A “ALV” e a “UTICA”
Por Augusto Moita
Após um período de interregno, volto ao “convívio” dos nossos estimados leitores, versando mais um tema emergente, como habitualmente. Desta feita, vamos abordar a ALV, sigla que significa: Aprendizagem ao Longo da Vida. Entendo a ALV a partir de dois conceitos absolutamente básicos e que se articulam entre si; a) aprendizagem e b) vida. Porque naturalmente se refere à aprendizagem realizada por toda a pessoa, desde o nascimento até à morte, em qualquer idade e, em âmbitos formais, não formais e informais de aprendizagem, tais como: a família, a comunidade, o sistema escolar, o grupo de pares, os meios de informação/comunicação, o sistema político, a participação social, a formação/informação no trabalho, a própria leitura e mesmo a escrita, etc..
Na minha perspetiva existem duas fases na ALV (Aprendizagem ao Longo da Vida):
a) a que se verifica ao longo da vida ativa (profissional);
b) a que se verifica após a vida ativa (reforma).
Para quem se encontra no mercado de trabalho, i.e., na vida ativa, aprender é a única opção, já que se trata de uma condição de sobrevivência e desenvolvimento pessoal. A constante evolução tecnológica, os rápidos ciclos de vida dos produtos e a transitoriedade da relação laboral (mudanças frequentes entre carreiras profissionais e funções), o aumento da eficiência nos mecanismos de difusão da informação e conhecimento, são fatores que torna mandatório a formação contínua. Sem esta, emergirá a estagnação e a obsolescência. Consequentemente, a única via é, a da formação e desenvolvimento pessoal e profissional, contínuos, como garante da empregabilidade. Daqui se infere, duas prerrogativas:
1º. A aquisição de novos conhecimentos e capacidades, aumenta naturalmente, o valor do profissional no mercado de trabalho, o seu poder de negociação contratual, a sua segurança e autoconfiança e, consequentemente, a sua empregabilidade. A formação contínua deve ser transversal a todas as idades e profissões/funções;
2º. Para as organizações (empresas) e instituições, é uma mais-valia, pois são igualmente beneficiárias, devendo assumir que, a formação dos seus colaboradores é um investimento e não um custo, dado os incrementos que se verificam nos índices motivacionais, satisfatoriais e comportamentais emergentes, que vão contribuir de forma notória para o desenvolvimento das próprias organizações/instituições, através de mudanças organizacionais, de um melhor clima organizacional e mais proficiência na solução dos problemas e também no desenvolvimento de novos produtos (inovação), melhoria da produtividade, competitividade e empreendedorismo com reflexos na economia real.
Também para aqueles que já não se encontram na vida ativa profissional (reformados), existem programas de Aprendizagem ao Logo da Vida (ALV) para seniores, ministrados em Universidades para a Terceira Idade, que teem como objetivo os seguintes pressupostos:
a) O envelhecimento ativo e saudável com a realização de atividades intelectualmente e socialmente estimulantes que melhorem a qualidade de vida da população sénior, proporcionando-lhes o convívio, a socialização e aprendizagens, por forma a sentirem-se ainda úteis e capazes de interagirem em atividades sócio-culturais;
b) Garantir que os conhecimentos básicos ministrados sirvam de elemento aculturador, proporcionando ao sénior, sem grande esforço, uma melhor perceção entre realidades distintas (o passado e o presente) que, se pretende, proporcionem um abrir de horizontes nos seus conhecimentos, quiçá, ainda muito úteis na sua interação social;
c) Garantir que o modelo de aprendizagem que visa transmitir informação, seja um modelo de educação competencial (Maria G. L. C. Pinto, ALV, pág 42) baseado no conceito de “atualização do autoconhecimento que, visa uma melhor gestão da vida pessoal e social através da “reactualização dos conhecimentos” e a problematização do conhecimento de acordo com os contextos;
d) Obviamente o modelo de aprendizagem não é um modelo de ensino escolar regular, i.e., seguem, por consequência, os princípios básicos do ensino não formal–competencial/participativo (segundo meu conceito). Não dando lugar a avaliação nem certificação das competências adquiridas. Naturalmente os alunos seniores não desejam ser avaliados porque já o foram ao longo das suas vidas e não pretendem continuar a sê-lo. Daqui o autor desta crónica inferir que se trata de um modelo de ensino não formal-competencial/participativo (aquisição de conhecimento visando melhores competências com a natural participação dos discentes – alunos -, através das suas vivências/experiências de vida e profissionais);
e) Garantir oferta educativa, a mais abrangente possível, levando em linha de conta a envolvente sócio cultural, por forma a proporcionar uma panóplia de opções educativas do agrado da população-alvo (seniores). “O importante é saber, que é a própria pessoa quem aprende e que a vida dessa pessoa muda com e através da aprendizagem, seja qual for a idade em que se aprende”.
