Alenquer celebra 700 anos das Festas do Império do Divino Espírito Santo
Ao mesmo tempo, a Câmara prepara candidatura a património cultural imaterial
|20 Abr 2021 15:51
Celebram-se este ano 700 anos sobre a fundação das Festas do Império do Divino Espírito Santo (FIDES) em Alenquer, pela Rainha Isabel de Aragão e o Rei D. Dinis. De acordo com nota de imprensa do município, o programa da FIDES vai este ano prolongar-se até outubro, com um ciclo de conferências e concertos evocativos dos 700 anos deste culto da Santíssima Trindade.
Será também apresentado o livro de atas do Congresso Internacional do Espírito Santo, organizado em 2016 pelo município de Alenquer e a Confraria de Santa Isabel de Coimbra, com o apoio de instituições universitárias e cientificas nacionais e internacionais. Até domingo de Pentecostes, haverá missas solenes nas localidades do concelho com tradição no culto do Espírito Santo e uma missa campal conjunta dessas mesmas localidades: Aldeia Galega, Aldeia Gavinha, Pereiro de Palhacana, Atalaia, Cadafais, Carregado e Ota. A FIDES vai ainda este ano associar-se às comemorações do Dia Mundial da Criança, com apresentação e oferta de um livro sobre a origem das Festas do Império do Divino Espírito Santo, a todas as crianças da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico. Este ano na celebração dos 700 anos da FIDES, o município vai prestar homenagem póstuma ao padre José Eduardo Martins, com uma sessão solene e inauguração de uma exposição de fotografia. No largo do Espirito Santo, defronte da capela e albergaria, será descerrado um monumento a evocar os 700 anos sobre a fundação das festas. Concertos, exposições, uma oficina de gaita de foles, feira do pão e manifestações religiosas são outras das iniciativas programadas, sempre em articulação com as autoridades de saúde e em cumprimento das medidas de segurança difundidas pela DGS. Devido a essas mesmas medidas, a procissão de encerramento das Festas será este ano limitada aos elementos da Paróquia e não haverá a tradicional festa do Bodo, com a distribuição da sopa, pão e vinho à população. FIDES como Património Imaterial de Interesse Municipal Ao mesmo tempo, o município aprovou em reunião de Câmara a classificação destas festas a Património Imaterial de Interesse Municipal. Para além da componente imaterial ligada a esta celebração, Rui Costa, vereador da Cultura, nomeia também um importante espólio material composto por um "grande legado de coroas, bandeiras e estandartes entre outras peças religiosas" patentes nos seguintes locais: "Casa do Espírito Santo de Alenquer (Capela, Albergaria e Arcada), as Capelas do Espírito Santo de Aldeia Galega e de Aldeia Gavinha e Arneiro, as Igrejas de Atalaia, Ota e Pereiro de Palhacana e, por último, as Capelas de Paúla, Paiol, Casais Brancos e Vale Benfeito". O próximo passo será levar esta proposta à próxima reunião da Assembleia Municipal, a 23 de abril, a quem compete a confirmação desta classificação e iniciar o processo de candidatura ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial. Um processo em tudo semelhante ao que já foi feito recentemente com a tradição do “Pintar e Cantar os Reis” no concelho de Alenquer. “São processos sempre trabalhosos, longos e chegando a gerar esperas penosas, mas somos resilientes e combativos para levar mais este processo em frente até bom porto”, concluiu o vereador. Contexto histórico da festas Terá sido através dos frades franciscanos ainda na sua terra natal, que a Rainha Santa primeiro tomou contacto com os pensamentos de Joaquim de Fiore, que profetizava o advento do Império do Divino Espírito Santo, um tempo novo de amor universal e igualdade entre todos os cristãos. Após o seu casamento com D. Dinis, a rainha passou a ser donatária de várias terras e castelos, incluindo a vila de Alenquer onde os franciscanos primeiro se estabeleceram em Portugal cerca de um século antes. Deste reencontro com a ordem franciscana, terão germinado as festas em honra do Divino Espírito Santo, com início no domingo de Páscoa e encerramento sete semanas depois, no domingo de Pentecostes, com a procissão solene e o bodo, uma refeição constituída por pão e sopa de carne que era distribuída aos pobres. Eleito e coroado o imperador, de entre os mais humildes este era presença assídua em todos os lugares e momentos das Festas. Antes de serem abatidos, os touros utilizados para a confeção da sopa eram lidados para entretenimento do povo e havia músicas e danças, com os festejos a durarem vários dias. No encerramento das festas, a procissão com as suas insígnias, a coroa e a bandeira, partia da Igreja de São Francisco até à capela do Espirito Santo mandada erguer pela Rainha, junto a uma albergaria que doaria ao povo de Alenquer. Para a administrar, é instituída a Irmandade do Espírito Santo, que fica também responsável pela organização das festas. Enquanto as Festas do Divino Espírito Santo se propagavam pelo território português e pelo mundo, impulsionadas primeiro pelos Descobrimentos e depois pelos movimentos migratórios, em Alenquer começam a perder expressão e no século XX realizam-se apenas uma vez em 1945. Serão reabilitadas em 2007 tendo como principais impulsionadores o pároco e provedor da Misericórdia de Alenquer, José Eduardo Martins e D. Manuel Clemente, atual Cardeal Patriarca e à data Bispo de Lisboa. A reabilitação da capela e Arcadas do Espírito Santo precisamente por iniciativa do padre José Eduardo Martins, dão o impulso final às Festas sendo constituída uma comissão organizadora composta pelo município de Alenquer, Paróquias e Santa Casa da Misericórdia de Alenquer. Desde então as Festas têm vindo a consolidar-se não apenas na vila de Alenquer, mas também nas várias aldeias com tradições neste culto. A adesão popular às celebrações, atinge o seu ponto alto no encerramento das Festas, com a procissão a sair da igreja de S. Francisco ao som dos sinos, das gaitas de foles e da banda Filarmónica de Alenquer. Integram o desfile solene as coroas e bandeiras das paróquias, são transportados “cargos”, cestos de pão e pipas de vinho, símbolos das oferendas para bodo. Tapetes e tetos de flores nas ruas, bandeiras e colchas de damasco nas janelas das casas acompanham a procissão pelo centro histórico da vila, até ao largo do Espírito Santo onde são abençoadas as insígnias e oferendas. Atualmente o Bodo não é oferecido apenas aos mais necessitados, sendo partilhado por todos os que participam nas festas, sendo distribuído pão, vinho e a sopa do Espírito Santo. (Saiba mais sobre as Festas do Espírito Santo de Alenquer 2021, no site oficial em www.alenquerterradoespiritosanto.pt) Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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