. As esterilizações custam 60 euros, mas a Direção Geral de Veterinária comparticipa com apenas 10 euros e a Abrigo ainda tem de pagar o chip a suas expensas. A juntar a tudo isto, nos últimos tempos assiste-se a uma proliferação de ratos que as voluntárias têm procurado colocar cobro.
A relação com a autarquia que não dispondo de canil próprio vai à boleia da associação não é a melhor. “O senhor presidente é cinco estrelas, já do vereador do pelouro (Silvino Lúcio) e do veterinário que estava ao serviço da autarquia não posso dizer o mesmo. Aliás impedimos o veterinário de entrar aqui porque queria matar os cães todos”, diz Paula Figueiredo, uma das responsáveis. Silvino Lúcio não compreende o possível mal-estar da associação quanto à sua pessoa – “Sempre que solicitaram apoio mostrei-me disponível, desde um corte de eucaliptos que contratámos sem custos para a associação, ou problemas com contentores em que nos pediram ajuda!”. O vereador diz que é exigente quanto aos relatórios que pede à associação “porque estamos a falar de dinheiro público”. Lançámos ainda esta questão: Se a Câmara tivesse canil municipal, dois mil euros por mês chegariam? – “Não sei se chegava ou não, certo é que há um acordo para cumprir, temos apenas capacidade para ter 15 cães numa espécie de avançado da autarquia”, resume.
Quando se fala de adoção, a associação salienta uma parceria recente com uma associação alemã com o envio dos animais para esse país. Os números de adoção são escassos, pois com uma das maiores sobrelotações da região, este canil só conseguiu dar 30 animais em 2017, embora este ano já vá com 70, mas “muito à conta dos gatos”. O abate, diz a associação. nunca foi praticado, no entanto é nos dito que a Câmara apenas deixou de abater no ano passado. Premente é que a associação consiga, de uma vez por todas, estabelecer uma boa relação com o novo veterinário municipal, “fundamental para levar a cabo as esterilizações dos animais”, sentencia Paula Figueiredo. Segundo esta responsável, a Abrigo tem conhecido bons casos de adoção mas “especialmente de pessoas vindas de fora do concelho, principalmente de Lisboa, que têm outro tipo de entendimento, porque as de Azambuja só querem animais bebés”.
A associação fechou definitivamente a porta quanto a novos animais a não ser os que sejam cheguem aqui em muito mau estado, face à sobrelotação. O abandono no concelho “é gravíssimo”, diz Paula Figueiredo. “Mas não temos capacidade para receber mais cães, até porque as matilhas estão formadas e é sempre com muita dificuldade que introduzimos novos animais”. Paula Figueiredo é confrontada com algumas críticas ouvidas pelo Valor Local de que nem sempre os telefones da associação estão disponíveis – “Não temos rede aqui no canil, e nem sempre ouvimos face ao ladrar dos animais”. Diz Silvino Lúcio que o protocolo implica que a Abrigo recolha todos os animais abandonados de Azambuja e que “sendo assim vamos ter que conversar”. “Não tenho conhecimento de que tenham rejeitado animais levados pelo nosso funcionário, se assim for temos de ver as coisas”. Quando lhe perguntamos que condições a Câmara tem, neste momento, para exigir ainda mais, dá conta que há outras associações no concelho interessadas em fazer parcerias com a Câmara para acolher animais, sendo certo que “a verba de dois mil euros não é tão escassa quanto isso, mas não quero alongar-me em mais considerações”.
No canil em causa, outras realidades perversas têm aparecido às voluntárias e que à partida julgaríamos menos próximas, como o caso de alguns animais que foram entregues em Vale do Paraíso porque o dono os violentava sexualmente. “São cães que não estão disponíveis para adoção. São cães completamente traumatizados que não deixam ninguém aproximar-se”. Há também a cadela Linda, cujo dono a maltratou e que foi o próprio filho que o denunciou às autoridades. O caso de Linda aguarda por uma decisão no tribunal de Alenquer, “até lá está aqui, e não pode sair”. “Com os atrasos da lei, está privada de poder ser levada por alguém e conhecer finalmente um lar”.
Sem mais apoios do que os da Câmara, e quotizações, a associação recebeu há pouco tempo um valor de 6 mil euros por parte de um benemérito na Alemanha, mas foi uma exceção – “O mecenato só vai para criancinhas e bombeiros, o que achamos ótimo, mas nós também prestamos um serviço na sociedade, quanto mais não seja na preservação do ambiente e da saúde pública”. Face ao quadro de não existir um canil municipal nem isso estar equacionado de futuro, Silvino Lúcio refere que já foi pensado, mas face aos custos e a outras questões mais prementes da vida dos cidadãos foi posto de parte.
