
Implantada desde meados da década de 90 na via que liga
Aveiras de Cima a Alcoentre, a denominada zona industrial de Aveiras de Cima é
dominada quase em exclusivo pela Companhia Logística de Combustíveis (CLC) que
em 1993 abandonou a zona de Cabo Ruivo, em Lisboa, para se fixar no concelho,
devido à Expo 98. A zona industrial poderia significar algo mais na captação de
empresas, devido à proximidade com a autoestrada, mas tal acabou por não se
concretizar. E hoje são muitos os terrenos que se encontram para venda a preços
baixos, porque o aeroporto da Ota também acabou por não se consumar.
António Varela da empresa Renit é o único proprietário dos terrenos situados ao longo de alguns quilómetros entre Aveiras de Cima e Alcoentre. No início, com preços fortemente especulativos, tendo em conta o desenvolvimento que o novo aeroporto deixava antever, hoje, vendidos a preços mais baixos.
Recentemente, o proprietário da empresa Jodel, ligada aos produtos químicos, José Ferreira comprou mais um hectare – “por 500 mil euros”, que considera como tendo sido uma “aquisição barata”. Localizada na zona industrial desde 2000, devido às ligações a Aveiras de Cima por parte do seu proprietário, a empresa emprega 300 pessoas oriundas sobretudo da vila de Aveiras de Cima, mas também de Azambuja, Ota e Cartaxo. O empresário revela que decidiu construir a unidade de Aveiras depois de constatar que a Jodel já não conseguiria crescer fisicamente em Odivelas, onde se situa a sede. “Aqui havia mais disponibilidade de terrenos, só existia a CLC. Comprei, inicialmente, uma zona de 10 hectares, possuo actualmente cerca de 120 mil m2 no total. No início os terrenos tinham preços mais altos, hoje passa-se o inverso”. Para si, o balanço é francamente positivo, pois a proximidade à A1 torna-se um factor importante quando tem de fazer deslocações frequentes entre Odivelas e Aveiras de Cima todos os dias. A Jodel é líder de mercado na sua área, produz as marcas próprias de supermercado, e exporta para Espanha, França e países africanos.
Quanto à CLC, à época, a transferência da empresa para o Vale da Ameixoeira em Aveiras de Cima, tornou-se polémica. A proximidade com as populações e o desconhecimento sobre as matérias que aí iam ser tratadas, levou a contestações e a receios por parte dos habitantes. Ainda hoje, muitos populares se queixam do cheiro a gás, algo que as entidades oficiais atribuem ao produto que é adicionado às bilhas para que se detecte uma possível fuga, já que o gás não tem cheiro.
Todavia, a CLC que foi a primeira empresa a fixar-se nesta zona, tem hoje protocolos com várias entidades de socorro, como os Bombeiros de Alcoentre e Azambuja e os núcleos da Cruz Vermelha. O convívio com a população tornou-se pacífico, até tendo em conta os postos de trabalho criados.
O Valor Local tentou fazer um balanço sobre a estadia da empresa no concelho de Azambuja, mas a mesma não se mostrou interessada em colaborar.
António Varela da empresa Renit é o único proprietário dos terrenos situados ao longo de alguns quilómetros entre Aveiras de Cima e Alcoentre. No início, com preços fortemente especulativos, tendo em conta o desenvolvimento que o novo aeroporto deixava antever, hoje, vendidos a preços mais baixos.
Recentemente, o proprietário da empresa Jodel, ligada aos produtos químicos, José Ferreira comprou mais um hectare – “por 500 mil euros”, que considera como tendo sido uma “aquisição barata”. Localizada na zona industrial desde 2000, devido às ligações a Aveiras de Cima por parte do seu proprietário, a empresa emprega 300 pessoas oriundas sobretudo da vila de Aveiras de Cima, mas também de Azambuja, Ota e Cartaxo. O empresário revela que decidiu construir a unidade de Aveiras depois de constatar que a Jodel já não conseguiria crescer fisicamente em Odivelas, onde se situa a sede. “Aqui havia mais disponibilidade de terrenos, só existia a CLC. Comprei, inicialmente, uma zona de 10 hectares, possuo actualmente cerca de 120 mil m2 no total. No início os terrenos tinham preços mais altos, hoje passa-se o inverso”. Para si, o balanço é francamente positivo, pois a proximidade à A1 torna-se um factor importante quando tem de fazer deslocações frequentes entre Odivelas e Aveiras de Cima todos os dias. A Jodel é líder de mercado na sua área, produz as marcas próprias de supermercado, e exporta para Espanha, França e países africanos.
