Pais do concelho de Azambuja encontram na BICA uma forma de entreter os filhos durante o confinamento
Pais do concelho de Azambuja encontram na BICA uma forma de entreter os filhos durante o confinamento
Sílvia Carvalho d'Almeida
14-03-2021 às 17:02
Com muitos pais em teletrabalho derivado ao confinamento, e muitas crianças em casa após o fecho de escolas, tornou-se necessário arranjar maneiras de as entreter, de uma forma lúdica e instrutiva. São muitos os progenitores que decidiram assim recorrer ao novo serviço da Biblioteca Municipal da Azambuja, a BICA. Há que encontrar formas criativas de entreter os mais jovens que não passem apenas pelos videojogos ou por assistir à TV. Neste aspeto, muitos pais do concelho de Azambuja, à beira de um ataque de nervos ou não, devido ao confinamento, viram neste serviço uma alternativa pedagógica. Impedidos de frequentarem as várias bibliotecas do concelho, e desta forma requisitar os seus livros, podem agora contar com a entrega à porta de sua casa, sendo garantidas todas as medidas de segurança.
A BICA - Biblioteca Itinerária do Concelho da Azambuja foi inaugurada no dia 15 de março de 2019 mas já antes já tinha sido realizada uma experiência de cerca de um ano com uma carrinha antes do serviço se tornar personalizado, com o objetivo de se realizar um diagnóstico das necessidades da população. A dinâmica inicial, sem pandemia, seguia uma linha de proximidade para com a população com menos mobilidade, direcionada para a camada etária mais idosa e mais afastada das sedes de freguesia. Visitava inicialmente as escolas que não tinham biblioteca escolar e posteriormente também escolas com bibliotecas escolares. Hoje, em tempos de confinamento, presta o serviço “porta a porta”. Este começou em pleno entre março e maio de 2020 e só nesse ano entregou mais de 1150 documentos. Os interessados em recorrer ao serviço podem aceder ao catálogo da biblioteca, e fazer o seu pedido, ou então usar o telefone, Facebook ou email para o efeito. As entregas são feitas à terças e quintas-feiras.
Helena Bordalo, de 36 anos, é bibliotecária em Vila Franca de Xira, e já fez voluntariado na biblioteca da Azambuja. A trabalhar em casa desde 22 de janeiro, produz conteúdos online para crianças e jovens em idade escolar, e para isso tem de ter acesso aos livros. Para evitar deslocações dado o período que atravessamos, recorre à BICA. Mas este não é o único motivo. Tem uma filha de sete anos, que adora que lhe contem histórias. “Normalmente temos o hábito de as ler à noite e como já esgotei o stock de livros aqui em casa requisitei o serviço. Aliás, desde que ela tinha dois anos que costumávamos ir à biblioteca de Azambuja todos os sábados para as atividades e ouvir as histórias.” “Ela é uma menina que está muito habituada a livros. Entra numa livraria e começa logo a escolher e a mexer…as estórias contadas no Youtube não têm a mesma importância. Eu evito que ela esteja muito tempo ao computador, ao tablet ou ao telemóvel. Dou-lhe sempre um livro”. Quando lhe perguntamos se é fácil atrair os miúdos para a leitura, com a distração da televisão, responde: “Depende, pois dos cinco aos nove é fácil se estiverem acostumados com a leitura. Depende muito dos adultos que estão com eles. Se contarem histórias de maneira engraçada, eles acabam por gostar.”
14-03-2021 às 17:02
Com muitos pais em teletrabalho derivado ao confinamento, e muitas crianças em casa após o fecho de escolas, tornou-se necessário arranjar maneiras de as entreter, de uma forma lúdica e instrutiva. São muitos os progenitores que decidiram assim recorrer ao novo serviço da Biblioteca Municipal da Azambuja, a BICA. Há que encontrar formas criativas de entreter os mais jovens que não passem apenas pelos videojogos ou por assistir à TV. Neste aspeto, muitos pais do concelho de Azambuja, à beira de um ataque de nervos ou não, devido ao confinamento, viram neste serviço uma alternativa pedagógica. Impedidos de frequentarem as várias bibliotecas do concelho, e desta forma requisitar os seus livros, podem agora contar com a entrega à porta de sua casa, sendo garantidas todas as medidas de segurança.