Sem mais apoios do que os da Câmara, e quotizações, a associação recebeu há pouco tempo um valor de 6 mil euros por parte de um benemérito na Alemanha, mas foi uma exceção – “O mecenato só vai para criancinhas e bombeiros, o que achamos ótimo, mas nós também prestamos um serviço na sociedade, quanto mais não seja na preservação do ambiente e da saúde pública”. Face ao quadro de não existir um canil municipal nem isso estar equacionado de futuro, Silvino Lúcio refere que já foi pensado, mas face aos custos e a outras questões mais prementes da vida dos cidadãos foi posto de parte.
Nova lei não é consensual entre veterinários e associações
A Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM) é taxativa quando refere que esta lei é facilitadora de um quadro mais pessimista no futuro, e porque é insuficiente face ao número elevado de animais errantes no país. Em Portugal continental e ilha dos Açores ascendia a cerca de 41 mil em 2017. De acordo com os dados da ANVETEM, foram adotados 18 mil animais, tendo permanecido nos canis 12 mil. Para além de que, “olhando para os números parciais de cada município dos 308 concelhos portugueses, 96 não declararam qualquer número”, diz taxativamente Ricardo Lobo, daquela associação, que sentencia – “Estes municípios não deverão ter números para se orgulharem”.
Por outro lado, “há quem pense que vai substituir a eutanásia pela esterilização o que é completamente errado, porque temos cães errantes que andam um pouco por todo o lado que não conseguimos detetar na sua totalidade que não serão esterilizados, porque apenas o são os que estão nos centros de recolha”. Esta lei “foi feita sem conhecer a realidade do abandono animal”.
Sobre o facto de os canis da nossa região argumentarem que não há eutanásia, exceto nos casos de animais em sofrimento, considera que o quadro dificilmente será cor-de-rosa. “Sintra diz que não abate mas o concelho está repleto de matilhas nas ruas. Quem começou a abater menos, é porque já não recolhe na mesma medida do que no passado”. Embora Ricardo Lobo reconheça que os números dos concelhos aqui retratados neste trabalho sejam bons comparativamente ao que acontece em outras regiões do país como no Norte ou na Madeira.
“Com esta lei, os municípios que podiam estar a pensar em aumentar a capacidade dos seus canis desistem”. Por isso, este representante da ANVETEM traça um quadro pessimista com a possibilidade de proliferação de matilhas “que atacam pessoas e animais”, e aumento da raiva, apesar de erradicada do país há várias décadas. “Se deixarmos de controlar a população podemos estar a abrir a porta a um quadro desses, basta recordar que no norte de África há raiva e podemos perder o controle desta situação”. Esta lei “não tem possibilidades nenhumas de ter sucesso no quadro da saúde pública” e “posso afirmar que há deputados dos outros partidos (que não os do PAN) que estão arrependidos e que se sentem enganados”. Esta lei na sua opinião não foi feita em conjunto com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e “por isso estamos em total dissociação entre o Parlamento e a realidade”. A ANVETEM ainda sugeriu um alargamento do período de dois anos, mas o PAN rejeitou “porque estavam mesmo interessados em aprovar esta lei durante a legislatura porque têm um deputado e estão em risco de o perder nas próximas eleições.”
Posição dissonante quanto às mais-valias ou não da nova lei, encontra-se a veterinária do município de Vila Franca para quem houve tempo suficiente de adaptação por parte dos concelhos. Ana Leonardo acredita que não vale a pensa fantasiar cenários alarmistas e diz mesmo “Chateia-me um bocado ouvir isso. No caso de Vila Franca as coisas foram preparadas se outros não o fizeram foi porque não quiseram tomar essa opção”, até porque “durante anos o abate foi praticado e não deixou de existir animais errantes nas ruas”.
Já Paulo Figueiredo, da Abrigo, afina por opinião contrária – “A esterilização tem de ser mais alargada porque o fim do abate não vai resolver nada, quanto muito vai fomentar o abate ilegal porque deixa de haver controlo”. Na sua opinião, Portugal deveria seguir o modelo inglês com uma espécie de polícia para o abandono animal, “porque o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR não faz nada”.
