Alenquer: Igreja da Várzea revela novos dados das escavaçõesCom a apresentação recente das conclusões dos trabalhos de escavações foi possível averiguar dos diversos usos desta igreja desde a idade média até ao período contemporâneo.
02-04-2018 às 17:42
A Igreja da Várzea na Vila Alta em Alenquer que hoje é cenário para o Museu Damião de Goes e das Vítimas da Inquisição ainda tem muitas histórias para contar. Aquando de uma primeira deslocação do Valor Local às obras – que em finais de 2015 ainda estavam a decorrer – o vereador da Cultura, Rui Costa já tinha dado conta da importância histórica do local, onde nas proximidades existia uma judiaria pelo que muitos artesãos judeus acabaram por ser enterrados neste monumento, vítimas do Santo Ofício. Com a apresentação recente das conclusões dos trabalhos de escavações foi possível averiguar dos diversos usos desta igreja desde a idade média até ao período contemporâneo.
Um dos dados que foi possível perceber através da análise dos extratos arquitetónicos prendeu-se com as ocupações que chegou a ter, nomeadamente, já no século XIX, mas as primeiras fundações já viriam desde o tempo da Idade Média, século XIII. São também visíveis marcas do Renascimento “com as cantarias a exibirem marcas de pedreiro”, refere Raquel Raposo, arqueóloga responsável pelas escavações decorridas. “Foram ainda reaproveitados discos de estelas funerárias que foram utilizados como cabeceiras de sepulturas”, acrescenta. Até ao século XIX enterravam-se os defuntos nas igrejas. O encontrar desses enterramentos já era algo expectável por parte da equipa. Os mesmos não estão relacionados com Damião de Goes cujos restos mortais permanecem nesta igreja. Estas escavações arqueológicas foram também o mote para o primeiro estudo a abordar a componente da paleoparasitologia em Portugal através da análise das ossadas. Os resultados provaram que nos indivíduos em análise não foram encontrados vestígios de parasitas. O estudo osteológico conseguiu apenas comprovar a existência de algumas doenças degenerativas articulares vulgo dos ossos. Dos seis indivíduos encontrados em conexão anatómica apenas três, todos do período contemporâneo, acabaram por ser investigados “para não afetarmos a necrópole, pois o nosso objetivo não era colocar a nu cada vez mais esqueletos”. Os restantes três encontram-se preservados no local e disponíveis para outros estudos que se queiram elaborar. Foi ainda descoberta nestas escavações uma capela que ficava lateral à igreja que já tinha sido identificada no século XVI e na qual permanecia a laje tumular de Pedro Anes, figura histórica concelhia. ComentáriosSeja o primeiro a comentar...
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