A BICA - Biblioteca Itinerária do Concelho da Azambuja foi inaugurada no dia 15 de março de 2019 mas já antes já tinha sido realizada uma experiência de cerca de um ano com uma carrinha antes do serviço se tornar personalizado, com o objetivo de se realizar um diagnóstico das necessidades da população. A dinâmica inicial, sem pandemia, seguia uma linha de proximidade para com a população com menos mobilidade, direcionada para a camada etária mais idosa e mais afastada das sedes de freguesia. Visitava inicialmente as escolas que não tinham biblioteca escolar e posteriormente também escolas com bibliotecas escolares. Hoje, em tempos de confinamento, presta o serviço “porta a porta”. Este começou em pleno entre março e maio de 2020 e só nesse ano entregou mais de 1150 documentos. Os interessados em recorrer ao serviço podem aceder ao catálogo da biblioteca, e fazer o seu pedido, ou então usar o telefone, Facebook ou email para o efeito. As entregas são feitas à terças e quintas-feiras.
Helena Bordalo, de 36 anos, é bibliotecária em Vila Franca de Xira, e já fez voluntariado na biblioteca da Azambuja. A trabalhar em casa desde 22 de janeiro, produz conteúdos online para crianças e jovens em idade escolar, e para isso tem de ter acesso aos livros. Para evitar deslocações dado o período que atravessamos, recorre à BICA. Mas este não é o único motivo. Tem uma filha de sete anos, que adora que lhe contem histórias. “Normalmente temos o hábito de as ler à noite e como já esgotei o stock de livros aqui em casa requisitei o serviço. Aliás, desde que ela tinha dois anos que costumávamos ir à biblioteca de Azambuja todos os sábados para as atividades e ouvir as histórias.” “Ela é uma menina que está muito habituada a livros. Entra numa livraria e começa logo a escolher e a mexer…as estórias contadas no Youtube não têm a mesma importância. Eu evito que ela esteja muito tempo ao computador, ao tablet ou ao telemóvel. Dou-lhe sempre um livro”. Quando lhe perguntamos se é fácil atrair os miúdos para a leitura, com a distração da televisão, responde: “Depende, pois dos cinco aos nove é fácil se estiverem acostumados com a leitura. Depende muito dos adultos que estão com eles. Se contarem histórias de maneira engraçada, eles acabam por gostar.”
Kathleen Figueiredo, também moradora na freguesia de Azambuja, conta-nos que tem lido muito para os seus filhos de três e cinco anos. Para a auxiliar de educação em layoff, “não tem sido muito difícil” gerir as atividades com as crianças em casa nestes momentos de pandemia, até porque “as educadoras também têm falado muito com eles durante as aulas online.” A BICA tem, no entanto, sido uma grande ajuda, “através da experiência proporcionada pela leitura dos livros e pelas atividades propostas através das redes sociais”, ideais numa lógica de complementaridade. Antes do confinamento, visitava a biblioteca uma vez por semana. “Requisitávamos o máximo número possível de livros, e em dois dias estavam lidos, tínhamos de ir logo buscar outros”. Quando tem algum tempo para ler, gosta de romances históricos e policiais, mas admite que durante este confinamento têm assistido a mais televisão, nomeadamente, séries, “muito mais do que quando estava a trabalhar.” Quanto aos seus filhos, desde muito novos que lhes incutiu o gosto pela leitura. “Desde muito pequeninos que comecei a ler-lhes histórias, especialmente, à noite, e os meus filhos com a idade deles, não têm consolas, tablets, não usam o telemóvel” e por isso “tento que as atividades direcionadas para eles sejam mais pedagógicas”.
Para Jorge Simões, morador em Casais do Regedor, ainda na freguesia de Azambuja, esta foi a primeira vez que requisitou os serviços da BICA. Os seus filhos de 11 e 5 anos já eram leitores assíduos da coleção da biblioteca, e no dia da nossa reportagem os livros eram para a sua filha mais nova. Conta-nos que a escolha foi feita em conjunto, até porque um dos critérios de escolha relacionou-se com o gosto pessoal da criança. No saco para entrega constavam alguns títulos que costumam fazer as delícias dos mais pequenos naquelas idades: “Dezoito histórias de princesas e fadas”, “Príncipes e Princesas”, “Os mais belos contos de fadas” e “Rapunzel”.
