Utentes de Azambuja e Aveiras de Cima sem médico de família vão ter de ir para Benavente e para Póvoa de Santa Iria
Decisão do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo apanhou Câmara de surpresa. Vivem-se dias de angústia na saúde no concelho de Azambuja
|23 Ago 2022 16:36
Sílvia Agostinho A partir de agora, os utentes do centro de Saúde de Azambuja e extensão de saúde de Aveiras de Cima, sem médico de família, terão de conseguir obter consulta de recurso ou na Póvoa de Santa Iria no centro de saúde local, ou no de Benavente através do Serviço de Atendimento Permanente. Para Armando Martins do Movimento pela Saúde em Azambuja esta é a pior notícia possível. O representante deste movimento foi informado pela diretora do centro de saúde de Azambuja, Raquel Caetano, esta segunda-feira. Nos últimos dias tem diligenciado contactos com o gabinete de apoio ao cidadão do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo para denunciar a situação calamitosa em que 7944 utentes não têm médico de família.
Na resposta enviada ao movimento, a diretora do agrupamento de centros de saúde, Sofia Theriaga, limita-se a responder através do Gabinete de Apoio ao Cidadão, que face à escassez de médicos no concelho de Azambuja "não é possível dar resposta a todas as solicitações com a celeridade possível", pode ler-se no documento ao qual o Valor Local teve acesso, referindo ainda que está a diligenciar para suprimir as carências. "Fico espantado pelo facto de ser a senhora diretora do ACES a responder pelo gabinete de apoio ao cidadão. Transmite uma ideia de que a falta de médicos não é nada de extraordinário", refere Armando Martins. "Lamentamos que a responsável pela ACES, faça afirmações sem um mínimo de verdade, o que demonstra total falta de respeito pelos utentes de Azambuja e pelos profissionais da UCSP, que estão a trabalhar em condições precárias. Contrariamente ao que a Sra Dra refere, em Azambuja, não estão a ser minimamente garantidos os cuidados de saúde primária, pois como sabe, todos os dias há dezenas de utentes que tentam, sem sucesso, obter consulta de diversas formas. Uns passam a noite à porta do centro de saúde, outros tentam via telefone e muitos vão lá presencialmente. Também não se vê que estejam a fazer alguma coisa para melhorar a situação, pois, cada vez saem mais médicos de Azambuja e para colmatar a falta de 11 médicos, abriram apenas 3 vagas, a que nenhum médico concorreu e ninguém investiga os motivos para intervir nas causas. O Concelho de Azambuja tem quase 22000 habitantes e por isso deveria ter no mínimo 13 médicos de família, atualmente tem apenas 4 e a partir de Setembro prevê-se que tenha apenas 2, o que representa mais de 84% dos utentes, sem médico de família. O médico de recurso vem apenas 3 dias por semana e não é substituído quando falta, o que acontece muitas vezes. Vossa excelência sabe que o direito aos cuidados de saúde primária, previstos na constituição, não estão a ser cumpridos em Azambuja", continua a desabafar Armando Martins na documentação enviada a Sofia Theriaga. Contactada a vereadora com o pelouro da saúde, Ana Coelho, que estará em entrevista na Rádio Valor Local, no próximo dia 25 de agosto, no programa Hora Local, às 18h00, para se pronunciar sobre o tema da saúde no concelho, esta refere que o executivo está a encarar esta realidade como "muito preocupante". "Fomos apanhados de surpresa e contactámos Sofia Theriaga, diretora do agrupamento de centros de saúde. Foi-nos explicado que devido à falta de recursos humanos, a deslocação dos utentes para aquelas localidades em questão, é o melhor que se consegue". Ana Coelho refere que em Aveiras de Cima, as duas médicas de serviço estão ausentes do trabalho devido a férias e licença. Em Azambuja, apenas a diretora do centro de saúde está a dar consultas, mas apenas junto dos doentes que lhe foram atribuídos. Há dois médicos de