Veladimiro Elvas, da Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo, dá conta que fez parte da comissão política do PAN mas que decidiu a páginas tantas sair. Esteve no esboço da lei que considera redutora – “Disse mesmo que esta lei a ir para a frente como de facto foi e nestas circunstâncias ia virar-se contra nós”. Veladimiro Elvas defende que a lei devia ter sido acompanhada por um conjunto mais ambicioso de medidas. E dá o exemplo do registo automóvel como uma boa ideia a ser seguida. “Sempre que alguém desse um cão teria de o registar, para não haver risco de coimas (na altura defendi entre dois mil a três mil euros) para o novo proprietário do animal”. O responsável da APAAC defende mais fiscalização através de uma rede articulada em que todos os animais tenham chip e devidamente registados, “porque o que acontece é que face às redes informais de adoção, determinado indivíduo tem uma ninhada e vai passando aos amigos e vizinhos, e só mete chip quem quer”. “A lei deveria ter ido beber ao contacto com associações de animais, juntas de freguesia, Câmaras, veterinários, e até caçadores, porque muitos vão caçar para fora e é normal os animais perderem-se, mas o radicalismo do PAN desagradou-me imenso, mostrou-se intransigente nesses contatos. No fundo é hoje um partido da sociedade política e não da sociedade animal”.
A Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM) é taxativa quando refere que esta lei é facilitadora de um quadro mais pessimista no futuro, e porque é insuficiente face ao número elevado de animais errantes no país. Em Portugal continental e ilha dos Açores ascendia a cerca de 41 mil em 2017. De acordo com os dados da ANVETEM, foram adotados 18 mil animais, tendo permanecido nos canis 12 mil. Para além de que, “olhando para os números parciais de cada município dos 308 concelhos portugueses, 96 não declararam qualquer número”, diz taxativamente Ricardo Lobo, daquela associação, que sentencia – “Estes municípios não deverão ter números para se orgulharem”.
Por outro lado, “há quem pense que vai substituir a eutanásia pela esterilização o que é completamente errado, porque temos cães errantes que andam um pouco por todo o lado que não conseguimos detetar na sua totalidade que não serão esterilizados, porque apenas o são os que estão nos centros de recolha”. Esta lei “foi feita sem conhecer a realidade do abandono animal”.
Sobre o facto de os canis da nossa região argumentarem que não há eutanásia, exceto nos casos de animais em sofrimento, considera que o quadro dificilmente será cor-de-rosa. “Sintra diz que não abate mas o concelho está repleto de matilhas nas ruas. Quem começou a abater menos, é porque já não recolhe na mesma medida do que no passado”. Embora Ricardo Lobo reconheça que os números dos concelhos aqui retratados neste trabalho sejam bons comparativamente ao que acontece em outras regiões do país como no Norte ou na Madeira.
“Com esta lei, os municípios que podiam estar a pensar em aumentar a capacidade dos seus canis desistem”. Por isso, este representante da ANVETEM traça um quadro pessimista com a possibilidade de proliferação de matilhas “que atacam pessoas e animais”, e aumento da raiva, apesar de erradicada do país há várias décadas. “Se deixarmos de controlar a população podemos estar a abrir a porta a um quadro desses, basta recordar que no norte de África há raiva e podemos perder o controle desta situação”. Esta lei “não tem possibilidades nenhumas de ter sucesso no quadro da saúde pública” e “posso afirmar que há deputados dos outros partidos (que não os do PAN) que estão arrependidos e que se sentem enganados”. Esta lei na sua opinião não foi feita em conjunto com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e “por isso estamos em total dissociação entre o Parlamento e a realidade”. A ANVETEM ainda sugeriu um alargamento do período de dois anos, mas o PAN rejeitou “porque estavam mesmo interessados em aprovar esta lei durante a legislatura porque têm um deputado e estão em risco de o perder nas próximas eleições.”
Posição dissonante quanto às mais-valias ou não da nova lei, encontra-se a veterinária do município de Vila Franca para quem houve tempo suficiente de adaptação por parte dos concelhos. Ana Leonardo acredita que não vale a pensa fantasiar cenários alarmistas e diz mesmo “Chateia-me um bocado ouvir isso. No caso de Vila Franca as coisas foram preparadas se outros não o fizeram foi porque não quiseram tomar essa opção”, até porque “durante anos o abate foi praticado e não deixou de existir animais errantes nas ruas”.
Já Paulo Figueiredo, da Abrigo, afina por opinião contrária – “A esterilização tem de ser mais alargada porque o fim do abate não vai resolver nada, quanto muito vai fomentar o abate ilegal porque deixa de haver controlo”. Na sua opinião, Portugal deveria seguir o modelo inglês com uma espécie de polícia para o abandono animal, “porque o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR não faz nada”.
