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A longa espera da solidariedade

Incêndio consumiu a sua casa e ajuda tem sido a conta-gotas
Sílvia Agostinho
29-10-2017 às 21:24
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Elisabete Esteves, 45 anos, viu a casa onde reside em Espinheira, na freguesia de Alcoentre, concelho de Azambuja incendiar-se em novembro de 2016. De lá para cá tem pedido ajuda a um sem número de instituições a começar pela Câmara Municipal de Azambuja que não a conseguiu até ao momento prestar-lhe auxílio porquanto a residência em causa não tem escritura em seu nome. Sendo um imóvel de família acabou por comprar a parte dos irmãos, mas sem que tenha existido uma formalização efetiva.

A habitante da freguesia que depois do incêndio tem residido noutros locais fora da área do município, encontrando-se neste momento a viver em Cheganças-Alenquer, lembra que tudo começou com o sobreaquecimento de uma salamandra que deixou as paredes de sua casa e o telhado impróprios para consumo bem como instalação elétrica e outros elementos da habitação. Rapidamente teve de se mudar com os filhos para outro local. Divorciada, e contando apenas com o ordenado mínimo, tem sido com muitas dificuldades que tem conseguido fazer a recuperação da casa. Uma instituição e o seu advogado têm ajudado a pagar a renda da casa onde reside atualmente para que mais rapidamente consiga voltar à sua habitação original no concelho de Azambuja.

Com braços e mãos atados teve de aceitar a indisponibilidade legal das várias entidades face ao facto de não possuir escritura para conseguir ter acesso a essa ajuda. Contudo nem através da possível dádiva de materiais por parte das mesmas. Ainda contactou o Projeto Sorriso, no Porto, e a Cruz Vermelha nacional mas mais uma vez viu esse pedido recusado devido ao entrave burocrático. Elisabete Esteves conta que não conseguiria ter condições financeiras para pagar esse encargo a que acresceria toda a vertente burocrática inerente. “Muitas pessoas da família já morreram. São muitos os herdeiros. Até o meu advogado disse que levaria anos e com muitos custos”.

No dia da reportagem, uma equipa de pedreiros já estava contudo no local a proceder ao arranjo do telhado, porquanto a abertura de uma conta bancária solidária por parte da filha de Elisabete Esteves permitiu desde já alguns contributos que vão permitir o arranjo do telhado orçado em mil euros. Elisabete Esteves está recetiva a mais ajudas, até porque as dificuldades são muitas.

Câmara de Azambuja acusada de insensibilidade

Em todo este processo e apesar de reconhecer que legalmente a Câmara de Azambuja nada podia fazer no que toca à reconstrução da habitação critica algumas formas de estar e acusa de insensibilidade uma funcionária da área social com quem contactou. A munícipe através da filha Filipa Ribeiro trocou larga correspondência com a autarquia à qual o Valor Local teve acesso em que se dava conta dos avanços e retrocessos na matéria. “O vereador Herculano Valada (mandato 2013-2017) até me prometeu uns barrotes mas depois como havia uma instituição que os queria dar, a dado momento, disse que já não era preciso. No fim de contas nem recebi barrotes de lado nenhum”, refere. Elisabete Esteves diz ainda que pediu por diversas vezes à junta de Alcoentre e à Câmara de Azambuja para recolherem o entulho, gerado pelo sinistro, das traseiras de sua casa mas até à data também infrutiferamente.

Num dos emails a que o Valor Local acedeu até é dito que uma das entidades que ia ajudar era a Câmara do Cadaval. Algo que nem Filipa Ribeiro nem Elisabete Esteves perceberam muito bem, pois residem no concelho de Azambuja. “O senhor Herculano Valada foi insensível”, não tem dúvidas, Elisabete Esteves.

A juntar a tudo isto e porque teve de mudar de concelho, continuando a sua morada fiscal a ser na Espinheira a Câmara também lhe retirou o apoio social: 18 euros para compra de carne e peixe e 10 euros para a farmácia. “Disseram que já não se podiam comprometer porque deixara de residir em Azambuja, aconselharam-me a procurar ajuda na Castanheira porque a seguir ao fogo fui para lá. De facto procurei essa ajuda nessa localidade que acabou por me ser dada”.

A Comunidade Vida e Paz, com sede em Lisboa, está a pagar a renda de casa de Elisabete Esteves, e o seu responsável José Domingos também acusa a funcionária da Câmara de não ter tido a sensibilidade que o caso exigiria. No meio de tudo isto, Elisabete Esteves enfatiza o papel das colegas da fábrica onde trabalha que lhe compraram “louças e avios”. Nesta altura salienta que só quer voltar para sua casa em Espinheira, concelho de Azambuja – “Mesmo que não fique como dantes se já puder voltar a ter o mínimo para conseguir viver cá dentro…”.
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Ouvido pelo Valor Local, o presidente da Câmara Luís de Sousa refere que na questão do entulho terá dado já ordem para que a Câmara e a junta de Alcoentre se articulem para proceder à necessária recolha. O autarca evidencia que não consegue ajudar mais no que toca a obras tendo em conta a questão da escritura. No que concerne aos apoios para supermercado e farmácia que a moradora recebia até à data do fogo diz que “é questão de voltarmos a ver essa possibilidade de novo”. “Tivemos um período de eleições e com a nova vereadora do pelouro podemos ver o que é possível fazer, e se de facto conseguimos voltar a ajudar”, sintetiza referindo ainda que desconhece a queixa de falta de sensibilidade em relação a uma das funcionárias com quem a família trocou correspondência.
 

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