Quanto à CLC, à época, a transferência da empresa para o Vale da Ameixoeira em Aveiras de Cima, tornou-se polémica. A proximidade com as populações e o desconhecimento sobre as matérias que aí iam ser tratadas, levou a contestações e a receios por parte dos habitantes. Ainda hoje, muitos populares se queixam do cheiro a gás, algo que as entidades oficiais atribuem ao produto que é adicionado às bilhas para que se detecte uma possível fuga, já que o gás não tem cheiro.
Todavia, a CLC que foi a primeira empresa a fixar-se nesta zona, tem hoje protocolos com várias entidades de socorro, como os Bombeiros de Alcoentre e Azambuja e os núcleos da Cruz Vermelha. O convívio com a população tornou-se pacífico, até tendo em conta os postos de trabalho criados.
O Valor Local tentou fazer um balanço sobre a estadia da empresa no concelho de Azambuja, mas a mesma não se mostrou interessada em colaborar.

Câmara de Azambuja viu defraudadas expectativas
A localização privilegiada junto à principal auto-estrada do país deixava antever um futuro risonho para os interesses económicos do concelho, com mais empresas e mais postos de trabalho. O antigo presidente do município, Joaquim Ramos, confirma esse antigo desiderato – “Tínhamos grandes esperanças nesse loteamento, até porque o proprietário – uma única empresa de facto – vinha trabalhando connosco de uma forma muito entusiástica e já com uma carteira de clientes potenciais muito significativa”, refere, adiantando que na altura até já estava prevista “a construção dos acessos bem como uma melhoria substancial da EN366”.
O loteamento foi entregue, aprovado pelos serviços, foram pagas as taxas e licenças que “deram para cima de um milhão de euros e numa parte o promotor” ainda construíu as infra-estruturas. No entanto, o «estado de coisas» viria a sofrer mais um revés com o famigerado projecto TGV Lisboa-Porto e as medidas restritivas “que apanharam em cheio toda a área de loteamento” e fizeram com que a área em causa perdesse mais uma vez o comboio do desenvolvimento. Joaquim Ramos comenta que não foi possível “fazer mais nada”; entretanto as medidas foram levantadas, mas tendo em conta o contexto de crise económica, é difícil encontrar quem queira avançar. Ramos revela que manteve contacto com o promotor mas que o mesmo foi “viver e desenvolver os seus projectos para o Brasil, Angola e Moçambique”. A empresa do promotor, António Varela, Renit (Construção e Obras Públicas SA) mantem escritórios em Lisboa, e apesar de diversos contactos para chegarmos à fala com a sua administração foi demonstrada total indisponibilidade.
Certo é que com alguma facilidade se podem encontrar diversificados anúncios de venda de terrenos na zona industrial de Aveiras de Cima nos sítios da internet concebidos para o efeito; através de diferentes imobiliárias, sintoma da paralisia que afecta todo o processo.
Há, por exemplo, um terreno com 14 mil metros quadrados à venda por 650 mil euros com projecto para armazém ou nave única. “Óptimo investimento para qualquer indústria ligeira ou pesada, logística de transporte ou para empresas de distribuição de combustíveis”, pode ler-se no anúncio. Outro exemplo – “Área de 16200 m2 na zona industrial de Aveiras, perto do parque de combustíveis da CLC. Ideal para implementação de empresa. Excelente oportunidade de negócio” Ou ainda – e por 850 mil euros, 14 mil e quatro m2 de terreno industrial também junto “ao parque de distribuição de combustíveis da CLC”. Por um milhão e 421 mil euros, e também à venda: 40 mil 600 m2 terreno industrial “com moradia térrea que pode ser recuperada, situada às portas da auto-estrada e em zona industrial”.
O novo presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa pretende fomentar a ocupação da Zona Industrial Aveiras-Alcoentre, tentando captar possíveis interessados, que ao manifestarem o seu interesse em se fixarem no concelho são encaminhados para a zona em causa.
O local é bem servido de acessos, mas o facto de grande parte dos terrenos estarem nas mãos de um único investidor, não facilita a sua ocupação por outras empresas.
Ao nosso jornal, o presidente da Câmara de Azambuja considera esta uma questão importante para o desenvolvimento da região em termos económicos, e reconhece a dificuldade das empresas no contacto com o proprietário desses terrenos. “Até porque já me disseram que está no Brasil”, refere, acrescentando que os terrenos estão agora a ser geridos por um banco, e que as dificuldades de comunicação entre “as respectivas entidades não têm sido muito fáceis.”
Nos próximos dias, Luís de Sousa conta reunir-se com um investidor asiático “que quer investir em Portugal”. Segundo o autarca, trata-se de uma fábrica de chinelos que poderá representar alguns postos de trabalho.