recurso para Aveiras e Azambuja mas são insuficientes, daí esta decisão. Ana Coelho refere que a melhor opção é deslocar os utentes para Benavente dado que apesar da escassez de médicos também naquela unidade de saúde, o facto de ali funcionar um serviço de SAP 24 horas por dia dá pelo menos a certeza de que os utentes serão atendidos, pese embora o tempo que possam estar à espera. "Estamos a articular com o ACES no sentido de que nos seja garantido um número de consultas para que a Câmara faça o transporte dos utentes", expressa. A autarca concorda que tanto a Póvoa como Benavente são localizações "fora de mão" não existindo transportes públicos diretos a partir do concelho de Azambuja. Explica ainda que outros possíveis locais mais próximos como Cartaxo ou Alenquer "foram postos de parte pelo ACES porque enfrentam também muitas dificuldades". O Valor Local contactou Sofia Theriaga para uma entrevista sobre o estado da saúde no concelho de Azambuja, sendo que aguarda uma resposta. Não deixe de ler:
Comentários PARECE IMPOSS´VEL, O SENHOR COSTA , NÃO TER OLHOS PARA POR A MINISTRA DA SAÚDE ,NA RUA , ESTEMOS UM PAÍS QUE SE ESTÁ A TORNAR , UMA MISÉRIA, UMA VERGONHA, NÓS SOMOS CARNE PARA CANHÃO , ESTAMOS PERTO DE SER ABATIDOS , É UMA VERGONHA , A SAÚDE CHEGAR A ESTE PONTO, TENHAM , VERGONHA, O SOCIALISMO ,SEGUE A PASSOS LARGOS PARA ,MAIS UMA BANCA ROTA, A MINISTRA PARA A RUA ,JÁ. Francisco Marques 24-08-2022 às 18:50 O meu comentário é o seguinte ; o Doutor José vizcaino mandou-me fazer uns exames os quais já fiz e com os resultados na mão dirigi-me a Benavente como me foi indicado porque por ordem da Diretora o Doutor José Vizcaino não pode fazer consultas apenas pode passar baixas e medicamentos, pois em Benavente não foi possível verem os exames dado que as consultas não são para esse efeito, a Doutora que me atendeu em Benavente foi de uma simpatia exemplar explicou porque não podia ver os exames e pedindo desculpa pelo facto. Agora pergunto eu onde vou mostrar os exames ou seja o tac torax que acusou algo no pulmão esquerdo, e os valores da tiroide estão altíssimos e com uma tiroide nodular, onde me dirijo? o que hoje pode ser uma coisa simples se acompanhada e medicada um mês mais tarde pode ser irreversível sem assistência médica, infelizmente a dura realidade é esta quem tem dinheiro vai ao privado quem não tem morrer se deixa. Alice Pinto 24-08-2022 às 15:17 Vergonhoso António Louro 24-08-2022, às 11:31 O melhor mesmo é começar a pertencer a um seguro e o estado deixar de se preocupar com isso. O pior são as pessoas que não teem dinheiro para pagar o seguro, assim o estado paga o seguro dessas pessoas. Pelos vistos, parece que esse sistema funciona ... Assim deixa de haver uns filhos da mãe, outros filhos do pai. Isto do estado tomar conta do serviço de saúde, sou contra, uns teem a ADSE outros não teem médico. Isso de uns serem filhos da mãe e outros filhos do pai não traz benefícios para ninguém ... Isto que está a acontecer é o reflexo desta porcaria de sistema... Cunhas, primo do primo, e depois quem tem que pagar é quem não tem para pagar. João Reis 24-08-2022 às 06:04 |
|
Leia também
Censos 2021
|
Antigos doentes queixam-se de dificuldades respiratórias, perdas de memória e cansaço
|
Ouvimos responsáveis da Ordem dos Médicos, Sindicato Independente dos Médicos, utentes, o novo conselho de administração, os presidentes de Câmara e as associações de socorro nesta radiografia a esta unidade de saúde. Está pior ou não? Foi o que quisemos saber.
|
Vertical Divider
|
Notícias Mais Populares
Junta de Azambuja diz adeus às largadas e olá a um festival de música Regressam as Festas em Honra de Nossa Senhora da Salvação a Arruda dos Vinhos Centro de Saúde da Castanheira- O Caos Continua Utentes dos centros de Saúde de Azambuja e Castanheira do Ribatejo vivem autêntica tortura Festas de Samora Correia esperam milhares de visitantes |