Idosos de Alverca estavam ansiosos por tomar a vacina contra a Covid-19
Começou no centro de saúde daquela localidade a vacinação das pessoas com mais de 80 anos da nossa região. Foi uma manhã de emoções
|15 Fev 2021 12:37
Sílvia Agostinho Américo Mendanha tem 94 anos e foi um dos primeiros vacinados contra a Covid-19 no Centro de Saúde de Alverca. Diz à nossa reportagem que não sentiu qualquer efeito secundário e foi com prontidão que disse logo que estava interessado em ser vacinado quando o centro de saúde o contactou a meio da passada semana. "Fiquei ao mesmo tempo muito contente e muito ansioso, porque já tenho uma certa idade", revela-nos e com boa disposição, acrescenta - "Parece que sou um bebé outra vez, não me passava pela cabeça com esta idade, ainda ter de tomar uma vacina". O futuro encara-o com otimismo "porque tem mesmo de ser assim". Com outros problemas de saúde associados à sua já longa idade, contou-nos em direto para a nossa emissão Especial Covid-19 que levámos a cabo na Rádio Valor Local que tem vivido o último ano com muitos receios.
Vive com a esposa nove anos mais nova e conta-nos que têm conseguido ultrapassar a longa pandemia porque são "muito unidos". O pior conta-nos "são as dores nas pernas". "Mal consigo andar, mas vamos vivendo, comecei na acupunctura há pouco tempo". Diz mais uma vez que estava ansioso por este dia e aconselha todos os que são da sua idade a não hesitarem quando forem contactados. A vacinação fora dos lares de idosos e outras estruturas residenciais de apoio àquela faixa etária iniciou-se na nossa região, este sábado, na sede do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, no Centro de Saúde de Alverca. Nos próximos dias deverá arrancar nos postos de vacinação instalados em cada um dos concelhos ligados ao ACES-Estuário do Tejo: Azambuja, Benavente, Alenquer, Vila Franca de Xira, e Arruda dos Vinhos. No dia da nossa reportagem estava a ser administrada a vacina da Pfizer/BioNTech. A primeira a ser disponibilizada no espaço europeu. Sofia Theriaga, diretora do ACES Estuário do Tejo, conta que apesar de mais recentemente o país ter recebido as doses da vacina da Astrazeneca/Oxford, optou-se pela da Pfizer dado que até há escassos dias não havia certezas da eficácia da congénere em pessoas com mais de 65 anos, que resultou da colaboração entre aquela universidade britânica e a farmacêutica em questão. OUÇA O NOSSO DIRETO DO CENTRO DE SAÚDE DE ALVERCA
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Pilar do Vale, com 93 anos veio à vacina por conselho da neta. Há várias semanas que não saía de casa, e no sábado ela como muitos outros idosos da freguesia acabaram por não enjeitar esta oportunidade. Paula Falcão, nora, refere que "a sogra não estava com muita vontade". Contudo "não pensámos duas vezes em vir aqui. Tomara que as vacinas cheguem para todos para que consigamos retomar a nossa vida normal". Até à data os contactos têm sido o mais limitados possível e já há muito tempo que a sogra "não saía de casa". "Correu tudo bem, sentiu-se um pouco tonta quando tomou a vacina mas penso que tenha sido mais ansiedade do que outra coisa". Ao lado, uma outra idosa que aguardava para regressar a casa, estando a cumprir a meia hora de espera prescrita após a toma da vacina, era mais entusiástica : "Estou a sentir-me otimamente bem. Foi muito bom tomar a vacina".
Armandina Soares estava com a mãe já com 93 anos, e conta que o processo foi muito rápido - "Praticamente nem esperámos tempo nenhum". Não houve reações à vacina e agora esta família só espera pelo dia em que a mãe possa finalmente voltar a abraçar "as bisnetas". Foi a pensar nisso que não hesitou - "Pelo poucos anos de vida que lhe restam que possa novamente abraçar a família". Armandina Soares conta que teve de ir viver para casa da mãe depois da morte do pai há seis meses. Não foi por Covid-19, mas não conseguiu ver o corpo do pai, devido às regras impostas pela Direção Geral de Saúde que proibiam a abertura dos caixões. Também neste caso, a idosa já não saía de casa há muito tempo, desde o Natal. Sofia Theriaga, diretora do ACES - "Ninguém vai ficar de fora da vacinação contra a Covid-19"
Para Sofia Theriaga o arranque da vacinação no centro de saúde foi mais um "marco". Foram convocadas as pessoas mais idosas da freguesia e na sua larga maioria responderam afirmativamente à chamada. Por parte dos utentes reconhece "um misto de alegria e de ansiedade" extensível aos profissionais do centro de saúde. A quantidade de vacinas que o país, e neste caso em concreto o ACES- Estuário do Tejo, dispõe ainda não é a suficiente para que entrem em pleno funcionamento os postos de vacinação instalados nos vários pavilhões de cada concelho. "Estamos super motivados, é só questão de as vacinas chegarem em número suficiente para abrirmos a porta desses mega postos de vacinação. Queremos muito ser bem sucedidos nesta matéria. Só precisamos que as vacinas sejam em número suficiente que vacinaremos de segunda a domingo", demonstra, enfatizando - "Ganhámos no último ano uma capacidade enorme de resiliência. Só queremos que venham as vacinas e é andar para a frente". Sofia Theriaga junta ainda que, nesta altura, os secretários clínicos em articulação com os autarcas, presidentes de Câmara e de junta, estão "a fazer um trabalho muito exaustivo" no sentido de ninguém ficar de fora da vacinação. Para isso é necessário um bom conhecimento do terreno em cada um dos cinco concelhos. "Passamos o dia inteiro a confirmar contactos e a pedir ajuda às juntas de freguesia sempre que haja dúvidas nalgum contacto, e a tentar criar meios e pontes com quem possa estar mais isolado. Ninguém vai ficar para trás, porque esse é o nosso trabalho nos cuidados de saúde primários. Vamos fazer todos os esforços. Garantidamente ninguém vai ficar de fora". |
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