Quanto a benefícios para fixar empresas nesta zona industrial, Luís de Sousa prefere não se adiantar. O autarca lembra que em tempos a Câmara disponibilizou “algumas benesses para quem se fixasse no alto do concelho, mas isso não resultou”, sobretudo devido aos acessos que deixam a desejar.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima lamenta que a grande maioria dos terrenos esteja nas nãos de um único proprietário. O autarca salienta que essa é uma luta de vários anos, e que tem tido como consequência a inviabilização de outras empresas por falta de espaço. Para além da falta de espaço António Torrão aponta também o dedo à forma de como a Câmara Municipal de Azambuja tem gerido todo este processo.
Com menos de 5 empresas de média dimensão, a zona Industrial de Aveiras – Alcoentre tem tido dificuldades para se impor. Há mesmo casos de empresas que já encerraram as portas. Um dos casos mais flagrantes prende-se com um armazém de logística (FOTO) que está selado pela empresa de segurança “Securitas” que fica paredes meias com a Jodel .
Segundo António Torrão, o edifício em causa era propriedade da empresa que geria os supermercados “Carrefour”. Ora essa empresa foi entretanto vendida e como consequência os armazéns foram desactivados.
A zona Industrial de Aveiras – Alcoentre foi criada pelo antigo presidente da Câmara João Benavente. O antigo autarca explicou ao Valor Local que o objectivo daquele espaço “era a fixação de empresas aproveitando os acessos, nomeadamente a Auto-Estrada do Norte. Todavia este é um processo que começou mais ou menos bem, mas que nos últimos tempos tem estado a “meio gás”. Foi no início dos anos 90 que a zona industrial se começou a desenhar. João Benavente lembra que o objectivo era dar continuidade á zona industrial de Azambuja.
Os tempos não são propícios a grandes investimentos mas a inviabilização de alguns prováveis bons negócios por parte da empresa proprietária, devido às dificuldades de comunicação, e quem sabe à espera de melhores dias que permitam um novo inflacionar de preços, também acabam por deixar aquela zona industrial cada vez mais ao abandono, quase fantasma.

ACISMA
indica possíveis caminhos
A Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA) entende esta problemática de dois pontos de vista: os relacionados com a natureza especulativa e os de natureza estrutural.
Daniel Claro, porta-voz da associação, no que concerne a questão especulativa refere que “não custa perceber que a indefinição de décadas no tocante à implantação do novo aeroporto de Lisboa, conjugada com as medidas restritivas que se foram mantendo, alimentou o processo com a expectativa por parte dos proprietários de se gerarem mais-valias bastante interessantes no caso de construção da propalada cidade aeroportuária”. Sendo assim, seria de todo o interesse, no ponto de vista da associação, que os “proprietários dos terrenos esclarecessem por completo esta questão!”
Mas a política da autarquia para estas questões ao longo dos anos também merecem alguns reparos, desde logo a existência de um Plano Director Municipal (PDM) que define a logística e o turismo com os dois vectores fundamentais do desenvolvimento, mas que “atirou aquele eixo territorial (o eixo Aveiras de Cima/Alcoentre) para um ‘limbo’ de oportunidade e atenção económica, atento o facto de inclusive o PROTOVT (Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo) definir como prioritário para a implantação da Logística, o eixo Vila Nova da Rainha/Azambuja, ao longo da Estrada Nacional 3”. Uma circunstância no entender da ACISMA “incompreensível”, até porque conduziu a um “uso intensivo e com carácter quase de monoactividade aquela via” com mais custos de densidade rodoviária; que hoje se conhecem e alienando a possibilidade de, em devido tempo, que outras opções em termos industriais pudessem ter sido encontradas
A A prossegue na sua consideração sobre este tema – “Evidentemente que o facto de a maior parte dos terrenos estarem nas mãos de um único proprietário tem uma influência determinante. Sendo certo que é legítimo ao proprietário tentar obter com o investimento as maiores mais-valias possíveis, não é menos certo que o silêncio e a falta de soluções por parte dos poderes públicos e nomeadamente da Câmara Municipal de Azambuja não contribuiu para a inversão do problema”. Entende a Acisma que “a colocação à venda, há alguns anos atrás, por parte do Estado, de terrenos da Colónia Penal de Alcoentre situados na mesma zona deveria ter sido discutida pela Câmara Municipal, dando assim, no mínimo, sinais claros ao proprietário do terreno de querer intervir naquele território numa perspectiva de desenvolvimento”.
