Vendedor ambulante de cachorros e presidente da junta de Vila Franca em rota de colisãoMário Calado e Cristina Dias travam-se de razões
Sílvia Agostinho
26-07-2017 às 12:05 Um negócio de venda ambulante de cachorros quentes que habitualmente ocupa a denominada Rua do Chave de Ouro no Colete Encarnado, que este ano decorreu de 30 a 2 de julho, entrou em rota de colisão com o presidente da junta de freguesia de Vila Franca de Xira, Mário Calado. Tudo porque alegadamente, o autarca deu indicação aos gerentes da Hot Dog In Love que para operarem este ano na festa bastaria que dessem início ao processo de forma legal ao contrário do que acontecia até ao ano passado. Cristina Dias, da Hot Dog In Love, refere ao Valor Local que se sentiu ultrapassada tendo em conta que na sua opinião Mário Calado deu o dito por não dito, e acabou por autorizar um lugar de venda ambulante para pizzas, ao qual não apareceram concorrentes, através de edital, e quando antes tinha seguido à risca os conselhos do autarca.
Cristina Dias não pôde assim fazer negócio durante a festa pois foi impedida pelas forças de autoridade em virtude de não ter licença passada para o efeito tendo em conta o exposto acima. A junta de freguesia apenas autorizou licenciamentos para gelados, farturas, pão com chouriço, ginginhas. “Um dos agentes inclusivamente abordou-me dizendo que a autarquia proibia expressamente a venda de cachorros em qualquer ponto da cidade”. A vendedora ambulante confessa que no último dia do Colete Encarnado arriscou e foi apenas no domingo que conseguiu fazer negócio, embora sabendo que estava em prevaricação contra as regras. Por não ter vendido nem na sexta nem no sábado, acredita que teve um prejuízo na ordem dos dois mil euros. A empresária lamenta muito o estado de coisas, até porque sucederam-se outros casos igualmente à margem da lei, como foi o caso das tertúlias “que venderam bifanas para fora”, ou mesmo “alguns cafés que andaram a vender bifanas e couratos no meio da rua”. “Sem faturas e sem registros”. Cristina Dias não tem dúvidas de que foi “castigada” pela junta, até porque foi a única visada. “O presidente andou a gozar com a minha cara tendo em conta que me pediu para tratar de tudo”. Em outras localidades do país onde opera concorre atempadamente aos respetivos concursos, “e se não for escolhida e não me quiserem lá tudo bem, compreendo perfeitamente, não posso é aceitar este tipo de jogos, e que o presidente me tenha tomado de ponta”. Em plena época de festas e romarias, Cristina Dias refere que acabou por ser ainda mais prejudicada pois poderia ter concorrido a outro evento no país, quando pensava que ia acabar por vender na festa da sua terra, o Colete Encarnado. Os editais saíram em junho, ou seja “demasiado tarde para poder ir para outro lado nesta altura do ano”. A dada altura, a junta de freguesia alegou, também, que a venda do produto em causa interferia com o negócio da restauração, e a Hot Dog in Love deixa a dúvida: “Os vendedores de farturas não interferirão com as pastelarias? Os carros de pão com chouriço também não interferem com os cafés que vendem o mesmo produto, bem como o negócio dos gelados. Pois até aos ciganos no meio da rua lhes deram autorização para venda ambulante, isto não passa de uma discriminação”, diz a gerente, que conclui – “Não nos venham mandar areia para os olhos”. “O presidente andou a brincar comigo e com a minha vida. Depois de tanta conversa e de tanta reunião fiquei muito desiludida. Mais-valia que me tivesse dito com tempo que não queria cachorros na festa. Se fosse honesto eu fazia a minha vida para outro lado”. Mário Calado, presidente da junta, refere perentoriamente que jamais prometeu o que quer que fosse a Cristina Dias – “Essa senhora é mentirosa”. “Apenas lhe disse para não andar ilegal, mas sem lhe prometer absolutamente nada. O único crime que cometi foi atribuir-lhe uma licença para vender castanhas numa determinada localização no dia de umas eleições, mas com pena dela aconselhei-lhe outro local para que fizesse mais negócio porque passava lá mais gente. Até me deu umas castanhinhas que sobraram da venda”. Mário Calado acrescenta “Não sou profeta nem jesus não prometo nada a ninguém. Apenas lhe disse para tratar dos papéis que depois podia concorrer mas em igualdade de circunstância com os outros”. Para além disso “era só o que faltava ter lugar cativo para vender cachorros”. O presidente da junta garante que conhece Cristina Dias há muitos anos, mas que não voltará a recebê-la na junta. “Não vai conseguir denegrir a minha imagem, meteu o pé na argola e agora arma-se em santinha”. ComentáriosSeja o primeiro a comentar
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