84 por cento da população de Azambuja sem médico de família é cenário "catastrófico"
Azambuja e Aveiras de Cima apenas com uma médica para cada unidade a breve prazo. Único médico para Alcoentre e União de Freguesias vai reformar-se. Armando Martins do Movimento Cívico pela Saúde refere que diretora do centro de saúde de Azambuja apesar da sua boa vontade, está completamente desamparada pelo ACES e ARS-LVT
|01 Ago 2022 17:46
Sílvia Agostinho A falta de médicos no concelho de Azambuja bate por estes dias valores mínimos, mas o estado de coisas vai piorar. Este cenário foi transmitido pela diretora do centro de saúde de Azambuja, Raquel Caetano, durante uma reunião que teve lugar com Armando Martins do Movimento Cívico Pela Saúde em Azambuja, na passada sexta-feira. Na sede de concelho, Raquel Caetano é a única médica de serviço e em Aveiras de Cima, onde atualmente prestam serviço dois clínicos, um deles vai sair. Já em Alcoentre e Manique do Intendente, o único médico para toda a população daquela zona do concelho de Azambuja vai reformar-se em breve. 21 mil 421 habitantes do concelho vão ter apenas dois médicos a prestar consultas. As alternativas são dois clínicos de recurso, sendo que um deles tem faltado com alguma regularidade.
Ao Valor Local, Armando Martins refere que notou na nova diretora do centro de saúde uma outra abertura em relação aos seus antecessores, sendo que também Raquel Caetano pediu ajuda face ao estado calamitoso a que chegou o estado de coisas. "Penso que ela está a fazer tudo o que é possível no sentido de alterar a gestão, proporcionando outro bem-estar aos utentes, bem como a forma como os funcionários lidam com as pessoas". Contudo Armando Martins é da opinião de que Raquel Caetano "não está a ser ajudada pelas hierarquias, Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo ". Por outro lado, sendo apenas uma Unidade de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) "dá poucas condições remuneratórias aos médicos". Recorde-se que já foi anunciada a intenção de transformar a UCSP numa Unidade de Saúde Familiar mas até à data nunca saiu do papel. No mais recente concurso lançado pelo ministério da Saúde foram abertas três vagas para o centro de saúde local mas acabaram por não ser preenchidas, pelo que não há perspetivas de as lacunas serem preenchidas tão cedo. Armando Martins considera que o concelho está a atravessar "um cenário catastrófico que vai ter de passar pela tomada de medidas como manifestações, uma marcha lenta na Nacional 3, e outras ações". Raquel Caetano também tomou boa nota da circunstância que resulta no facto de não haver médicos, e como tal muitos são os utentes que todas as noites acampam à frente do centro de saúde, ainda de madrugada, com esperança de obterem uma consulta de recurso no dia seguinte. A responsável referiu que as consultas de recurso passarão a ser feitas por marcação, pese embora isso ainda não ser possível até que seja mudada a central telefónica. "Está prometida uma central digital por parte de Luís Pisco da ARS-LVT para melhorar o sistema de atendimento telefónico, mas continuamos à espera, até porque já estiveram técnicos no local, mas como nesse dia faltou o informático do centro de saúde não voltaram cá para resolver o caso", tomou conhecimento Armando Martins. Por outro lado há que "colocar o ar condicionado em funcionamento, porque é uma vergonha existir apenas uma ventoinha". Mais uma vez a burocracia impera, e há que aguardar pelo lançamento de um concurso para o efeito. "Há mais de um ano que Luís Pisco nos disse que ia colocar um novo ar condicionado mas até hoje nada foi cumprido". Nesta reunião, Armando Martins apresentou a sugestão de recurso a privados para colmatar as falhas do centro de saúde, através do método de "requisição" desse serviço, "porque se o Estado já trabalha com uma empresa de prestação de serviços para os médicos de recurso, e sempre que um deles falta, não há o cuidado dessa empresa enviar um substituto, penso que a nossa ideia seria mais eficaz tendo em conta que existem vários consultórios médicos privados no concelho". Ultrapassável será ainda o facto de a breve trecho surgir um balcão SNS 24 na junta de freguesia de Azambuja que permita resolver questões como renovar receitas, marcar ou remarcar consultas, tirar um certificado, entre outras valências - "Não houve abertura do anterior diretor do centro de saúde, sendo que Raquel Caetano pediu-me para transmitir ao presidente da junta, André Salema, que já o fiz, a sua disponibilidade para implantarmos este serviço". |
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