Veladimiro Elvas, da Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo, dá conta que fez parte da comissão política do PAN mas que decidiu a páginas tantas sair. Esteve no esboço da lei que considera redutora – “Disse mesmo que esta lei a ir para a frente como de facto foi e nestas circunstâncias ia virar-se contra nós”. Veladimiro Elvas defende que a lei devia ter sido acompanhada por um conjunto mais ambicioso de medidas. E dá o exemplo do registo automóvel como uma boa ideia a ser seguida. “Sempre que alguém desse um cão teria de o registar, para não haver risco de coimas (na altura defendi entre dois mil a três mil euros) para o novo proprietário do animal”. O responsável da APAAC defende mais fiscalização através de uma rede articulada em que todos os animais tenham chip e devidamente registados, “porque o que acontece é que face às redes informais de adoção, determinado indivíduo tem uma ninhada e vai passando aos amigos e vizinhos, e só mete chip quem quer”. “A lei deveria ter ido beber ao contacto com associações de animais, juntas de freguesia, Câmaras, veterinários, e até caçadores, porque muitos vão caçar para fora e é normal os animais perderem-se, mas o radicalismo do PAN desagradou-me imenso, mostrou-se intransigente nesses contatos. No fundo é hoje um partido da sociedade política e não da sociedade animal”.
Municípios incentivam adoção com cada vez mais divulgação
No caso do concelho de Benavente temos cerca de 66 cães no canil (foto acima). Foram construídas recentemente umas novas boxes, mas como no caso do município de Azambuja, este município aguarda pelo famigerado canil intermunicipal da Lezíria do Tejo. “Está um bocadinho sobrelotado”, graceja o funcionário municipal Manuel Romão que há quatro anos se dedica a esta função. Se os animais falassem poderiam dizer se o seu trabalho é bom ou não, mas pensa que sim, até porque afeiçoa-se a todos, e é com pena que vê quando alguns seguem para adoção e tem de se despedir, mas significará que à partida vão para melhor “Vejo logo se vão ou não ser bem estimados pelo tipo de pessoa dos donos”. “Apenas fui mordido uma vez, dou festas a todos”, conclui.
Segundo dados de 2017, da Associação de Médicos Veterinários Municipais, em 2017 este município recolheu 57 animais, adotou 42, e eutanasiou dois, que a Câmara refere serem casos de cães em situação de sofrimento e doença cuja solução acabou por ser o abate, que “há muito tempo foi abandonado no caso dos animais saudáveis”, diz Clarisse Castanheiro, técnica municipal. O canil não consegue aceitar mais animais errantes, exceto os que se encontram feridos na rua. A esterilização dos cães acontece sempre que a adoção existe, tendo como intermediário do município a Associação Refúgio Vital, contudo é intenção da autarquia disseminar esse método a todos os cães que cheguem ao canil, bem como assumir o pagamento do boletim e do microchip quando o animal é entregue ao adotante. Quando se fala na realidade do abandono animal no concelho, os responsáveis não escondem que este é um fenómeno visível. Muitos vêm deixar os animais à porta do canil. Através de uma página de facebook criada para o efeito, o município tem conseguido obter sucesso nas adoções.
Quanto a financiar esterilizações de particulares com dificuldades financeiras, Clarisse Castanheiro informa que para isso é necessário que as clínicas veterinárias do concelho ou da região adiram a um programa que prevê o financiamento desse tipo de procedimentos por parte dos municípios, “o que ainda não aconteceu no nosso concelho ou região”.
No caso do concelho de Benavente temos cerca de 66 cães no canil (foto acima). Foram construídas recentemente umas novas boxes, mas como no caso do município de Azambuja, este município aguarda pelo famigerado canil intermunicipal da Lezíria do Tejo. “Está um bocadinho sobrelotado”, graceja o funcionário municipal Manuel Romão que há quatro anos se dedica a esta função. Se os animais falassem poderiam dizer se o seu trabalho é bom ou não, mas pensa que sim, até porque afeiçoa-se a todos, e é com pena que vê quando alguns seguem para adoção e tem de se despedir, mas significará que à partida vão para melhor “Vejo logo se vão ou não ser bem estimados pelo tipo de pessoa dos donos”. “Apenas fui mordido uma vez, dou festas a todos”, conclui.
Segundo dados de 2017, da Associação de Médicos Veterinários Municipais, em 2017 este município recolheu 57 animais, adotou 42, e eutanasiou dois, que a Câmara refere serem casos de cães em situação de sofrimento e doença cuja solução acabou por ser o abate, que “há muito tempo foi abandonado no caso dos animais saudáveis”, diz Clarisse Castanheiro, técnica municipal. O canil não consegue aceitar mais animais errantes, exceto os que se encontram feridos na rua. A esterilização dos cães acontece sempre que a adoção existe, tendo como intermediário do município a Associação Refúgio Vital, contudo é intenção da autarquia disseminar esse método a todos os cães que cheguem ao canil, bem como assumir o pagamento do boletim e do microchip quando o animal é entregue ao adotante. Quando se fala na realidade do abandono animal no concelho, os responsáveis não escondem que este é um fenómeno visível. Muitos vêm deixar os animais à porta do canil. Através de uma página de facebook criada para o efeito, o município tem conseguido obter sucesso nas adoções.
