A Alenculta nasceu para fomentar a atividade cultural no concelho de Alenquer. As primeiras reuniões tiveram lugar em 2012, e no ano passado foi apresentada aos elementos do executivo municipal, mas apenas mais recentemente a associação conseguiu instalações próprias, cedidas pela Câmara, o que segundo o presidente da mesma, Hernâni Figueiredo, estará na origem de alguma inatividade da mesma nos últimos tempos.
“Estamos satisfeitos com estas instalações, significam um bom ponto de partida para algumas atividades que queremos levar a efeito como colóquios, pequenos encontros e tertúlias, entre outros”. Hernâni Figueiredo refere que não espera outros apoios mais significativos por parte do município, “pois a manta é curta e não estica”, numa alusão às dificuldades financeiras da Câmara de Alenquer. “Este executivo e o anterior herdaram uma herança difícil, e como o dinheiro não é elástico…!”, acrescenta.
A associação calendarizou alguns eventos através da internet que acabaram por não ter lugar, mas o presidente da Alenculta refere novamente a falta de condições logísticas que espera ver colmatadas com a abertura da sede. No entanto, realça as entrevistas com o vereador da Cultura, Rui Costa; com Alexandre Casimiro que participou num talent show da RTP, com o Mestre João Mário, e com Jorge Vicente, ligado à tauromaquia, no âmbito da iniciativa “À Conversa com”.
Mas um dos objetivos da Alenculta passa por estreitar relações com outras associações do concelho com o objetivo de levarem a cabo algumas atividades conjuntas no âmbito cultural. A associação agendou entretanto cerca de 14 conferências para os próximos tempos, nomeadamente, sobre história da cerâmica, as cheias de 1967, e a figura de Hipólito Cabaço. Mas também o vinho, a figura de Camões, o Espírito Santo, as invasões francesas, a história da imprensa local escrita entre outros temas estão também na calha. “Estamos disponíveis para que outras associações queiram organizar estes debates, ou então a nossa associação aqui nas instalações”. A Alenculta está também disponível para a custo zero organizar estudos sobre públicos que frequentam espaços culturais para as entidades que os solicitem. A criação de uma escola de música poderá também estar no horizonte da associação, bem como a implementação de rotas culturais no concelho.
Um dos principais eventos a levar a cabo prende-se com uma bienal de arte figurativa em 2016 em articulação com o Mestre João Mário, que será “o nosso evento bandeira”, enfatiza. Será levado a cabo no final de mandato da atual direção. Cerca de 100 pessoas são sócias da Alenculta.
A vontade de fazer nascer a Alenculta também se prende “com a convicção da nossa parte de que a sociedade civil deve possuir a iniciativa para efetuar atividades em prol da Cultura, cabendo à Câmara balizá-las”. Figueiredo acredita que o atual executivo tem dado mais abertura do que os anteriores para que seja a sociedade civil a tomar a iniciativa. “A Câmara antigamente tinha uma postura paternalista”.
Hernâni Figueiredo que chegou a dirigir um jornal naquele concelho recorda-se que em tempos a vila conheceu algum dinamismo a nível de iniciativas culturais levadas a cabo pelo antigo vereador Luís Rema, que tinha alguma dificuldade em mobilizar públicos – “Ele próprio telefonava às pessoas para aparecerem nas iniciativas, mas depois era acusado pelos seus pares do executivo de gastar muito dinheiro em telefonemas. Portanto está a ver a mentalidade existente em contraponto com o esforço que ele fazia para ter cá gente a assistir a esses eventos com a vinda a Alenquer de figuras da Cultura a nível nacional.” Mas o presidente da Alenculta acredita que as coisas hoje estão diferentes, “A Câmara sempre falhou muito a nível da sua comunicação, não anunciando devidamente os eventos, mas acredito que o público é generoso e que estará presente nos nossos eventos”.
O percurso da Alenculta não tem deixado de conhecer alguns altos e baixos, e recentemente um dos elementos da mesma referiu nas redes sociais que Hernâni Figueiredo se encontrava demissionário da Alenculta, mas que teimava em não assumir esse fato perante todos. Hernâni Figueiredo desmente – “Se alguém está de saída é esse senhor, quanto a mim continuo à frente dos destinos da Alenculta, pelo menos até 2016”. “No entender de Figueiredo “nem todos se sentem aptos a fazer parte da Alenculta”.
Sílvia Agostinho
21-02-2015
Comentários
Muito bem .
A cultura ao nível concelhio carece de uma organização capaz de a revitalizar, capitalizando valores através destas manifestações culturais permitindo a participação da sociedade civil em debates.
Bem haja
Luis Figueiredo
21-2-2015
A cultura ao nível concelhio carece de uma organização capaz de a revitalizar, capitalizando valores através destas manifestações culturais permitindo a participação da sociedade civil em debates.
Bem haja
Luis Figueiredo
21-2-2015