Há quem vá às onze da noite para a porta do posto médico do Carregado para ter consulta no dia seguinte
Dos 16 mil 453 utentes apenas 1784 possuem médico de família. Seriam necessários mais sete clínicos
|28 Set 2021 10:40
Sílvia Agostinho A falta de médicos de família no Carregado tem estado a piorar de dia para dia. É cada vez menor o número de clínicos naquela extensão de saúde, no concelho de Alenquer, dado que para 16 mil 453 utentes apenas 1784 possuem médico de família, quando seriam necessários sete. No dia 9 de setembro teve lugar uma manifestação por parte da Comissão de Moradores do Carregado que reclamaram por mais e melhores cuidados de saúde. Na última quarta-feira, dia 22 de setembro, os utentes foram para a rua fazer uma vigília pela noite dentro para reivindicar melhores cuidados de saúde.
João Fernando, daquela comissão de utentes, refere que não tem sido fácil a fixação de médicos na freguesia, “o que tem causado graves problemas de funcionamento” dos cuidados de saúde. O representante desta comissão fala em cenários como a ida ainda de madrugada ou mesmo durante a noite dos utentes para a porta da unidade de saúde na esperança de conseguirem vaga para consulta. João Fernando adianta que já se reuniu com os representantes municipais, com o presidente da Câmara, Pedro Folgado, e com o vereador com o pelouro da saúde, Paulo Franco. A comissão entregou ainda um documento ao secretário de Estado António Sales quando veio inaugurar a Unidade de Saúde no sentido da resolução destes problemas e a criação de uma estrutura de igual tipo à que arrancou no Centro de Saúde de Alenquer que permite aos médicos contratar clínicos de forma mais célere, embora acredite que isso só por si não é o suficiente “pois há que criar condições para a fixação dos médicos”. O centro de saúde do Carregado chegou a ter seis médicos de recurso, mas “que não vinham todos os dias da semana, exceto um deles, os restantes cinco apenas às sextas-feiras”, o que tornava a situação ainda mais caótica e desorganizada trocando as voltas e o planeamento de consultas aos utentes. Há mesmo quem espere meses por uma consulta, ou quem se sujeite a cumprir o calvário de esperar horas seguidas não para uma consulta para si, mas para alguém em troca por exemplo de “20 euros”. O responsável da comissão de moradores acredita que a solução passa por “obrigar os médicos a participar no Serviço Nacional de Saúde durante quatro ou cinco anos porque também é o Estado que lhes paga a formação nas universidades, e dessa forma podia-se mitigar o problema”. Em muitos concelhos, a maioria das vagas para médicos de família nas administrações regionais de saúde não consegue ser preenchida, e quando os ordenados também não são os mais apelativos. Já o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, que se encontrou recentemente com a ministra da Saúde, Marta Temido refere que dessa reunião saiu a garantia de que o Estado Central reconheceu a urgência na contratação de médicos para esta unidade de saúde bem como de outras no concelho de Alenquer. “Pondera-se (segundo o ministério da Saúde) atribuir utentes aos médicos que estão em prestação de serviços. Equaciona-se também acrescentar valor e dar benesses financeiras aos médicos que pretendam ficar alocados no nosso concelho, para se minimizar despesas da deslocalização. Parecem-nos boas medidas e deviam ser imediatas, mas a senhora ministra confirmou-nos que serão implementadas até ao final do ano, para que estejam contempladas no Orçamento de 2022”, deu a conhecer a Câmara de Alenquer em comunicado. |
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