Quanto a financiar esterilizações de particulares com dificuldades financeiras, Clarisse Castanheiro informa que para isso é necessário que as clínicas veterinárias do concelho ou da região adiram a um programa que prevê o financiamento desse tipo de procedimentos por parte dos municípios, “o que ainda não aconteceu no nosso concelho ou região”.
Vila Franca de Xira: Taxa de adoção “feliz”
No canil de Vila Franca de Xira (foto acima), cerca de 108 animais estão disponíveis, neste momento, para adoção, segundo a veterinária municipal, Ana Leonardo. Nos últimos anos, a taxa de adoção animal “tem sido particularmente feliz” neste concelho, com animais a sair para novos donos quase todos os dias. Muita divulgação em redes sociais, e nos meios oficiais da autarquia têm permitido esse sucesso. A Câmara de Vila Franca, em alguns eventos, onde possa acorrer um maior número de público, como foi o caso recente da Feira de Outubro, opta por ter um stand com alguns animais do canil no sentido de incentivar a adoção.
Neste caso, o canil de Vila Franca também se encontra sobrelotado, sendo que a autarquia privilegia os animais errantes, embora continuem a aparecer casos de pessoas “que querem vir deixar o seu cão no canil ou porque vão mudar de casa ou vão para o estrangeiro, porque não querem continuar a assumir essa responsabilidade”. “Ainda vai existindo muito aquela ideia de que: afinal não era bem isto que eu queria para a minha vida e o canil vai ter de o receber”, lamenta Ana Leonardo. A realidade do abandono animal no concelho, na sua opinião, é difícil de caracterizar “porque não sabemos no fundo a origem desse cão ou gato, fora aqueles que não conseguimos detetar”.
O canil municipal sofreu obras recentemente, e Fátima Antunes, vereadora da autarquia, reconhece que mais pessoas têm procurado este espaço. Nos eventos da Câmara “temos chamado a atenção das pessoas”, embora Ana Leonardo não seja particularmente adepta das adoções por impulso que possam surgir da exposição dos animais nas feiras e eventos. “Os que levámos para a Feira de Outubro já tinham destinatários”. No último mês, foram dados 30 animais. “Vieram pessoas de longe buscar esses animais”. Todos deixam saudades no canil. Vão à partida para melhor, mas vão-se criando laços e todos ganham um nome aquando pela sua passagem neste Centro de Recolha Oficial.
Fátima Antunes refere que tem procurado as melhores referências na gestão do canil, como é o caso do concelho de Sintra, que na sua opinião faz um “trabalho excelente”. Estabelecer protocolos com entidades tendo em vista o apoio à esterilização, tratamentos cirúrgicos e meios complementares de diagnóstico são apenas algumas das medidas. “Temos procurado estar atentos a todas as medidas da Direção Geral de Veterinária”, diz, revelando que, neste momento, o canil aguarda pela conclusão de uma candidatura para a execução de um bloco operatório. O canil vai também ser remodelado, entretanto, com melhoria de algumas boxes, bem como das condições de trabalho para os funcionários.
De acordo com a Associação de Médicos Veterinários Municipais, o município de Vila Franca de Xira em 2017 recolheu 297 animais, conseguiu a adoção de 158. Enquanto 25 foram abatidos. “Estamos a falar de animais em sofrimento extremo ou com comportamento grave que colocasse em causa a integridade do ser humano”, informa a veterinária. “Ainda antes da nova legislação já tínhamos a política de não abate, o que fazíamos encontra-se consagrado no novo documento”, informa Fátima Antunes.
Quanto à política de esterilização na área do município, a Câmara de Vila Franca de Xira direciona o seu trabalho, nesta altura, para os animais errantes recolhidos, também com o apoio da Direção Geral de Veterinária, com a particularidade de apenas serem alvo deste procedimento os que são retirados das ruas pela estrutura municipal, não sendo prática no nosso país a esterilização do errante e a sua devolução à rua. Não existe, nesse sentido, legislação para os cães mas apenas para os gatos. “O meu sonho é que isso passe a acontecer com os cães”, refere Ana Leonardo. Apoiar munícipes com parcos recursos na esterilização dos seus animais “é uma hipótese que não está colocada de parte mas para já o nosso foco são os errantes recolhidos pelo canil, acrescenta Fátima Antunes.
