Hospital de Vila Franca de Xira com projeto novo para os cuidados intensivos
O Valor Local quis saber quais os principais casos que chegam a este serviço, inaugurado em 2013, que tipo de acompanhamento é prestado e qual o posicionamento desta unidade face aos desafios para o futuro.
Sílvia Agostinho 02-09-2016 às 11:00
Clínico perspetiva o futuro dos CI
Um dos principais objetivos desta unidade especial, de acordo com o médico responsável por este serviço, João Gonçalves Pereira, consiste em implementar uma articulação entre a urgência, o internamento e os cuidados intensivos, “algo que ainda não existe da maneira como estamos a propor no nosso país”. Para isso o hospital necessitaria de juntar mais cinco médicos da área dos cuidados intensivos aos sete já existentes naquele hospital.
O clínico refere que a ideia passa por tornar ainda mais dinâmica a circulação de doentes entre as três áreas acima descritas, “com a possibilidade de a urgência poder beneficiar do know how dos cuidados intensivos”, ou seja “podermos ter uma porta ainda mais clara e uma resposta ainda mais imediata a dar aos doentes graves com estratégias como as preconizadas pela Direção Geral de Saúde – as vias verdes, e as próprias estratégias do hospital”. No fundo o que pretendemos é “tratar, orientar e cuidar precocemente o doente”.
Atualmente, o Hospital de Vila Franca de Xira dispõe de 12 camas nos cuidados de nível II ou intermédios e 8 no nível III ou intensivos, numa lógica de gestão integrada. O nosso país apresenta um dos mais baixos rácios de camas nos cuidados intensivos. A maioria das situações de internamento, neste hospital, nos cuidados intensivos reportam-se a casos como os de bronquite crónica agudizada, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, descompensação diabética, patologia isquémica coronária e sépsis. No geral é a população mais idosa, na casa dos 65 anos, a mais atingida por episódios daquele género, “mas também temos muitos casos acima dos 80 anos de idade”. No caso do trauma, o hospital não está indicado para receber o doente neurocrítico que é encaminhado para Lisboa, porque a unidade não possui neurocirurgia.
Por vezes, o hospital tem-se surpreendido com a natureza de algumas ocorrências de trauma “como o caso de um homem que tentou parar uma carrinha, que não devia vir a mais de 10 quilómetros hora, e acabou espalmado contra um carro. Fez uma fratura das costelas e do baço”.
A média de internamento nos cuidados intensivos em Vila Franca de Xira é 3,4 dias, com uma taxa de ocupação a rondar em média os 80 por cento. “Temos tido capacidade para internar todos os doentes, dado o número de camas ser o suficiente”.
Quando falamos em pessoas internados em meio hospitalar, é impossível não falarmos de infeções hospitalares, e neste aspeto João Gonçalves Pereira salienta que Portugal regista taxas baixas. “Andamos na média da União Europeia”, refere. A maioria destes episódios referem-se “ao facto de metermos tubos de toda a natureza dentro das pessoas”. “A utilização de antibióticos também facilita o aparecimento de infeções por agentes resistentes. Tentamos fazer uma utilização o mais restritiva e racional possível do uso desses fármacos”.
Desafios dos Cuidados Intensivos
Um dos desafios futuros desta área em Portugal passa por se tornar uma especialidade com autonomia própria, “deixando de ser uma subespecialidade”. Até junto da própria comunicada académica há que divulgar mais e incentivar à vinda de mais clínicos para esta área, “porque o conhecimento ainda é restrito”, e “por enquanto os jovens estudantes não a procuram”.
“A população não conhece a medicina intensiva nem sabe o que ela faz, mas por exemplo o antigo presidente da Câmara de Lisboa, Joãp Soares, está vivo graças a esta área, depois de ter tido aquele acidente em África”
Comentários
Claro que teria de ser alguem como Joao soares para conhecer a medicina intensiva, Um qualquer....nao tem acesso!! Têm tido numéro de Camas suficientes? Porque 7 meses de espera quando se trata de uma urgencia?? Racionar os médicamentos, operaçoes, exames .... Para alguns