Existem alguns mitos criados a propósito da pessoa idosa (Maria G. L. C. Pinto, ALV pág 54), a saber:
Mito 1 – “As pessoas mais velhas não teem nada de válido para dizer”;
Mito 2 – “As Pessoas mais velhas esquecem-se das coisas e são demasiado lentas para aprenderem coisas novas”;
Mito 3 – “As pessoas mais velhas apresentam problemas de mobilidade, veem male são todas surdas”;
Mito 4 – “As pessoas mais velhas vivem no passado e não gostam de mudar”;
Mito 5 – “As pessoas mais velhas não estão interessadas em aprender”
Todos estes mitos, que não passam disso mesmo, são facilmente “desmontáveis”. Contudo não cabe nesta crónica a sua dissecação, por exaustiva. Cumpre a vós, leitores seniores, provardes o contrário, inscrevendo-vos na UTICA.
Graças à meritória iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja e ao apoio da Câmara Municipal, a população sénior vai ter no seu concelho a possibilidade de frequentar as unidades curriculares (disciplinas) que lhes aprouver, já no próximo ano letivo 2015/2016, na UTICA em Azambuja.
UTICA, é um acrónimo que significa: Universidade para a Terceira Idade do Concelho de Azambuja.
À SANTA CASA e aos promotores da UTICA, os meus parabéns pela iniciativa.
Até à próxima crónica e boas leituras!
09-07-2015
Por Augusto Moita
Após um período de interregno, volto ao “convívio” dos nossos estimados leitores, versando mais um tema emergente, como habitualmente. Desta feita, vamos abordar a ALV, sigla que significa: Aprendizagem ao Longo da Vida. Entendo a ALV a partir de dois conceitos absolutamente básicos e que se articulam entre si; a) aprendizagem e b) vida. Porque naturalmente se refere à aprendizagem realizada por toda a pessoa, desde o nascimento até à morte, em qualquer idade e, em âmbitos formais, não formais e informais de aprendizagem, tais como: a família, a comunidade, o sistema escolar, o grupo de pares, os meios de informação/comunicação, o sistema político, a participação social, a formação/informação no trabalho, a própria leitura e mesmo a escrita, etc..
Na minha perspetiva existem duas fases na ALV (Aprendizagem ao Longo da Vida):
a) a que se verifica ao longo da vida ativa (profissional);
b) a que se verifica após a vida ativa (reforma).
Para quem se encontra no mercado de trabalho, i.e., na vida ativa, aprender é a única opção, já que se trata de uma condição de sobrevivência e desenvolvimento pessoal. A constante evolução tecnológica, os rápidos ciclos de vida dos produtos e a transitoriedade da relação laboral (mudanças frequentes entre carreiras profissionais e funções), o aumento da eficiência nos mecanismos de difusão da informação e conhecimento, são fatores que torna mandatório a formação contínua. Sem esta, emergirá a estagnação e a obsolescência. Consequentemente, a única via é, a da formação e desenvolvimento pessoal e profissional, contínuos, como garante da empregabilidade. Daqui se infere, duas prerrogativas:
1º. A aquisição de novos conhecimentos e capacidades, aumenta naturalmente, o valor do profissional no mercado de trabalho, o seu poder de negociação contratual, a sua segurança e autoconfiança e, consequentemente, a sua empregabilidade. A formação contínua deve ser transversal a todas as idades e profissões/funções;
2º. Para as organizações (empresas) e instituições, é uma mais-valia, pois são igualmente beneficiárias, devendo assumir que, a formação dos seus colaboradores é um investimento e não um custo, dado os incrementos que se verificam nos índices motivacionais, satisfatoriais e comportamentais emergentes, que vão contribuir de forma notória para o desenvolvimento das próprias organizações/instituições, através de mudanças organizacionais, de um melhor clima organizacional e mais proficiência na solução dos problemas e também no desenvolvimento de novos produtos (inovação), melhoria da produtividade, competitividade e empreendedorismo com reflexos na economia real.
