Infraestruturas de Portugal prepara revolução em Vila Franca tendo em vista a passagem do TGV
A atual estação da CP de Alhandra será para demolir, parte do Jardim Constantino Palha, na sede de concelho, será afetado e pode desaparecer, assim como, um conjunto de casas que será sujeito a expropriação, mais um leque assinalável de árvores a arrancar, sobretudo em Alhandra
| 24 Maio 2023 15:08
Sílvia Agostinho A quadruplicação da linha de caminho de ferro entre Vila Franca de Xira e Alhandra vai mesmo avançar. Segundo estima a Infraestruturas de Portugal (IP), a obra deverá ir para o terreno depois de sujeita a Avaliação de Impacte Ambiental de todo o projeto. Até 2030 a linha de alta velocidade que liga Lisboa ao Porto deverá entrar em funcionamento. Este é um desígnio que integra o Plano Nacional de Investimentos 2030 e que tem um custo de 3,5 milhões de euros. Representantes da IP estiveram presentes numa reunião de câmara extraordinária de Vila Franca de Xira, no início do mês, onde deram a conhecer, entre outros aspetos do projeto, que a atual estação da CP de Alhandra será para demolir, parte do Jardim Constantino Palha, na sede de concelho, será afetado e pode desaparecer, assim como, um conjunto de casas que será sujeito a expropriação, mais um leque assinalável de árvores a arrancar, sobretudo em Alhandra. Os responsáveis da IP enfatizaram que haverá mais e melhor transporte ferroviário, novas possibilidades de ligação ao transporte rodoviário e mais lugares de estacionamento nas duas localidades do concelho afetadas.
Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, e Manuel Gil, gestor do projeto, referiram que a intervenção a ter lugar no concelho de Vila Franca de Xira terá um grande impacte nas ligações de alta velocidade entre as duas principais cidades do país, dado que atualmente o maior foco de congestionamento no tráfego ferroviário acontece sobretudo à passagem por aquele concelho afetando assim os cerca de 1600 comboios de passageiros e mercadorias que todos os dias utilizam a Linha do Norte. Com a nova linha em perspetiva, o objetivo é que se faça a ligação entre Lisboa e o Porto em uma hora e 15 minutos. O TGV terá paragem nas estações de Campanhã, Aveiro, Coimbra B, Leiria e Lisboa (Gare do Oriente), e será compatível com o futuro aeroporto e a terceira travessia do Tejo. Segundo o projeto apresentado pelos técnicos da IP, será para demolir a atual estação da CP na localidade de Alhandra, e a nova será construída sobrelevada às vias. Haverá ainda necessidade de utilização de um espaço onde permanecem algumas casas devolutas da Cimpor para dar lugar a um parque de estacionamento, com 33 lugares a nascente e 215 a poente. Já em Vila Franca de Xira perspetiva-se construir uma nova estação da CP que garanta “novas acessibilidades rodoviárias francas”, com uma nova praça e uma toda uma centralidade que vai mudar a face daquela zona da cidade. A estação vai contemplar ainda espaços comerciais. A atual estação será uma espécie de núcleo museológico. Serão criados na envolvente 65 lugares de estacionamento. Contudo a IP prevê que todo o projeto alavanque o estacionamento no geral e dos atuais 372 passem a ser 751 lugares.
Já quanto à passagem de nível junto ao cais, o projeto prevê a sua supressão, sendo que a solução que está mais perto de ser consensual por parte da IP aponta sobretudo para a construção de uma passagem superior de mobilidade suave em espiral de uma ponta à outra da rua, na zona onde hoje se realizam as esperas de touros, a escassos metros da praça de touros. O acesso ao cais onde hoje se encontra também a Fábrica das Palavras seria acessível apenas às viaturas de socorro, dado que será fundamental para o projeto conquistar a área de estacionamento existente tendo em vista o desígnio da quadruplicação da via. Será ainda necessário proceder-se à expropriação de alguns moradores residentes naquela zona da cidade. O abate de árvores será uma das faces visíveis do projeto, cerca de 160 no total, e durante a apresentação, o presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, expressou a sua preocupação, tendo em conta que uma das importantes cortinas arbóreas da vila pode vir a ser derrubada com este projeto. Também o presidente da Câmara de Vila Franca, Fernando Paulo Ferreira, solicitou que a IP assinale devidamente na sua documentação quais as zonas de incidência neste arranque de árvores. Foi garantido por parte do organismo do Estado que se prevê a replantação com novos exemplares muito além das 160 árvores. A IP garantiu ainda face às questões da oposição PSD, Chega e CDU, e de alguns populares, que embora o comboio de alta velocidade não pare na estação de Vila Franca, o concelho vai beneficiar por via indireta do aumento do número de composições suburbanas, numa espécie “de metro à superfície com comboios de cinco em cinco minutos”. Foi garantido ainda que os níveis de ruído não serão amplificados com a quadruplicação, dada a tecnologia utilizada nos novos comboios. “O próprio material circulante já reduz o ruído e este não será superior ao que já existe”, apesar do aumento do número de composições em perspetiva. Os proprietários que podem vir a ser alvo de expropriação serão contactados em tempo oportuno, durante 2025, e será o tribunal a decidir sobre qual o valor das indemnizações. Para Carlos Fernandes, o que está em cima da mesa “é seguramente melhor do que aquilo que tínhamos no passado, que previa a construção de um novo troço que rasgava completamente Vila Franca de Xira”. Já o presidente da Câmara de Vila Franca apelou a uma minimização dos impactes, e que o projeto do TGV não se faça às custas do sacrifício deste concelho. “Deve ser minimizado o ruído, acauteladas e até aumentadas as ligações a Lisboa a partir da Castanheira, devemos ter aqui no concelho uma periodicidade e uma rapidez como se de um verdadeiro metro se tratasse”. Depois desta apresentação, o tema levantou celeuma numa reunião de Câmara posterior com a CDU e o PSD a lamentarem que o projeto possa vir a destruir as vivências ribeirinhas de Vila Franca com as zonas do jardim Constantino e da beira rio a serem as mais afetadas, pelo que o município, no entender daquelas forças políticas, deve fazer o que estiver ao seu alcance para que Vila Franca não pague a fatura do desenvolvimento do país à custa das servidões inerentes ao projeto do TGV. Fernando Paulo Ferreira referiu que aguarda pelo envio de mais documentação por parte da IP, mas que partilha das mesmas preocupações. |
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