No canil de Vila Franca de Xira (foto acima), cerca de 108 animais estão disponíveis, neste momento, para adoção, segundo a veterinária municipal, Ana Leonardo. Nos últimos anos, a taxa de adoção animal “tem sido particularmente feliz” neste concelho, com animais a sair para novos donos quase todos os dias. Muita divulgação em redes sociais, e nos meios oficiais da autarquia têm permitido esse sucesso. A Câmara de Vila Franca, em alguns eventos, onde possa acorrer um maior número de público, como foi o caso recente da Feira de Outubro, opta por ter um stand com alguns animais do canil no sentido de incentivar a adoção.
Neste caso, o canil de Vila Franca também se encontra sobrelotado, sendo que a autarquia privilegia os animais errantes, embora continuem a aparecer casos de pessoas “que querem vir deixar o seu cão no canil ou porque vão mudar de casa ou vão para o estrangeiro, porque não querem continuar a assumir essa responsabilidade”. “Ainda vai existindo muito aquela ideia de que: afinal não era bem isto que eu queria para a minha vida e o canil vai ter de o receber”, lamenta Ana Leonardo. A realidade do abandono animal no concelho, na sua opinião, é difícil de caracterizar “porque não sabemos no fundo a origem desse cão ou gato, fora aqueles que não conseguimos detetar”.
O canil municipal sofreu obras recentemente, e Fátima Antunes, vereadora da autarquia, reconhece que mais pessoas têm procurado este espaço. Nos eventos da Câmara “temos chamado a atenção das pessoas”, embora Ana Leonardo não seja particularmente adepta das adoções por impulso que possam surgir da exposição dos animais nas feiras e eventos. “Os que levámos para a Feira de Outubro já tinham destinatários”. No último mês, foram dados 30 animais. “Vieram pessoas de longe buscar esses animais”. Todos deixam saudades no canil. Vão à partida para melhor, mas vão-se criando laços e todos ganham um nome aquando pela sua passagem neste Centro de Recolha Oficial.
Fátima Antunes refere que tem procurado as melhores referências na gestão do canil, como é o caso do concelho de Sintra, que na sua opinião faz um “trabalho excelente”. Estabelecer protocolos com entidades tendo em vista o apoio à esterilização, tratamentos cirúrgicos e meios complementares de diagnóstico são apenas algumas das medidas. “Temos procurado estar atentos a todas as medidas da Direção Geral de Veterinária”, diz, revelando que, neste momento, o canil aguarda pela conclusão de uma candidatura para a execução de um bloco operatório. O canil vai também ser remodelado, entretanto, com melhoria de algumas boxes, bem como das condições de trabalho para os funcionários.
De acordo com a Associação de Médicos Veterinários Municipais, o município de Vila Franca de Xira em 2017 recolheu 297 animais, conseguiu a adoção de 158. Enquanto 25 foram abatidos. “Estamos a falar de animais em sofrimento extremo ou com comportamento grave que colocasse em causa a integridade do ser humano”, informa a veterinária. “Ainda antes da nova legislação já tínhamos a política de não abate, o que fazíamos encontra-se consagrado no novo documento”, informa Fátima Antunes.
Quanto à política de esterilização na área do município, a Câmara de Vila Franca de Xira direciona o seu trabalho, nesta altura, para os animais errantes recolhidos, também com o apoio da Direção Geral de Veterinária, com a particularidade de apenas serem alvo deste procedimento os que são retirados das ruas pela estrutura municipal, não sendo prática no nosso país a esterilização do errante e a sua devolução à rua. Não existe, nesse sentido, legislação para os cães mas apenas para os gatos. “O meu sonho é que isso passe a acontecer com os cães”, refere Ana Leonardo. Apoiar munícipes com parcos recursos na esterilização dos seus animais “é uma hipótese que não está colocada de parte mas para já o nosso foco são os errantes recolhidos pelo canil, acrescenta Fátima Antunes.
