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Opinião João Santos: "Política, economia e (o risco latente de resgate da) comunicação social"
Na esfera política, inúmeros estudos revelam existir uma forte relação entre uma imprensa livre, forte e independente e a diminuição da corrupção

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| 25 Jan 2021 09:10

Duas das pré-condições da existência da esfera pública são a total independência e a garantia do acesso do público à informação. Ainda assim, por vezes, parece verificar-se excesso de zelo na gestão e controlo de alguma informação considerada de natureza eminentemente pública. Este controlo pode não ser direto, mas ocorre. E isto, de uma perspetiva democrática, não deixa de ser controverso. Neste âmbito, a fusão dos média com a política e com a economia, se perniciosa, pode oferecer um contributo relevante para uma eventual crise da democracia.
Numa outra perspetiva, continuam a persistir desigualdades significativas no acesso a informação fidedigna. É certo que a era digital tem vindo a suavizar esta dificuldade, mas a solução mais segura para o problema continua a passar pela garantia de canais públicos de informação convenientemente financiados, que funcionem sem as “normais” dificuldades financeiras que afetam grande parte das atividades e que as vão orientando no sentido da ampliação das fontes de financiamento e da excessiva dependência face às mesmas.

Considerando que a influência da comunicação social na sociedade é inquestionável e que o seu alcance penetra em todas as dimensões da vida humana, os média têm, desde sempre, constituído um espaço de atividade que desperta muito interesse, incorporando, entre outros, interesses políticos diversos e ainda pretensões relacionadas com a atividade económica em geral.

Em função destas razões, a economia política da comunicação, um ramo dos estudos de comunicação, tem vindo a despertar cada vez mais interesse. A economia política da comunicação, ou dos média, pode ser entendida como uma área teórica que se debruça nas inter-relações entre processos económicos e conjunturas políticas e na forma como estas duas dimensões orientam, através dos média, a propagação massiva de informação para os diferentes públicos.

As interconexões específicas das áreas política e económica - ambas entendidas como práticas que ajustam as estruturas influenciadoras das preferências - podem até não determinar diretamente os sistemas nacionais de comunicação social, mas têm a capacidade para os influenciar significativamente.

Não restam dúvidas de que as condições específicas do interface média-política-economia afetam fortemente a influência dos designados jargões sobre o eleitorado.

Nesta perspetiva, a isenção intelectual dos eleitores, que resulta do acesso a uma informação imparcial e de qualidade, desempenha um papel central no desenvolvimento dos territórios, orientando as pessoas no sentido da programação espontânea do caminho a realizar. No essencial, o progresso deve resultar de um processo que permita às pessoas serem os seus próprios agentes de mudança: atuar individual, coletiva e ponderadamente, fazendo uso de engenho, voluntarismo, ideias, práticas e conhecimentos com o objetivo alcançar o nível potencial de desenvolvimento. Uma comunicação social plural e independente desempenha, assim, um papel fundamental na difusão da informação necessária ao envolvimento esclarecido das pessoas nos debates e decisões que moldam as suas vidas.

Na verdade, atualmente, há um consenso generalizado acerca da importância crucial que a comunicação social assume para o progresso político, económico e social.

Na esfera política, inúmeros estudos revelam existir uma forte relação entre uma imprensa livre, forte e independente e a diminuição da corrupção. Uma imprensa “desprendida” “fiscaliza” a conduta dos governantes e das suas estruturas, esclarecendo os eleitores e permitindo-lhes, por exemplo, responsabilizar com mais eficácia, durante os períodos eleitorais, os políticos menos exemplares. Este quadro promove a redução da corrupção e isso tem um impacto positivo na sociedade, principalmente no esbatimento da pobreza e das desigualdades na distribuição da riqueza.

No domínio da economia, só com informação rigorosa, oportuna e neutra será possível às pequenas, médias e grandes empresas alocar eficientemente os escassos recursos disponíveis. Pelas razões apontadas no parágrafo anterior, uma comunicação social imparcial contribui para reduzir o risco de corrupção e, por conseguinte, para aumentar a eficácia da governação na criação das condições necessárias ao crescimento económico “saudável”.

Quanto ao impacto social dos média, o desenvolvimento sustentado não dispensa a participação dos cidadãos nas decisões que moldam as suas vidas e os seus territórios. Esse envolvimento ativo requer obrigatoriamente uma cidadania informada. Uma comunicação social livre e independente proporciona aos cidadãos o ambiente certo para o efeito, permitindo-lhes, de forma esclarecida, ajustar os próprios comportamentos e exigir às estruturas governativas padrões de qualidade de vida superiores.
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Para concluir, embora a comunicação social seja central para os sistemas democráticos, também não deixa de estar, pelas razões já apontadas, altamente suscetível à “captura”.

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