Saúde bate no fundo em Azambuja e concelho vai a caminho de 88 por cento dos utentes sem médico de família
Vereadora Ana Coelho em entrevista refere que a solução tinha passado pela constituição de uma USF. Oposição acusa Câmara de ter sido irresponsável na gestão deste dossier. Marcha lenta na Nacional 3 do Movimento Cívico já tem data: 23 de setembro
|02 Set 2022 12:49
Sílvia Agostinho Desde agosto que os utentes do centro de Saúde de Azambuja e extensão de saúde de Aveiras de Cima, sem médico de família, terão de conseguir obter consulta de recurso ou na Póvoa de Santa Iria no centro de saúde local, ou no de Benavente através do Serviço de Atendimento Permanente (SAP). Para Armando Martins do Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja esta é a pior notícia possível. O representante deste movimento foi informado pela diretora do centro de saúde de Azambuja, Raquel Caetano, no dia 22 de agosto. Nos últimos dias, tem diligenciado contactos com o gabinete de apoio ao cidadão do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo para denunciar a situação calamitosa em que 7944 utentes não têm médico de família.
Ana Coelho, vereadora com o pelouro da Saúde no município de Azambuja, esteve no programa Hora Local e confirmou as piores expetativas. O estado da saúde no concelho de Azambuja atingiu o grau zero e em setembro 88 por cento dos utentes deverão ficar sem médico de família. A autarca diz que o executivo foi apanhado de surpresa com as novidades relatadas pelo Valor Local e encara o quadro geral como “muito preocupante”. Ana Coelho assume que não consegue explicar o estado a que se chegou porque apenas está na Câmara desde as eleições do ano passado. Nesta altura dão consultas na área do município três médicos a tempo inteiro e uma médica a tempo parcial, sendo que um deles está para se reformar e uma das médicas de Aveiras de Cima pode sair no âmbito do programa de Mobilidade da Função Pública. É dito ao executivo que os médicos não estão interessados em fixar-se a longo prazo no concelho porque o centro de saúde funciona de forma pouco atrativa no que diz respeito aos incentivos e à remuneração. Nunca se conseguiu criar uma unidade de saúde familiar ao contrário do que sucedeu em outros municípios. Ana Coelho entende que o problema da não constituição de uma USF não deverá ser uma responsabilidade assacada ao município, já que é algo que “deve partir da iniciativa dos próprios médicos e enfermeiros”. Segundo o que o Valor Local apurou vários municípios da região tiveram um papel determinante neste domínio. Ainda segundo uma fonte bem colocada neste dossier ao nosso jornal, nos mandatos anteriores, e desde que se fala na possibilidade de constituição de uma USF, que este assunto tem permanecido dentro da gaveta dos responsáveis autárquicos que pela Câmara têm passado, desde presidentes a vereadores com o pelouro da Saúde. Desde 2013, altura em que o nosso jornal surgiu, a necessidade de constituição de uma USF raramente foi aflorada em reuniões de Câmara ou alvo de bandeira política, sobretudo por parte do partido que está no poder, apesar de sempre se ter falado na falta de médicos. ASSISTA AO VÍDEO DA ENTREVISTA COM A VEREADORA DA SAÚDE, ANA COELHO
Perante este quadro Ana Coelho refere que a melhor opção é deslocar os utentes para Benavente dado que apesar da escassez de médicos também naquela unidade de saúde, o facto de ali funcionar um SAP 24 horas por dia dá pelo menos a certeza que os utentes serão atendidos, pese embora o tempo que possam estar à espera. "Estamos a articular com o ACES no sentido de que nos seja garantido um número de consultas para que a Câmara faça o transporte dos utentes", expressa. A autarca concorda que tanto a Póvoa como Benavente são localizações "fora de mão" não existindo transportes públicos diretos a partir do concelho de Azambuja. Explica ainda que outros possíveis locais mais próximos como Cartaxo ou Alenquer "foram postos de parte pelo ACES porque enfrentam também muitas dificuldades". Haverá um circuito pelo concelho em que se assegurará o transporte de utentes inscritos nos respetivos postos de saúde até Benavente.
