Entrevista Pedro Ribeiro
Cartágua e “a mentira de Paulo Varanda” Presidente da Câmara não prevê pedir o resgate da concessão
Sílvia Agostinho
28-06-2016 às 22:27 O dossier Cartágua que mergulhou num impasse logo após a tomada de posse de Pedro Ribeiro (na foto), em 2013, o autarca diz-se de “consciência muito tranquila”. Acusado de manter um braço de ferro com a concessionária privada que um dia ainda pode resultar em custos muito superiores aos da atualização do tarifário prevista no contrato (cinco por cento ao ano durante seis anos), Pedro Ribeiro justifica-se e refere que não consegue compactuar com “a mentira de Paulo Varanda”. “O engenheiro Paulo Varanda deveria ter tido a coragem de falar nos 30 por cento de aumento no comunicado que distribuiu à população em ano de eleições. Mentiu e de forma habilidosa alegou que o aumento apenas correspondia à taxa de inflação”. Para além disso “afastou os serviços e os técnicos da Câmara da discussão do documento”. Ao longo dos últimos dois anos e meio, a Cartágua tem recusado comentar este braço de ferro e tem-se escudado no mais profundo silêncio. O Valor Local em mais do que uma ocasião junto do assessor de imprensa e de Artur Vidal tem procurado esclarecimentos constantemente negados, com a empresa a alegar apenas que continua a negociar com a Câmara. “Compreendo o silêncio da Cartágua, até porque já nos reteve 690 mil euros de rendas”. Confrontado se este valor assim retido também não afeta em última análise os munícipes, atrasando ainda mais questões como a dívida da autarquia, e a possibilidade de fazer mais pelos cidadãos do concelho, Pedro Ribeiro refere que “é pior ter um contrato que prevê aumentos não fundamentados”, “uma espécie de cheque em branco à concessionária”. “A troco de quê se mente assim aos cartaxeiros, será que era por ser ano de eleições”, atira. Como é sabido a autarquia logo em 2013, após as eleições pediu uma fundamentação à Cartágua sobre os valores, sendo que a mesma só chegou à mesa do presidente da Câmara “na semana passada”. Por seu turno, a Câmara ao longo deste processo também diligenciou um estudo, efetuado por um especialista em águas com “um currículo imaculado”. Questionado ao longo desta entrevista sobre qual a conclusão, Pedro Ribeiro opta por não abrir o jogo e não quer falar sobre quais os valores concretos a que se chegou, dizendo apenas que são “números muito abaixo dos da Cartágua”. “Não quero fazer politiquice em praça pública”, defende-se. Apesar de toda a celeuma, certo é que existe um contrato assinado e do qual a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) não teceu grandes considerações de ordem económica, e que foi aprovado pela entidade: “Nesse aspeto, devo dizer que a ERSAR, e segundo o que me foi dito pela mesma apenas se pronuncia sobre a fórmula. Quando há acordo das partes não interfere, mas sublinho contudo que os responsáveis da mesma ficaram muito admirados por não existir um parecer técnico a validar os inputs”, contrapõe. O impacto da concessão é ainda de “6,9 milhões de euros de rendas a menos para o município”. Pedro Ribeiro sintetiza: “Se porventura a empresa se sente prejudicada por que razão não nos entregou logo as contas do factor Z, que à partida já deveriam estar feitas. Só agora é que chegaram às nossas mãos?”, interroga-se. Já passaram quase três anos desde a assinatura do contrato, e confrontado se à luz atual os números já não teriam alguma razão de ser, Ribeiro diz que “temos um casamento de 30 anos com a concessionária, e se tivermos de aumentar os tarifários que isso seja feito, pelo menos, de uma forma mais diluída”. “Só quero pagar o que é justo. Não vou esconder nada dos cartaxeiros. Se for trinta por cento, vamos discutir o tempo do acerto, tentar que seja não em seis anos, mas em dez por exemplo”. Havendo abertura da Cartágua para que isso seja feito. Rasgar o contrato apesar de todas as críticas e dificuldades, “nunca esteve em cima da mesa” salienta o autarca, dizendo que essa decisão nada tem a ver com uma provável indemnização avultada a pagar à empresa – “Apenas queremos transparência!” Notícias Relacionadas Comissão do FAM visita Cartaxo e fica surpreendida com atraso do concelho
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