Alenquer atribui taxa de abate à proliferação de Leishmaniose no concelho
Menos sobrelotado o canil da Câmara de Alenquer (foto acima), alberga, neste momento, 27 animais quando tem capacidade para 41. Paulo Marques, chefe de divisão do Ambiente e Conservação da Natureza, da autarquia explica que a autarquia preparou-se durante dois anos tendo em vista a nova realidade, e deixou de receber todo o tipo de animais. Nesta altura acolhe animais errantes, em situação de doença do dono, ou por imposição das forças da lei, ao contrário do que se passava antes quando o canil acolhia os animais daqueles que já não quisessem ter o animal, o que dava azo à sobrelotação. O responsável não esconde que existia o risco do aumento da proliferação de animais na rua, mas isso não chegou a acontecer. O Centro de Recolha Oficial vulgo canil vai sofrer obras com a construção de um gatil autónomo dentro do complexo, e a instalação de uma sala de cirurgia. Segundo dados da Associação Nacional de Médicos Veterinários Municipais, o canil deste concelho é o que no cômputo dos municípios analisados neste trabalho regista um maior número de eutanásias no ano de 2017 – 117 no total, embora seja também o que possui números mais expressivos de animais recolhidos- 256 no total, entre os quais 143 adotados. “Os números são o que são e são públicos, contudo uma coisa é usar a eutanásia como forma de controlar o número de população, outra é o saneamento”, diz. Paulo Franco, vereador do município, refere que em zonas rurais junto a cursos de água há mais probabilidades de os animais errantes desenvolverem leishmaniose através da picada do mosquito. Esta é uma doença mortal que num estado muito avançado pode proporcionar o abate dos animais- “Somos transparentes e não negamos os números”, refere o autarca. “São abatidos animais com zoonoses e outras doenças que podem ser complicadas e transmitidas aos humanos. Apenas nesses casos o abate é considerado”.
O técnico municipal contudo não deixa de lamentar a falta de civismo e de preocupação dos donos de animais. “Há pouco tempo deixaram-nos à porta um animal agarrado a uma verguinha presa a dois suportes, tivemos de ir buscar um alicate grande para libertar o cão”. Por outro lado, o canil deixou de abater animais moribundos a pedido dos donos que agora terão de recorrer ao setor privado. A Câmara vai arrancar com uma campanha de esterilização dirigida a agregados com menos recursos vocacionada para cães e gatos. Uma medida que a autarquia implementará em breve. Quanto aos animais que saem do canil beneficiam da esterilização e vacinação.
Menos sobrelotado o canil da Câmara de Alenquer (foto acima), alberga, neste momento, 27 animais quando tem capacidade para 41. Paulo Marques, chefe de divisão do Ambiente e Conservação da Natureza, da autarquia explica que a autarquia preparou-se durante dois anos tendo em vista a nova realidade, e deixou de receber todo o tipo de animais. Nesta altura acolhe animais errantes, em situação de doença do dono, ou por imposição das forças da lei, ao contrário do que se passava antes quando o canil acolhia os animais daqueles que já não quisessem ter o animal, o que dava azo à sobrelotação. O responsável não esconde que existia o risco do aumento da proliferação de animais na rua, mas isso não chegou a acontecer. O Centro de Recolha Oficial vulgo canil vai sofrer obras com a construção de um gatil autónomo dentro do complexo, e a instalação de uma sala de cirurgia. Segundo dados da Associação Nacional de Médicos Veterinários Municipais, o canil deste concelho é o que no cômputo dos municípios analisados neste trabalho regista um maior número de eutanásias no ano de 2017 – 117 no total, embora seja também o que possui números mais expressivos de animais recolhidos- 256 no total, entre os quais 143 adotados. “Os números são o que são e são públicos, contudo uma coisa é usar a eutanásia como forma de controlar o número de população, outra é o saneamento”, diz. Paulo Franco, vereador do município, refere que em zonas rurais junto a cursos de água há mais probabilidades de os animais errantes desenvolverem leishmaniose através da picada do mosquito. Esta é uma doença mortal que num estado muito avançado pode proporcionar o abate dos animais- “Somos transparentes e não negamos os números”, refere o autarca. “São abatidos animais com zoonoses e outras doenças que podem ser complicadas e transmitidas aos humanos. Apenas nesses casos o abate é considerado”.
O técnico municipal contudo não deixa de lamentar a falta de civismo e de preocupação dos donos de animais. “Há pouco tempo deixaram-nos à porta um animal agarrado a uma verguinha presa a dois suportes, tivemos de ir buscar um alicate grande para libertar o cão”. Por outro lado, o canil deixou de abater animais moribundos a pedido dos donos que agora terão de recorrer ao setor privado. A Câmara vai arrancar com uma campanha de esterilização dirigida a agregados com menos recursos vocacionada para cães e gatos. Uma medida que a autarquia implementará em breve. Quanto aos animais que saem do canil beneficiam da esterilização e vacinação.
Cartaxo diz-se livre de animais abandonados nas ruas
A Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo (APAAC) assenta na gestão de um canil (foto acima) em conjunto com a Câmara do Cartaxo que financia em 4 mil 500 euros por mês a estrutura que possui 93 cães. A APAAC possui ainda uma clínica privada de veterinária que presta gratuitamente os serviços de esterilização e chip aos animais que saem do canil, tendo como base um aumento recente do pecúlio do município à associação. Veladimiro Elvas, presidente da APAAC, diz que o trabalho da sua associação permitiu que “hoje o concelho seja livre de animais abandonados”.