Nos últimos meses, o município aprovou um regulamento em que apoiará com 400 euros cada médico que se instale no concelho para dar consultas, bem como benesses fiscais e um automóvel. Houve contactos com médicos da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja para prestarem consultas no centro de saúde, mas infrutiferamente. Para além disto, “temos pressionado as entidades com competência na área da saúde como a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo”, enumera a autarca. A vereadora refere que as três vagas abertas não foram encerradas com a não colocação de médicos durante o tempo em durou o concurso, “por isso a qualquer momento podem entrar médicos”. “São vagas majoradas a 60 por cento pelo Estado” o que funciona como mais um atrativo a juntar à verba que a Câmara disponibilizará para cada clínico. Questionada acerca do facto de o município de Benavente estar na disponibilidade de investir 200 mil euros por ano para garantir médicos suficientes nas freguesias de Benavente e Santo Estevão pagando-lhes os vencimentos e estando este assunto já em discussão junto das entidades de Saúde, Ana Coelho refere que embora as verbas que a Câmara quer disponibilizar sejam inferiores, o município está disponível “para apanhar boleia com Benavente” e fazer algo a um nível mais abrangente. Sobre o alegado mau atendimento das funcionárias que trabalham no centro de saúde, tem conhecimento das queixas e alude a ações de formação que vão ter lugar. A autarca espera ainda que a central telefónica seja instalada o mais brevemente possível para que “os utentes consigam marcar as suas consultas”. O Valor Local contactou Sofia Theriaga, diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, para uma entrevista sobre o estado da saúde no concelho de Azambuja, mas também nos concelhos de Vila Franca e Alenquer mas não obtivemos qualquer resposta. Oposição arrasa executivo socialista e alega que a Saúde chegou ao grau zero no concelho de Azambuja Os vereadores da oposição foram unânimes no coro de críticas alegando que durante anos a política da Câmara baseou-se no “deixa andar” quanto à escassez de médicos e à necessidade de constituição de uma USF, que se vive há largos anos no concelho, e que desagua agora no facto de mais de 88 por cento dos utentes poderem ficar já em setembro sem médico de família. A situação denunciada em julho pelo Valor Local face ao facto de cada vez mais a população esperar por uma consulta de recurso à porta do centro de saúde pela noite dentro, fez soar as campainhas. Inês Louro do Chega, em reunião de Câmara, referiu que em mandatos passados nunca o executivo “demonstrou vontade de resolver este estado de coisas”, até porque “a dada altura todos os utentes de Azambuja e Vila Nova da Rainha tinham médico de família”, e bastava “esse facto para dar um empurrão na constituição da USF”. “Deixaram o procedimento na gaveta”, aludiu. Já Rui Corça do PSD enfatizou que a ministra da Saúde que se demitiu no mesmo dia da reunião de Câmara, a 30 de agosto, destruiu o Serviço Nacional de Saúde em Portugal, conjuntamente com o primeiro ministro, e os seus aliados de esquerda. Já quanto ao caso de Azambuja sublinhou – “Tenho vergonha alheia de fazer parte deste executivo por deixar chegar a saúde a este estado de rutura total. Não fizeram nada para que este caos não acontecesse”. Rui Corça entende que embora a Câmara não tenha a incumbência de criar uma unidade de saúde familiar “pode e deve ser o catalisador para que isso aconteça”, referindo ainda, por entre críticas de demagogia vindas da bancada socialista, que se tivesse sido eleito presidente de Câmara já teria arranjado médicos para o concelho. O autarca aconselhou ainda o executivo a fazer passar a notícia de que está a dar incentivos à fixação de médicos junto das ordens profissionais dos médicos e enfermeiros e sindicatos para que “não fique de braços cruzados e à espera que apareçam médicos apenas com a publicação do regulamento em Diário da República”. O Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja vai levar a cabo no dia 23 de setembro uma marcha lenta na Nacional 3 como de resto já tinha anunciado. Não deixe de ler: Comentários Boa tarde Não se admite no centro de saude de Aveiras de cima ter estado uma senhora que já tinha sido expulsa de Azambuja e foi reencaminhada para Aveiras de cima por ser uma grande aliada do anterior presidente e das forças socialista e onde a mesma senhora secretária é que fazia a triagem de quem tinha medico ou não? Também os propiros médicos não se sentiam bem com essas escolha de consultas para amigos e para quem levava um agradecíamos em cada consulta e onde estas doente tinham sempre consultas cada vez que lá iam! Governação socialista pretende acsnar com centros de saúde publica, porque a política socialista é apoia à privatização da saúde pública. Desde governação socialista, temos perdido tudo no nosso concelho. Vergonha. Jorge Ferreira 09-09-2022 às 20:06 Depois de ler estas declarações" A autarca diz que o executivo foi apanhado de surpresa com as novidades relatadas pelo Valor Local e encara o quadro geral como “muito preocupante”. Ana Coelho assume que não consegue explicar o estado a que se chegou porque apenas está na Câmara desde as eleições do ano passado." Apetece perguntar: Apanhada de surpresa? O que andou a fazer desde que é vereadora? Onde estava o PS? José Pinto Ribeiro 07-09-2022 às 12:45 |
|
Leia também
Censos 2021
|
Antigos doentes queixam-se de dificuldades respiratórias, perdas de memória e cansaço
|
Ouvimos responsáveis da Ordem dos Médicos, Sindicato Independente dos Médicos, utentes, o novo conselho de administração, os presidentes de Câmara e as associações de socorro nesta radiografia a esta unidade de saúde. Está pior ou não? Foi o que quisemos saber.
|
Vertical Divider
|
Notícias Mais Populares
Novo lar de idosos do CBES da Glória do Ribatejo para travar a proliferação dos ilegais Utentes de Azambuja e Aveiras de Cima sem médico de família vão ter de ir para Benavente e para Póvoa de Santa Iria Junta de Azambuja diz adeus às largadas e olá a um festival de música Regressam as Festas em Honra de Nossa Senhora da Salvação a Arruda dos Vinhos Centro de Saúde da Castanheira- O Caos Continua |