“No estado em que se encontra, nem sequer podemos chamar o local de ‘Zona Industrial’ mesmo que… ‘fantasma’! Uma verdadeira zona industrial necessita de um projecto e de uma dinâmica que não estão presentes naquele território, com a agravante de que as condições económicas e financeiras que o país atravessa não favorecem atitudes passivas de esperar para ver, aguardemos pois, por parte do novo executivo camarário uma atitude mais assertiva nesta matéria!”
Por fim salienta algumas mais valias que o concelho, e em particular esta zona industrial, ainda tem para oferecer – “ O município hoje tem conhecimento instalado no campo da formação profissional e da educação, que, em articulação com empresas e associações empresariais de dimensão nacional, pode servir de base ao estabelecimento de um plano de aproximação ao investidor, nomeadamente de pequena e média dimensão, demonstrando que a localização territorial – mais ou menos a meio do território nacional – e as condições ambientais e educacionais são um bom ponto de partida para a implantação de indústrias de bens transaccionáveis que, consensualmente, constituem hoje uma prioridade do desenvolvimento económico sustentado.”
Sílvia Agostinho/ Jornal Valor Local Outubro 2013
A Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA) entende esta problemática de dois pontos de vista: os relacionados com a natureza especulativa e os de natureza estrutural.
Daniel Claro, porta-voz da associação, no que concerne a questão especulativa refere que “não custa perceber que a indefinição de décadas no tocante à implantação do novo aeroporto de Lisboa, conjugada com as medidas restritivas que se foram mantendo, alimentou o processo com a expectativa por parte dos proprietários de se gerarem mais-valias bastante interessantes no caso de construção da propalada cidade aeroportuária”. Sendo assim, seria de todo o interesse, no ponto de vista da associação, que os “proprietários dos terrenos esclarecessem por completo esta questão!”
Mas a política da autarquia para estas questões ao longo dos anos também merecem alguns reparos, desde logo a existência de um Plano Director Municipal (PDM) que define a logística e o turismo com os dois vectores fundamentais do desenvolvimento, mas que “atirou aquele eixo territorial (o eixo Aveiras de Cima/Alcoentre) para um ‘limbo’ de oportunidade e atenção económica, atento o facto de inclusive o PROTOVT (Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo) definir como prioritário para a implantação da Logística, o eixo Vila Nova da Rainha/Azambuja, ao longo da Estrada Nacional 3”. Uma circunstância no entender da ACISMA “incompreensível”, até porque conduziu a um “uso intensivo e com carácter quase de monoactividade aquela via” com mais custos de densidade rodoviária; que hoje se conhecem e alienando a possibilidade de, em devido tempo, que outras opções em termos industriais pudessem ter sido encontradas
A A prossegue na sua consideração sobre este tema – “Evidentemente que o facto de a maior parte dos terrenos estarem nas mãos de um único proprietário tem uma influência determinante. Sendo certo que é legítimo ao proprietário tentar obter com o investimento as maiores mais-valias possíveis, não é menos certo que o silêncio e a falta de soluções por parte dos poderes públicos e nomeadamente da Câmara Municipal de Azambuja não contribuiu para a inversão do problema”. Entende a Acisma que “a colocação à venda, há alguns anos atrás, por parte do Estado, de terrenos da Colónia Penal de Alcoentre situados na mesma zona deveria ter sido discutida pela Câmara Municipal, dando assim, no mínimo, sinais claros ao proprietário do terreno de querer intervir naquele território numa perspectiva de desenvolvimento”.
“No estado em que se encontra, nem sequer podemos chamar o local de ‘Zona Industrial’ mesmo que… ‘fantasma’! Uma verdadeira zona industrial necessita de um projecto e de uma dinâmica que não estão presentes naquele território, com a agravante de que as condições económicas e financeiras que o país atravessa não favorecem atitudes passivas de esperar para ver, aguardemos pois, por parte do novo executivo camarário uma atitude mais assertiva nesta matéria!”
Por fim salienta algumas mais valias que o concelho, e em particular esta zona industrial, ainda tem para oferecer – “ O município hoje tem conhecimento instalado no campo da formação profissional e da educação, que, em articulação com empresas e associações empresariais de dimensão nacional, pode servir de base ao estabelecimento de um plano de aproximação ao investidor, nomeadamente de pequena e média dimensão, demonstrando que a localização territorial – mais ou menos a meio do território nacional – e as condições ambientais e educacionais são um bom ponto de partida para a implantação de indústrias de bens transaccionáveis que, consensualmente, constituem hoje uma prioridade do desenvolvimento económico sustentado.”
Sílvia Agostinho/ Jornal Valor Local Outubro 2013