O universo das princesas tipicamente do agrado das meninas fascina a filha e Jorge Simões mostra-se expectante quanto a mais um serão em que a imaginação promete voar, e conta-nos que vai ler estas obras à noite com ela. Já os dias são passados na telescola ou no zoom, no caso do seu filho, já que a filha ainda está na pré-primária, mas tem também já alguma interação online com a escola. “Ela faz muitos desenhos, pinta muito, passa alguns momentos normais a ver televisão, porque também lhes queremos dar um docinho. No fundo é tentar mantê-los ocupados com coisas de que gostam para que que não se chateiem muito”. Principalmente, “gostam de ler e ouvir as histórias, e frequentemente lembram-se desses conteúdos, especialmente quando veem os filmes na televisão e já sabem o enredo”. Enquanto a menina prefere contos de princesas, o menino gosta de tecnologia, e do passado dos jogadores de futebol. Diz-nos que durante esta fase têm mais tempo para adquirirem cultura geral naquilo que são conteúdos próprios para a idade, e no fundo “mais tempo para tudo, inclusive para estarem com os pais, pois não pode ser tudo mau”. “Valorizo muito o tempo que agora passo com eles. Em circunstâncias normais não poderia tão bem acompanhar o crescimento deles.”
O universo das princesas tipicamente do agrado das meninas fascina a filha e Jorge Simões mostra-se expectante quanto a mais um serão em que a imaginação promete voar, e conta-nos que vai ler estas obras à noite com ela. Já os dias são passados na telescola ou no zoom, no caso do seu filho, já que a filha ainda está na pré-primária, mas tem também já alguma interação online com a escola. “Ela faz muitos desenhos, pinta muito, passa alguns momentos normais a ver televisão, porque também lhes queremos dar um docinho. No fundo é tentar mantê-los ocupados com coisas de que gostam para que que não se chateiem muito”. Principalmente, “gostam de ler e ouvir as histórias, e frequentemente lembram-se desses conteúdos, especialmente quando veem os filmes na televisão e já sabem o enredo”. Enquanto a menina prefere contos de princesas, o menino gosta de tecnologia, e do passado dos jogadores de futebol. Diz-nos que durante esta fase têm mais tempo para adquirirem cultura geral naquilo que são conteúdos próprios para a idade, e no fundo “mais tempo para tudo, inclusive para estarem com os pais, pois não pode ser tudo mau”. “Valorizo muito o tempo que agora passo com eles. Em circunstâncias normais não poderia tão bem acompanhar o crescimento deles.”
Sónia Ferreira, também moradora na freguesia, é educadora de infância de crianças com três anos de idade, e têm uma bebé com dois. Está a trabalhar a partir de casa e o seu ofício consiste no fundo em contar histórias. Pretende gravar vídeos para os miúdos e quem sabe usar a plataforma Zoom para o efeito. Como não tinha livros com os temas que queria tratar, decidiu pedir emprestados à biblioteca itinerante, mas aproveitou e trouxe também alguns para a sua filha. Já conhecia este serviço dado que a escola onde trabalha já o usava regularmente. Contudo, é a primeira vez que o requisita individualmente. Conta que atualmente já é possível recorrer a plataformas da internet, e que já tentou, mas prefere o livro bem como os seus alunos. “Talvez porque os livros apelam mais ao sentido de interpretação. Faço as minhas expressões para chamar a atenção das crianças. Privilegio nesse trabalho não apenas a história mas também as imagens”. A sua filha também prefere a imagem no livro. “O digital não serve!”. Quanto à ideia de uma biblioteca móvel, diz que “acaba por ser confortável, especialmente nesta fase da Covid-19, em que não podemos ir a lugar nenhum”.
