Opinião Augusto Moita: "O Futuro do Ensino Sénior""Relativamente ao “Ensino Sénior” ministrado nas U/AS’s, tenho a perceção de que será nas próximas décadas (futuro mais ou menos próximo), bem mais exigente, dado o surgimento de uma população sénior cada vez mais informada e escolarizada"
08-11-2018 às 15:14
![]() Caros leitores:
Na rentrée de mais um ano letivo e por amável convite do diretor deste mensário, Miguel Rodrigues, sou a escrever sobre uma temática que me é particularmente “cara”: o «ensino sénior». Corporizando este artigo de opinião, começo por enunciar os três pilares fundamentais que, na minha ótica, consubstanciam a sustentabilidade das Universidades/Academias Seniores (U/AS’s), ou seja: a sua missão, a sua visão e os seus valores. Como missão: a promoção do envelhecimento ativo e saudável da população sénior, através da realização de atividades intelectual e socialmente estimulantes, objetivando a melhoria da qualidade de vida da pessoa, no seu equilíbrio psicossomático, consubstanciado em ações de convívio, de atividades físicas e de lazer e de desenvolvimento cognitivo (aprendizagens, habilidades, novas competências, aculturação, comportamentos de interação, novas experiências e a potenciação de capacidades ingénitas não percecionadas), por forma a sentirem-se ainda úteis e realizados, individual (auto-estima) e socialmente. A visão está ancorada no humanismo, i.e., sem discriminação de raça, sexo, estatuto social, crença, ideologia política ou quaisquer outras formas discriminatórias e, expressa-se no mais profundo respeito pela dignidade da pessoa em idade sénior e pela manifestação de gratidão e do reconhecimento da sociedade através de cada Instituição, pela sua história de vida e seus contributos para a pátria, a familia e a sociedade. Os valores, estão compaginados no acrónimo, “CHAMAR”: - Comprometimento; Competências; - Honorabilidade (a caminho da excelência); - Altruísmo; Ação de voluntariado; - Matriz social (responsabilidade social , inserção social local e economia social); - Afeto e Amor (solidariedade); - Resiliência. Com base nos três pilares, importa-me sobretudo, ponderar sobre o futuro das U/AS’s. Nesta prospetiva, contribuo com a minha visão, subsidiando uma reflexão e discussão alargadas. Relativamente ao “Ensino Sénior” ministrado nas U/AS’s, tenho a perceção de que será nas próximas décadas (futuro mais ou menos próximo), bem mais exigente, dado o surgimento de uma população sénior cada vez mais informada e escolarizada e, por consequência, mais atenta e ávida de conhecimento, não procurando nestas Instituições apenas a ocupação, a satisfação relacional, social e lúdica, mas algo mais e que tenha a ver com o “preenchimento do seu intelecto”, de uma forma prazerosa e num futuro próximo, mais comprometida academicamente, mas sempre em ambiente geracional, humano e social de proximidade, tendo como meta a aquisição de conhecimentos. Dada a premissa, penso que, novas respostas deverão ser dadas no futuro, pelo que antevejo, a efetivação de parcerias com as Universidades Tradicionais (UT) e com ou através da RUTIS - Rede de Universidades Seniores (preferencialmente – e que se pretende mais participativa e atuante), visando o seguinte: 1. Criação do estatuto do professor do ensino sénior (definição do perfil de candidato a professor do ensino sénior/ reconhecimento oficial da função). 2. Conceção e ministração de cursos de formação pedagógica de professor do ensino sénior devidamente certificados e acreditados pelas UT’s (formação pedagógica específica – CAP – e, sua credibilização. Porque não, investigação a nível universitário por alunos das áreas de educação/pedagogia através da apresentação de trabalhos de grupo e/ou monografias (teses)? 3. Suporte à conceção de U/C’s - Unidades Curriculares – módulos e respetivos conteúdos programáticos, pedagogicamente adequados à população-alvo, de caráter geral (matérias com os diferentes graus e tempos de ensino adequados) e outros, contextualizados nas especificidades da envolvência em que se insere cada U/AS e, sempre que possível, ao encontro dos interesses manifestados por cada população-alvo. Os mesmos, devem ser certificados e acreditados pelas UT’s. 4. Apoio às iniciativas das U/AS’s, nomeadamente na disponibilização de oradores (pro bono) para palestras, entre múltiplas atividades que requeiram o apoio de parceria. Na sequência da reflexão/antevisão admito, com a introdução de UC’s certificadas e acreditadas, a possibilidade de emissão de “Diplomas com Notação”, para alunos interessados nessa variante, ficando naturalmente sujeitos a avaliações (assiduidade, aferições, frequências, exames ou outras formas de avaliação que venham a convencionar-se), e que se designaria de “Diploma de Ensino Sénior” (DES) no âmbito da “Aprendizagem ao Longo da Vida” (ALV). Esta nova situação pressuporá a existência de duas classes distintas de alunos, a saber: 1) Participantes; 2) Discentes. Como consequência, deverão surgir, naturalmente, diplomas distintivos.
ComentáriosSeja o primeiro a comentar...
Nota: O Valor Local não guarda nem cede a terceiros os dados constantes no formulário. Os mesmos são exibidos na respetiva página. Caso não aceite esta premissa contate-nos para redacao@valorlocal.pt
|
Em Destaque |
Leia também
O Longo Caminho da Saúde Oral na RegiãoReportagem nos centros de saúde que acolheram o projeto piloto nos concelhos de Azambuja, Arruda dos Vinhos e Alenquer
|
Vítimas da Nacional 3O Relato Emocionante de quem perdeu amigos e familiares no troço entre Azambuja e Carregado
|
Bairros Sociais: A Luta pela InclusãoEstivemos no Bairro Quinta da Mina, Azambuja, da 3ª Idade em Salvaterra de Magos, mas também no Bairro Azul na Póvoa de Santa Iria e no Bairro de Povos em Vila Franca de Xira
|