Falta de médicos em Benavente continua a ser gritante
Santo Estevão perde clínico. Maioria dos médicos que se vai embora são do norte do país e abandonam concelho mal conseguem vaga perto das suas localidades
| 25 Fev 2022 11:28
Sílvia Agostinho A falta de médicos de família no concelho de Benavente continua a ser gritante. Recentemente e depois de um esforço, a extensão de saúde de Santo Estevão ficou também sem clínico. Em entrevista ao Valor Local, o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, refere que o profissional de saúde regressou à sua terra de origem, os Açores, e esse tem sido mais ou menos o mesmo tipo de desfecho para os clínicos que têm passado pelo concelho – “São na sua maioria do norte, ainda muito jovens, e querem arranjar trabalho mais perto de casa”.
Neste momento, a autarquia tenta captar mais um médico para a extensão de saúde em causa junto de uma médica da Santa Casa da Misericórdia de Benavente, porque, neste momento, “não se consegue contratar médicos através de empresas de trabalho temporário”. “O ideal seria termos 40 horas semanais em Santo Estevão mas será difícil, queremos pelo menos verificar se a médica consegue estar na extensão de saúde algumas horas”. À semelhança de outros concelhos em Benavente também está em preparação um protocolo de incentivos que está à espera de ser aprovado em assembleia municipal que deverá passar por apoio no pagamento de renda de casa, entre outras benesses. No centro de saúde de Benavente e para um horizonte de 11 mil utentes, a unidade apenas dispõe de dois médicos quando seriam necessários quatro. As falhas acabam por ser colmatadas com as consultas de recurso, “o que não é o desejável”. Em Samora Correia não há carências porque sendo uma Unidade de Saúde Familiar de modelo B tem tido capacidade para ser atrativa quanto aos clínicos, “onde praticamente todos os utentes têm médico de família, porque os salários praticados são mais altos”. A Câmara tentou que a USF de Samora pudesse através dos seus profissionais gerir o centro de saúde de Benavente “mas foi nos dito que não teriam condições”. O autarca lembra que esta é uma luta de anos, e atribui fundamentalmente o êxodo de médicos do concelho devido à questão de não serem oriundos desta região, apesar de estar às portas de Lisboa. “São na sua maioria do Norte e não têm perspetiva de se fixarem, querem aproximar-se das suas localidades, e assim que têm uma oportunidade vão-se embora. De acoro com os dados, a zona norte do país, por exemplo, não tem carências de clínicos”. “Lembro-me que andámos a negociar com quatro médicas que estavam no concurso, fizemos de tudo para que se estabelecessem no concelho, mas como eram da zona de Aveiro e de outras mais a norte acabaram por desistir”. O presidente da Câmara de Benavente encontra-se na expetativa assim como os demais autarcas da região face à promessa de criação de mais unidades de saúde familiares para fazer face ao caos na saúde, “tornando as carreiras também mais atrativas” por parte da tutela. “Propusemos medidas que passassem pela contratação de médicos no estrangeiro, ao que a ministra disse que era uma solução identificada” e que já foi usada no passado. |
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