Desemprego: Somos todos Opel Portugal
Por Pedro Félix, psicólogo
http://pedrofelix.weebly.com
A 21 de dezembro de 2006, o encerramento da Opel Portugal, em Azambuja, empurrou 1100 trabalhadores para o desemprego, ficando catalogados e associados à fábrica mesmo depois do encerrar de portas como “Desempregados da Opel”.
Mais de 60% destes trabalhadores passaram de “categoria” de Desempregados a Desempregados de Longa Duração, afetando sobretudo os menos qualificados.
Fazendo face à sua nova realidade, passando à procura de oportunidades de emprego, encontraram um mercado de trabalho com pouca capacidade para os reintegrar e em que as condições oferecidas eram em geral bastante precárias.
Apesar de ter afetado famílias de 10 concelhos, o concelho de Azambuja foi numericamente o mais afetado, atirando a Azambuja para lugares cimeiros no que diz respeito às taxas de desemprego.
O encerramento da Opel foi para muitos um primeiro grande confronto com a realidade do desemprego e com a realidade do impacto deste na vida das pessoas e das famílias.
Hoje em dia, passados mais de 7 anos do encerramento da Opel Portugal, continua-se a conviver com esta preocupação constante que nos afeta a todos, o desemprego.
Este artigo poderia ser sobre um conjunto de mais de um milhar de pessoas desempregadas devido ao encerramento da Opel, mas não é! É sobre todos nós que continuamos a viver a problemática do desemprego.
Sim, todos nós! O desemprego afeta-nos a todos, sem exceção, pois direta ou indiretamente o desemprego tem o seu impacto a nível individual, tem repercussões nos outros, na família nuclear, na família alargada, nas relações profissionais, na vida social, …, em todos os campos da vida de um indivíduo.
O que muitos sentiram aquando do encerramento de uma das fábricas mais importantes do concelho sente-se de uma forma generalizada, não só no nosso concelho, como no resto do país. Somos todos Opel Portugal?
A nível nacional as taxas de desemprego atingiram níveis muito elevados, abalando o equilíbrio emocional das pessoas afetadas por ele.
O Desemprego é um dos acontecimentos que mais afeta o bem-estar e a saúde mental de um indivíduo. O mercado de trabalho atual é cada vez mais incerto, pautado por flutuações e descontinuidades, sendo que o conceito de empregabilidade é agora muito diferente do conceito que lhe estava associado há uma década.
Embora o custo económico do desemprego seja elevado, não há valor monetário que traduza adequadamente o custo humano e psicológico de longos períodos de desemprego, principalmente do desemprego persistente e involuntário.
Este desemprego prolongado tem impacto, como já foi referido, no bem-estar e na saúde mental de um indivíduo e muitas vezes mostra a sua “cara” na forma de transtornos mentais leves, depressão, diminuição da autoestima, sentimento de frustração e insatisfação com a vida, dificuldades cognitivas, entre outras consequências que vão para além das fronteiras do indivíduo. Estão também associados o aumento dos casos de violência conjugal, comportamentos desviantes, alcoolismo, consumo de drogas e um novo conceito de pobreza, a qual podemos denominar de “ pobreza envergonhada”. No contexto da família, o desemprego provoca desestruturação e desorganização familiar, sendo as crianças as principais vítimas desta situação.
Arriscaria, então, afirmar que as taxas de desemprego elevadas são muito mais do que um problema económico, são um problema psicológico e social que nos afeta todos.
Para esta problemática não existem soluções rápidas, nem este artigo pretende ensaiar qualquer solução sobre como pôr fim ao desemprego. Todavia é possível, a nível individual, atenuar o sentimento de desespero de quem se encontra a passar por esta conjuntura e aumentar as possibilidades de maior sucesso.
Provavelmente o mais importante e exigente é não nos deixarmos invadir por um pensamento negativo e destrutivo e continuar a procurar trabalho com insistência. Para além da insistência, é importante definir bem os nossos objetivos, nunca perder o foco daquilo que se quer, pois, “quem não sabe para onde vai nenhum vento lhe corre de feição”. Estes objetivos têm de ser muito bem definidos e específicos, baseados num grande autoconhecimento e numa profunda pesquisa das oportunidades e ameaças do mercado de trabalho. Um outro caminho pode passar por nos reinventarmos e alargarmos ou modificarmos o nosso foco, procurando adquirir competências para poder almejar uma área de trabalho diferente e com mais oportunidades do que ameaças.
Do mesmo modo, é também muito importante, tendo em consideração a questão da autoestima e do networking, não perder contactos, não se fechar, não se esconder, evitar o isolamento.
Seguindo a máxima de “mente sã em corpo são”, devemos criar um programa de treino físico, mental e de relaxamento, não caindo em inércia, aumentando a capacidade de organização do pensamento e contribuindo para um bem-estar físico e psicológico.
Existem muitos livros e artigos que focam estas problemáticas, muitos deles com bons conselhos e orientações, no entanto tratam-se de orientações de carácter geral. Em muitos casos, as especificidades de cada um exigem uma orientação mais específica e nesses casos é conveniente procurar apoio e acompanhamento psicológico, coaching ou aconselhamento de carreira.