Isabel Martins está casa desde que começou o confinamento. Trabalhava num centro de estudos, que encerrou entretanto. É a única leitora que entrevistámos que pede livros apenas para si. Segundo nos conta, o confinamento está a “ser horrível” já que apenas sai “para ir às compras”. Com muito tempo livre entre os afazeres domésticos, tem recorrido à BICA que ajuda a preencher os seus dias trazendo-lhe sempre novos títulos para a entreter. “Sou uma leitora assídua da biblioteca e sempre que preciso eles cá vêm”. Gosta de ler policiais, e normalmente chega aos dois livros por semana. A televisão fica em segundo plano. “Caso contrário dava em maluca sempre com as mesmas notícias”. O romance que vai ler desta vez é o Vidas Adiadas. Diz que esta foi uma boa iniciativa e recomenda o serviço de entrega de livros a toda a gente.
Silêncio ensurdecedor invade a biblioteca em tempos de confinamento
Se não estivéssemos em plena pandemia, no dia da nossa reportagem, que começou no edifício da biblioteca de Azambuja antes de partirmos com a BICA, o cenário seria por estes dias composto por alguns reformados a lerem os jornais numa das alas, mais alguns estudantes das escolas locais a estudarem ou a consultarem livros noutra, isto só para dar o exemplo. Provavelmente os mais jovens já teriam sido repreendidos por estarem a falar mais alto como é costume nestas idades, mas nesta altura a biblioteca permanece com as luzes apagadas na maior parte das salas e os livros ficaram adormecidos não se sabe até quando. Apenas os funcionários estão presentes e prontos para mais um dia de entregas ao domicílio.
Joana Whitfield, técnica da Rede de Bibliotecas do Município de Azambuja, em que se inclui a BICA, lamenta que não se possa receber pessoas na biblioteca: “Anteriormente, tínhamos na sala de estudo cerca de 30 utilizadores e na infantojuvenil, ao sábado de manhã, cerca de 10 famílias lá dentro. Neste momento, o silêncio que temos que é o que normalmente se deseja numa biblioteca é ensurdecedor”.
Isabel Martins está casa desde que começou o confinamento. Trabalhava num centro de estudos, que encerrou entretanto. É a única leitora que entrevistámos que pede livros apenas para si. Segundo nos conta, o confinamento está a “ser horrível” já que apenas sai “para ir às compras”. Com muito tempo livre entre os afazeres domésticos, tem recorrido à BICA que ajuda a preencher os seus dias trazendo-lhe sempre novos títulos para a entreter. “Sou uma leitora assídua da biblioteca e sempre que preciso eles cá vêm”. Gosta de ler policiais, e normalmente chega aos dois livros por semana. A televisão fica em segundo plano. “Caso contrário dava em maluca sempre com as mesmas notícias”. O romance que vai ler desta vez é o Vidas Adiadas. Diz que esta foi uma boa iniciativa e recomenda o serviço de entrega de livros a toda a gente.
Silêncio ensurdecedor invade a biblioteca em tempos de confinamento
Se não estivéssemos em plena pandemia, no dia da nossa reportagem, que começou no edifício da biblioteca de Azambuja antes de partirmos com a BICA, o cenário seria por estes dias composto por alguns reformados a lerem os jornais numa das alas, mais alguns estudantes das escolas locais a estudarem ou a consultarem livros noutra, isto só para dar o exemplo. Provavelmente os mais jovens já teriam sido repreendidos por estarem a falar mais alto como é costume nestas idades, mas nesta altura a biblioteca permanece com as luzes apagadas na maior parte das salas e os livros ficaram adormecidos não se sabe até quando. Apenas os funcionários estão presentes e prontos para mais um dia de entregas ao domicílio.
Joana Whitfield, técnica da Rede de Bibliotecas do Município de Azambuja, em que se inclui a BICA, lamenta que não se possa receber pessoas na biblioteca: “Anteriormente, tínhamos na sala de estudo cerca de 30 utilizadores e na infantojuvenil, ao sábado de manhã, cerca de 10 famílias lá dentro. Neste momento, o silêncio que temos que é o que normalmente se deseja numa biblioteca é ensurdecedor”.
