Feira de Maio
Câmara e Junta de Azambuja não se entenderam para a limpeza final das ruas Areia e sujidade vão permanecendo nas ruas
Sílvia Agostinho
08-06-2016 às 23:31 Após o fim da edição deste ano da Feira de Maio, foi com muita dificuldade que as principais artérias da vila de Azambuja se viram livres da areia espalhada ao longo de todo o espaço onde se realizam as esperas de touros. Sendo que em alguns locais, vários filetes de areia ainda persistem. Ao contrário dos últimos anos, em que de uma forma ou de outra se conseguia fazer face à questão, este ano foi necessário o tanque dos bombeiros percorrer diversas vezes as ruas em causa para tentar minorar os efeitos. A falta de pessoal é indicada como uma das causas, até porque este ano, a junta de freguesia de Azambuja não colocou os seus elementos adstritos à limpeza na ação que tem lugar após o fim de festa, já na madrugada de terça-feira.
Em reunião de Câmara, o vereador da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, na autarquia, Jorge Lopes, colocou a questão, lamentando a falta de meios humanos, e o estado em que as ruas ficaram. O autarca frisou que uma das causas se devia à falta de articulação entre a Câmara e a junta de Azambuja. Luís de Sousa, presidente da Câmara reconheceu que não conseguiu chegar a entendimento com Inês Louro, presidente da junta. Ao Valor Local, a presidente da junta refere que quando se iniciaram as reuniões entre as duas autarquias em que estiveram presentes também as forças de segurança, bombeiros, entre outras entidades, sublinhou que apenas participaria na limpeza final mediante a observação de uma ou outra condição, "até porque não é obrigatória a participação da junta, dado tratar-se de uma festa camarária", e também porque não estava disponível para enfrentar determinados cenários, uma vez as equipas de limpeza da junta nas ruas - "No ano passado, as coisas correram muito mal. Há que ter dignidade no início mas também no fim da feira. Pedimos em diversas ocasiões, durante a limpeza de 2015, para não regarem a areia e não houve respeito por isso, até tendo em conta que estávamos a pagar o aluguer de uma aspiradora." A junta que salienta ter participado, ainda assim, na limpeza, este ano, do touro à corda, e durante o fim de semana, refere que colocou como garantia para estar nas limpezas da madrugada de segunda para terça, a opção por uma de três condições por parte do município: a entrega de um subsídio extraordinário de limpeza pela Câmara, "como de resto costuma fazer com outras juntas de freguesia e não o faz com a nossa"; "delegar a competência em causa através da contratação de um serviço, de modo a não enfrentarmos dificuldades jurídicas como a figura do decréscimo contratual" - (que poderia impedir a junta de fazer este trabalho); ou em última análise, "a compra de uma aspiradora para o efeito". Inês Louro diz que lembrou em diversas ocasiões as suas condições junto do executivo e de Luís de Sousa, e que no caso de não serem observadas não participaria na limpeza, como foi o caso. Em declarações ao nosso jornal, Luís de Sousa refere que não podia estar em cima da mesa a aquisição de uma nova varredoura, até porque vai mandar reparar a existente, que rondará os 20 mil euros, dizendo-se disposto a cedê-la à junta. O autarca reconheceu em reunião de Câmara as dificuldades na limpeza das ruas, tendo valido ao município a disponibilização de uma máquina de limpeza por parte do município de Arruda dos Vinhos. O autarca mostrou-se ainda surpreendido com o pedido de subsídio extraordinário, que a presidente de junta diz ser normalmente atribuído a outras freguesias no caso das limpezas. "Espero que a senhora presidente de junta me diga quais são essas juntas". Com vontade de colocar água na fervura, Luís de Sousa acrescentou - "Estou disponível para conversarmos, não tenho qualquer problema com a senhora presidente. Somos do mesmo partido. Não quero fazer disto um cavalo de batalha". Junta pede pagamento de 36 mil euros à Câmara Inês Louro entende que a Câmara deveria tratar a junta da sede de concelho de outra forma no que toca não apenas aos subsídios mas também na questão da disponibilização de funcionários que estavam estipulados no protocolo de transferência de competências. Até ao momento apenas foi cedido um trabalhador, faltando dois, que seriam importantes para a limpeza das ruas. Inês Louro diz-se cansada de esperar e como tal oficiou à Câmara para que transfira para a junta 36 mil euros correspondentes a ano e meio de vencimentos (com base no salário mínimo), subsídios, e outras regalias dos dois trabalhadores que nunca chegaram à junta. "Porque já não acredito que alguma vez esses meios humanos nos sejam disponibilizados". Confrontado com este expediente, Luís de Sousa diz apenas que foi enviado para análise jurídica. O presidente da Câmara alega que também não tem funcionários suficientes para transferir para a junta, sendo que numa altura em que essa possibilidade esteve em aberto acabou por não se efetivar porque a pessoa destacada para a posição no quadro de trabalhadores da junta não quis. Depois disso, as duas autarquias nunca conseguiram acertar agulhas, com a limpeza das ruas a ser volta e meia motivo de conversa entre fregueses e munícipes nos últimos anos, e não apenas durante este episódio da Feira de Maio.
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