Também para aqueles que já não se encontram na vida ativa profissional (reformados), existem programas de Aprendizagem ao Logo da Vida (ALV) para seniores, ministrados em Universidades para a Terceira Idade, que teem como objetivo os seguintes pressupostos:
a) O envelhecimento ativo e saudável com a realização de atividades intelectualmente e socialmente estimulantes que melhorem a qualidade de vida da população sénior, proporcionando-lhes o convívio, a socialização e aprendizagens, por forma a sentirem-se ainda úteis e capazes de interagirem em atividades sócio-culturais;
b) Garantir que os conhecimentos básicos ministrados sirvam de elemento aculturador, proporcionando ao sénior, sem grande esforço, uma melhor perceção entre realidades distintas (o passado e o presente) que, se pretende, proporcionem um abrir de horizontes nos seus conhecimentos, quiçá, ainda muito úteis na sua interação social;
c) Garantir que o modelo de aprendizagem que visa transmitir informação, seja um modelo de educação competencial (Maria G. L. C. Pinto, ALV, pág 42) baseado no conceito de “atualização do autoconhecimento que, visa uma melhor gestão da vida pessoal e social através da “reactualização dos conhecimentos” e a problematização do conhecimento de acordo com os contextos;
d) Obviamente o modelo de aprendizagem não é um modelo de ensino escolar regular, i.e., seguem, por consequência, os princípios básicos do ensino não formal–competencial/participativo (segundo meu conceito). Não dando lugar a avaliação nem certificação das competências adquiridas. Naturalmente os alunos seniores não desejam ser avaliados porque já o foram ao longo das suas vidas e não pretendem continuar a sê-lo. Daqui o autor desta crónica inferir que se trata de um modelo de ensino não formal-competencial/participativo (aquisição de conhecimento visando melhores competências com a natural participação dos discentes – alunos -, através das suas vivências/experiências de vida e profissionais);
e) Garantir oferta educativa, a mais abrangente possível, levando em linha de conta a envolvente sócio cultural, por forma a proporcionar uma panóplia de opções educativas do agrado da população-alvo (seniores). “O importante é saber, que é a própria pessoa quem aprende e que a vida dessa pessoa muda com e através da aprendizagem, seja qual for a idade em que se aprende”.
Existem alguns mitos criados a propósito da pessoa idosa (Maria G. L. C. Pinto, ALV pág 54), a saber:
Mito 1 – “As pessoas mais velhas não teem nada de válido para dizer”;
Mito 2 – “As Pessoas mais velhas esquecem-se das coisas e são demasiado lentas para aprenderem coisas novas”;
Mito 3 – “As pessoas mais velhas apresentam problemas de mobilidade, veem male são todas surdas”;
Mito 4 – “As pessoas mais velhas vivem no passado e não gostam de mudar”;
Mito 5 – “As pessoas mais velhas não estão interessadas em aprender”
Todos estes mitos, que não passam disso mesmo, são facilmente “desmontáveis”. Contudo não cabe nesta crónica a sua dissecação, por exaustiva. Cumpre a vós, leitores seniores, provardes o contrário, inscrevendo-vos na UTICA.
Graças à meritória iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja e ao apoio da Câmara Municipal, a população sénior vai ter no seu concelho a possibilidade de frequentar as unidades curriculares (disciplinas) que lhes aprouver, já no próximo ano letivo 2015/2016, na UTICA em Azambuja.
UTICA, é um acrónimo que significa: Universidade para a Terceira Idade do Concelho de Azambuja.
À SANTA CASA e aos promotores da UTICA, os meus parabéns pela iniciativa.
Até à próxima crónica e boas leituras!
09-07-2015
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