Em entrevista ao Valor Local, conta-nos que antes da pandemia “tínhamos uma relação muito próxima dos utilizadores, com salas muito cheias, e famílias inteiras na biblioteca.” Nesta fase, devido a todas as restrições, “não podemos ter nada disso”. “Em março de 2020 fechámos a porta tal como agora. Toda a gente ficou em choque com a situação e tivemos de entrar pela via digital. Começámos com inúmeras iniciativas nas redes sociais, no facebook e no site do município. Em abril pensámos em reestruturar as coisas e a pensar que com a BICA podíamos chegar às pessoas, já que não podiam sair de casa, e dessa foram passaríamos a ir ter com elas. O que verificamos é que especialmente em tempos de pandemia as pessoas têm mais necessidade de ler, de ter uma companhia, um escape. Muitas pessoas estão sozinhas em casa, o que é dramático. Em maio do ano passado começámos, assim, com o projeto porta a porta”.
Esclarece ainda que em termos de “logística é mais complicado do que parece”. Dado que a coleção da biblioteca tem títulos espalhados entre os polos de Alcoentre, e de Aveiras e o edifício principal em Azambuja.
Para a técnica, “tem sido muito gratificante porque nem toda a gente pode comprar, ou encomendar online”. Os livros não são baratos. “Temos pessoas que consomem literatura, que leem três livros de 10 em 10 dias, e esse consumo não permite a aquisição regular, por isso nós emprestamos.” A BICA tenta ser também um serviço de companhia naquilo que é o possível de momento - “As pessoas saúdam-nos e dizem ainda bem que fomos levar os livros, porque há três meses que muitos não veem ninguém.” Relativamente às medidas de segurança necessárias, até porque os livros são manuseados por muitos utilizadores e existe por isso risco de contágio, diz que têm de cumprir as normas da Direção Geral de Saúde, mas também da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, que também estabelece algumas normas relativamente a estes empréstimos. Uma dessas regras relaciona-se com um período obrigatório de quarentena para as obras, após a sua devolução, normalmente, de quatro dias.
Cristina Campino e João Paulo, funcionários deste serviço, estiveram encarregues da entrega dos livros neste dia. João Paulo conta que em Quebradas uma das utentes deste serviço, antes da pandemia, pedia sempre algumas revistas, mesmo sem saber ler, “para ir folheando e conversando connosco”. O mesmo acontecia “com os utentes do Lar de Vale do Paraíso que se encontravam com a BICA e iam vendo as obras e falando connosco”, diz Cristina Campino. Foi um contacto que se perdeu com a pandemia que esperam poder reaver quando tudo voltar a ser como era dantes.
Esclarece ainda que em termos de “logística é mais complicado do que parece”. Dado que a coleção da biblioteca tem títulos espalhados entre os polos de Alcoentre, e de Aveiras e o edifício principal em Azambuja.
Para a técnica, “tem sido muito gratificante porque nem toda a gente pode comprar, ou encomendar online”. Os livros não são baratos. “Temos pessoas que consomem literatura, que leem três livros de 10 em 10 dias, e esse consumo não permite a aquisição regular, por isso nós emprestamos.” A BICA tenta ser também um serviço de companhia naquilo que é o possível de momento - “As pessoas saúdam-nos e dizem ainda bem que fomos levar os livros, porque há três meses que muitos não veem ninguém.” Relativamente às medidas de segurança necessárias, até porque os livros são manuseados por muitos utilizadores e existe por isso risco de contágio, diz que têm de cumprir as normas da Direção Geral de Saúde, mas também da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, que também estabelece algumas normas relativamente a estes empréstimos. Uma dessas regras relaciona-se com um período obrigatório de quarentena para as obras, após a sua devolução, normalmente, de quatro dias.
Cristina Campino e João Paulo, funcionários deste serviço, estiveram encarregues da entrega dos livros neste dia. João Paulo conta que em Quebradas uma das utentes deste serviço, antes da pandemia, pedia sempre algumas revistas, mesmo sem saber ler, “para ir folheando e conversando connosco”. O mesmo acontecia “com os utentes do Lar de Vale do Paraíso que se encontravam com a BICA e iam vendo as obras e falando connosco”, diz Cristina Campino. Foi um contacto que se perdeu com a pandemia que esperam poder reaver quando tudo voltar a ser como era dantes.