05-02-2015
Por Pedro Félix, psicólogo
http://pedrofelix.weebly.com
A 21 de dezembro de 2006, o encerramento da Opel Portugal, em Azambuja, empurrou 1100 trabalhadores para o desemprego, ficando catalogados e associados à fábrica mesmo depois do encerrar de portas como “Desempregados da Opel”.
Mais de 60% destes trabalhadores passaram de “categoria” de Desempregados a Desempregados de Longa Duração, afetando sobretudo os menos qualificados.
Fazendo face à sua nova realidade, passando à procura de oportunidades de emprego, encontraram um mercado de trabalho com pouca capacidade para os reintegrar e em que as condições oferecidas eram em geral bastante precárias.
Apesar de ter afetado famílias de 10 concelhos, o concelho de Azambuja foi numericamente o mais afetado, atirando a Azambuja para lugares cimeiros no que diz respeito às taxas de desemprego.
O encerramento da Opel foi para muitos um primeiro grande confronto com a realidade do desemprego e com a realidade do impacto deste na vida das pessoas e das famílias.
Hoje em dia, passados mais de 7 anos do encerramento da Opel Portugal, continua-se a conviver com esta preocupação constante que nos afeta a todos, o desemprego.
Este artigo poderia ser sobre um conjunto de mais de um milhar de pessoas desempregadas devido ao encerramento da Opel, mas não é! É sobre todos nós que continuamos a viver a problemática do desemprego.
Sim, todos nós! O desemprego afeta-nos a todos, sem exceção, pois direta ou indiretamente o desemprego tem o seu impacto a nível individual, tem repercussões nos outros, na família nuclear, na família alargada, nas relações profissionais, na vida social, …, em todos os campos da vida de um indivíduo.
O que muitos sentiram aquando do encerramento de uma das fábricas mais importantes do concelho sente-se de uma forma generalizada, não só no nosso concelho, como no resto do país. Somos todos Opel Portugal?
A nível nacional as taxas de desemprego atingiram níveis muito elevados, abalando o equilíbrio emocional das pessoas afetadas por ele.
O Desemprego é um dos acontecimentos que mais afeta o bem-estar e a saúde mental de um indivíduo. O mercado de trabalho atual é cada vez mais incerto, pautado por flutuações e descontinuidades, sendo que o conceito de empregabilidade é agora muito diferente do conceito que lhe estava associado há uma década.
Embora o custo económico do desemprego seja elevado, não há valor monetário que traduza adequadamente o custo humano e psicológico de longos períodos de desemprego, principalmente do desemprego persistente e involuntário.
Este desemprego prolongado tem impacto, como já foi referido, no bem-estar e na saúde mental de um indivíduo e muitas vezes mostra a sua “cara” na forma de transtornos mentais leves, depressão, diminuição da autoestima, sentimento de frustração e insatisfação com a vida, dificuldades cognitivas, entre outras consequências que vão para além das fronteiras do indivíduo. Estão também associados o aumento dos casos de violência conjugal, comportamentos desviantes, alcoolismo, consumo de drogas e um novo conceito de pobreza, a qual podemos denominar de “ pobreza envergonhada”. No contexto da família, o desemprego provoca desestruturação e desorganização familiar, sendo as crianças as principais vítimas desta situação.
Arriscaria, então, afirmar que as taxas de desemprego elevadas são muito mais do que um problema económico, são um problema psicológico e social que nos afeta todos.
Para esta problemática não existem soluções rápidas, nem este artigo pretende ensaiar qualquer solução sobre como pôr fim ao desemprego. Todavia é possível, a nível individual, atenuar o sentimento de desespero de quem se encontra a passar por esta conjuntura e aumentar as possibilidades de maior sucesso.
Provavelmente o mais importante e exigente é não nos deixarmos invadir por um pensamento negativo e destrutivo e continuar a procurar trabalho com insistência. Para além da insistência, é importante definir bem os nossos objetivos, nunca perder o foco daquilo que se quer, pois, “quem não sabe para onde vai nenhum vento lhe corre de feição”. Estes objetivos têm de ser muito bem definidos e específicos, baseados num grande autoconhecimento e numa profunda pesquisa das oportunidades e ameaças do mercado de trabalho. Um outro caminho pode passar por nos reinventarmos e alargarmos ou modificarmos o nosso foco, procurando adquirir competências para poder almejar uma área de trabalho diferente e com mais oportunidades do que ameaças.
Do mesmo modo, é também muito importante, tendo em consideração a questão da autoestima e do networking, não perder contactos, não se fechar, não se esconder, evitar o isolamento.
Seguindo a máxima de “mente sã em corpo são”, devemos criar um programa de treino físico, mental e de relaxamento, não caindo em inércia, aumentando a capacidade de organização do pensamento e contribuindo para um bem-estar físico e psicológico.
Existem muitos livros e artigos que focam estas problemáticas, muitos deles com bons conselhos e orientações, no entanto tratam-se de orientações de carácter geral. Em muitos casos, as especificidades de cada um exigem uma orientação mais específica e nesses casos é conveniente procurar apoio e acompanhamento psicológico, coaching ou aconselhamento de carreira.
05-02-2015
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