A Câmara Municipal do Cartaxo aumentou ainda mais o número de dias que demora a liquidar os pagamentos a fornecedores. São dados da Direção geral das Autarquias Locais (DGAL). A Câmara paga agora em média em 468 dias aos fornecedores, quando nos primeiros meses do ano pagava em 393 em média. Uma dilatação de tempo que não deixará de fazer mossa entre os fornecedores da Câmara.
O Valor Local ouviu alguns dos habituais fornecedores do município. Fernando Lourenço da Hidrocampo, empresa dedicada ao comércio e instalação de tubagens, localizada no concelho do Cartaxo, dá conta que, nesta altura, a Câmara lhe deve cerca de 20 mil euros. “Tenho vindo a falar com os responsáveis do município, mas ainda não temos um plano de pagamentos agendado. Estou a aguardar”. O empresário salienta que embora a dívida já seja significativa, não está nos seus planos cortar, eventualmente, o crédito ao município – “Temos de ter paciência. Ainda no outro dia encomendaram materiais no valor de 500 euros. Não posso deixar de fazer negócio”, acrescenta, mais ou menos conformado com o estado de coisas.
Outra das empresas credoras da Câmara do Cartaxo é a Beltrão Coelho, em Lisboa, ligada ao ramo das fotocopiadoras. Ana Cunha daquela empresa salienta que o município deve “alguns milhares de euros”, sem conseguir precisar a exata quantia, mas tem vindo a cumprir “um plano de pagamentos”. A responsável afirma que para além do Cartaxo, há outras Câmaras na região com dificuldades em pagar a tempo e horas à empresa como Santarém e Rio Maior. “É precisa uma boa dose de boa vontade no meio de tudo isto, até porque temos de recorrer à banca para suportar os custos dos outros”.
A Ortobest, no Cartaxo, dedicada ao ramo dos produtos ortopédicos, é fornecedora da Câmara há cerca de 10 anos. Hernâni Ferreira, responsável da empresa, refere que o quadro de dívidas do município para consigo já foi mais complicado – “Já pagaram uma fatura que tinha 1000 dias. Neste momento falta pagar uma com 74 e outra com 19 dias”. “Vê-se que há um esforço da Câmara para pagar, talvez porque fornecemos material para os bombeiros”.´
Paralelamente, a Câmara deu a conhecer nos últimos dias as contas do primeiro semestre de 2014 sublinhando o esforço alcançado na diminuição da dívida perante terceiros durante os primeiros seis meses deste ano. Números de certa forma contrariados, agora, pela lista da DGAL, sinal de que o município até podia estar bem encaminhado mas acabou por borrar a pintura com mais um aumento do prazo médio de pagamento. Neste momento, a autarquia gerida por Pedro Ribeiro já demora quase tanto tempo a pagar como Paulo Varanda, que em finais de 2012 demorava 470 dias, apenas mais dois dias. Em finais de 2013, já com Pedro Ribeiro nos destinos da Câmara (mas apenas há dois meses), o prazo médio desceu para 373 dias, aumentando para 393 no final do primeiro semestre deste ano, até chegar aos atuais 468.
O presidente da Câmara do Cartaxo alega que o seu município foi penalizado neste ranking "porque as compras e aquisição de serviços estão a baixar mais depressa do que o abatimento da dívida, cerca de 17,09 por cento, enquanto a dívida desceu 1,26 e isto tem influência no cálculo da DGAL". O presidente da Câmara refere que caso não houvesse necessidade de reduzir a dívida a bancos que atingem valores elevados, tais verbas poderiam servir para atenuar a questão dos pagamentos a fornecedores. Contudo a Câmara optou por poupar um milhão de euros na aquisição de serviços a terceiros, sob pena de poder ver as contas penhoradas, tendo em conta o volume da dívida.
Sílvia Agostinho
03-11-2014
O Valor Local ouviu alguns dos habituais fornecedores do município. Fernando Lourenço da Hidrocampo, empresa dedicada ao comércio e instalação de tubagens, localizada no concelho do Cartaxo, dá conta que, nesta altura, a Câmara lhe deve cerca de 20 mil euros. “Tenho vindo a falar com os responsáveis do município, mas ainda não temos um plano de pagamentos agendado. Estou a aguardar”. O empresário salienta que embora a dívida já seja significativa, não está nos seus planos cortar, eventualmente, o crédito ao município – “Temos de ter paciência. Ainda no outro dia encomendaram materiais no valor de 500 euros. Não posso deixar de fazer negócio”, acrescenta, mais ou menos conformado com o estado de coisas.
Outra das empresas credoras da Câmara do Cartaxo é a Beltrão Coelho, em Lisboa, ligada ao ramo das fotocopiadoras. Ana Cunha daquela empresa salienta que o município deve “alguns milhares de euros”, sem conseguir precisar a exata quantia, mas tem vindo a cumprir “um plano de pagamentos”. A responsável afirma que para além do Cartaxo, há outras Câmaras na região com dificuldades em pagar a tempo e horas à empresa como Santarém e Rio Maior. “É precisa uma boa dose de boa vontade no meio de tudo isto, até porque temos de recorrer à banca para suportar os custos dos outros”.
A Ortobest, no Cartaxo, dedicada ao ramo dos produtos ortopédicos, é fornecedora da Câmara há cerca de 10 anos. Hernâni Ferreira, responsável da empresa, refere que o quadro de dívidas do município para consigo já foi mais complicado – “Já pagaram uma fatura que tinha 1000 dias. Neste momento falta pagar uma com 74 e outra com 19 dias”. “Vê-se que há um esforço da Câmara para pagar, talvez porque fornecemos material para os bombeiros”.´
Paralelamente, a Câmara deu a conhecer nos últimos dias as contas do primeiro semestre de 2014 sublinhando o esforço alcançado na diminuição da dívida perante terceiros durante os primeiros seis meses deste ano. Números de certa forma contrariados, agora, pela lista da DGAL, sinal de que o município até podia estar bem encaminhado mas acabou por borrar a pintura com mais um aumento do prazo médio de pagamento. Neste momento, a autarquia gerida por Pedro Ribeiro já demora quase tanto tempo a pagar como Paulo Varanda, que em finais de 2012 demorava 470 dias, apenas mais dois dias. Em finais de 2013, já com Pedro Ribeiro nos destinos da Câmara (mas apenas há dois meses), o prazo médio desceu para 373 dias, aumentando para 393 no final do primeiro semestre deste ano, até chegar aos atuais 468.
O presidente da Câmara do Cartaxo alega que o seu município foi penalizado neste ranking "porque as compras e aquisição de serviços estão a baixar mais depressa do que o abatimento da dívida, cerca de 17,09 por cento, enquanto a dívida desceu 1,26 e isto tem influência no cálculo da DGAL". O presidente da Câmara refere que caso não houvesse necessidade de reduzir a dívida a bancos que atingem valores elevados, tais verbas poderiam servir para atenuar a questão dos pagamentos a fornecedores. Contudo a Câmara optou por poupar um milhão de euros na aquisição de serviços a terceiros, sob pena de poder ver as contas penhoradas, tendo em conta o volume da dívida.
Sílvia Agostinho
03-11-2014
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