Santa Casa da Misericórdia de Azambuja à espera de dar gás a vários projetos
Nova Unidade de Cuidados Continuados pode proporcionar 40 postos de trabalho
Sílvia Agostinho
21-12-2015 às 17:25 A Misericórdia de Azambuja está a ultimar os derradeiros pormenores que levarão à assinatura do protocolo com a Santa Casa de Lisboa tendo em vista a construção da unidade de cuidados continuados, no espaço onde funcionou o antigo centro de saúde, que se encontra devoluto. São cerca de 40 camas, mas o projeto poderá também levar à instalação de uma unidade de fisioterapia, bem como consultas de especialidades médicas.
Manuel Ferreira, provedor da instituição de Azambuja, não esconde contudo que se encontra algo apreensivo, pois todo o processo tem demorado muito tempo. “Entregámos o projeto na primavera. Nesta altura já desejaríamos estar a lançar o concurso. Insistimos muito e só agora é que o assunto foi desbloqueado”, descreve, acrescentando que tem esperança que com a visita de um elemento da Santa Casa de Lisboa ocorrida na segunda semana de dezembro, os processos comecem de facto a ser mais acelerados. O compromisso com a Misericórdia de Lisboa já é antigo, e resulta de um conjunto de protocolos também efetivados com outras instituições no país, nomeadamente, em Vila de Rei e Porto. A unidade de Azambuja receberá doentes de várias partes do país, e poderá proporcionar entre 30 a 40 postos de trabalho. No total terá um custo de 1 milhão 500 mil euros. Ao mesmo tempo, segue a bom ritmo a obra do novo lar da instituição, cujas obras arrancaram em agosto, e segundo o provedor a valência estará pronta a inaugurar no final de 2016. Durante vários anos, este projeto teimou em não sair da gaveta, com muitas críticas a serem feitas a anteriores gestões da instituição, mas Manuel Ferreira prefere resumir o passado a “questões de burocracias”. No total e entre o lar novo e o velho, a Santa Casa de Azambuja ficará com 73 camas. “Na parte mais velha, haverá obras de reformulação do espaço, com a criação de mais casas de banho, de acordo com a nova legislação, que prevê uma casa de banho para cada duas camas”. A obra do novo lar tem um custo de 1 milhão 90 mil euros, verba já reservada pela Segurança Social. Atualmente, a Santa Casa tem 49 utentes, sendo que muitos deles não pagam o valor base definido pelas IPSS’s, 752 euros. “Há quem possua reformas baixas, não conseguindo pagar mais do que 300 euros, por exemplo. Nestes casos pedimos a colaboração dos familiares, há uns que podem, outros que não. A rentabilidade do lar é sempre relativa, pois tentamos sempre responder aos casos sociais”, define desta forma o provedor. Na componente do centro infantil, Manuel Ferreira refere que a instituição não se ressentiu com o pré-escolar público, “talvez por possuirmos horários mais alargados e uma resposta mais maleável face à necessidade dos pais”. A instituição possui 100 crianças no pré-escolar, 130 em ATL, e 112 em creche. Os projetos da Misericórdia não se reduzem apenas ao novo lar e à unidade de cuidados continuados, pois na forja poderá estar a reabilitação do espaço do antigo hospital onde funcionaram os tempos livres, contíguo à Igreja da Misericórdia – “Queremos fazer obras na igreja porque está muito degradada, e proceder à transferência do abrigo do peregrino para esse local (antigo hospital). Aliás este inverno deixará de funcionar no edifício junto ao largo da Câmara, porque o telhado constitui perigo. Os peregrinos ficarão entretanto nas instalações da Santa Casa, como chegou a acontecer”. Esta obra ainda não tem verba, mas é intenção da Instituição fazer uma candidatura ao Portugal 2020 para esse efeito. A Câmara Municipal comprometeu-se com um estudo técnico. Nas relações com a autarquia, a Santa Casa não esconde que tem pedido celeridade na resolução da questão das piscinas desativadas e dos campos de ténis também sem uso. “No caso das piscinas trata-se de um equipamento importante para os nossos utentes, temos insistido com a Câmara mas resta-nos esperar”, resume. Manuel Ferreira assume que apesar de tudo, o protocolo com a autarquia para a administração das piscinas e dos campos de ténis é para manter. Por outro lado, refere que a dívida da autarquia para com a instituição no valor de 35 mil euros, relacionada com o património do campo de futebol, será “paga em breve”. “Acredito que a autarquia cumprirá com esse compromisso, tendo em conta a nova orientação das finanças e a lei dos compromissos”, demonstra. Ainda no âmbito do apoio a idosos, a Santa Casa da Misericórdia de Azambuja começou a levar a efeito o atendimento domiciliário também aos fins-de-semana, porquanto verificou tratar-se de uma necessidade dos mais velhos do concelho. Na componente domiciliária espera também introduzir a teleassistência, e se um dias as condições se proporcionarem a possibilidade de atividades de fisioterapia, e cuidados paliativos, isto porque acredita que as respostas sociais no futuro passarão mais pela casa do idoso do que pelo lar. “Há estudos internacionais que provam que os lares são soluções do século passado. Se as pessoas puderem estar nas suas casas não há necessidade de as colocarmos nas instituições”. Manuel Ferreira assumiu funções de provedor desde janeiro deste ano, mas já estivera em anteriores direções. “É a primeira vez que assumo o cargo de provedor, mas só aceitei porque tenho comigo uma equipa com muita disponibilidade para estar aqui todos os dias”. Com 98 funcionários, é também um dos principais empregadores do concelho, sendo que todas as semanas “ me abordam para pedir trabalho, nuns casos consigo ajudar, noutros nem tanto”.
|
|