Contudo diz que a APAAC tem colecionado críticas injustas, e por vezes surgem “as acusações de que não atendemos o telefone, mas as pessoas que aqui trabalham têm dia de folga, e no meu caso se necessário for levanto-me às três ou quatro da manhã para recolher um cão que possa estar com as tripas de fora, atropelado por um carro mas que ainda está vivo, e ajudar a GNR nesses casos”, diz. “Entristecem-me algumas críticas porque atendemos o telefone 24 horas por dia para as entidades, e quando a sociedade também deixa a desejar”. Desde 2003 que o abate acabou no canil, “mas lá fora continua-se a dizer que isso ainda existe mas as pessoas não são conhecedores da realidade”. E vai mais longe – “Há quem não queira pagar tratamentos na clínica porque as pessoas pensam que tem de ser de borla, dizem que a Câmara ajuda a associação, e portanto as pessoas não devem pagar, mas a autarquia apenas comparticipa as despesas do canil”. Mesmo assim e apesar de tudo “o concelho reconhece o nosso trabalho”.
A adoção animal tem conseguido bons resultados nesta associação com pessoas não apenas do concelho mas um pouco de toda a parte que vêm ao canil à procura de um novo amigo. “Temos um horário da parte da tarde para que as pessoas o façam, das 15h00 às 17h00”. Em outubro deram entrada no canil 71 animais e foram dados 50. Com uma vida dedicada aos direitos dos animais, Veladimiro Elvas deixa a reflexão de quem anda há muito tempo nestas andanças e uma espécie de conselho aos mais novos: “Não podemos querer ser uma arca de noé, é impossível salvarmos todos os animais do mundo, se queremos fazer tudo e mais alguma coisa, vamos quebrar e temos de parar porque assim prejudicamo-nos a nós e a eles”.
A Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo (APAAC) assenta na gestão de um canil (foto acima) em conjunto com a Câmara do Cartaxo que financia em 4 mil 500 euros por mês a estrutura que possui 93 cães. A APAAC possui ainda uma clínica privada de veterinária que presta gratuitamente os serviços de esterilização e chip aos animais que saem do canil, tendo como base um aumento recente do pecúlio do município à associação. Veladimiro Elvas, presidente da APAAC, diz que o trabalho da sua associação permitiu que “hoje o concelho seja livre de animais abandonados”.
Contudo diz que a APAAC tem colecionado críticas injustas, e por vezes surgem “as acusações de que não atendemos o telefone, mas as pessoas que aqui trabalham têm dia de folga, e no meu caso se necessário for levanto-me às três ou quatro da manhã para recolher um cão que possa estar com as tripas de fora, atropelado por um carro mas que ainda está vivo, e ajudar a GNR nesses casos”, diz. “Entristecem-me algumas críticas porque atendemos o telefone 24 horas por dia para as entidades, e quando a sociedade também deixa a desejar”. Desde 2003 que o abate acabou no canil, “mas lá fora continua-se a dizer que isso ainda existe mas as pessoas não são conhecedores da realidade”. E vai mais longe – “Há quem não queira pagar tratamentos na clínica porque as pessoas pensam que tem de ser de borla, dizem que a Câmara ajuda a associação, e portanto as pessoas não devem pagar, mas a autarquia apenas comparticipa as despesas do canil”. Mesmo assim e apesar de tudo “o concelho reconhece o nosso trabalho”.
A adoção animal tem conseguido bons resultados nesta associação com pessoas não apenas do concelho mas um pouco de toda a parte que vêm ao canil à procura de um novo amigo. “Temos um horário da parte da tarde para que as pessoas o façam, das 15h00 às 17h00”. Em outubro deram entrada no canil 71 animais e foram dados 50. Com uma vida dedicada aos direitos dos animais, Veladimiro Elvas deixa a reflexão de quem anda há muito tempo nestas andanças e uma espécie de conselho aos mais novos: “Não podemos querer ser uma arca de noé, é impossível salvarmos todos os animais do mundo, se queremos fazer tudo e mais alguma coisa, vamos quebrar e temos de parar porque assim prejudicamo-nos a nós e a eles”.
Comentários
Posso falar de Benavente e tudo o que está aí descrito é mentira, esse senhor nada faz nem para adopção dá, o canil está sob custodia da associação Refugio Vital e são eles que têm a preocupação de cuidar dos animais e levar ao veterinario e de fazer a trigagem para adopção. Talvez o jornaleco deveria ter sim contactado a associação e ver a veracidade das coisas.
Sara Pinheiro
Benavente
19-08-2019 às 23:45
Sara Pinheiro
Benavente
19-08-2019 às 23:45
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