Rainha das Vindimas: a tradição nas mãos dos mais jovens
Por Ana Bernardino
01-01-2016 às 23:46
Honrar as tradições, transmitir conhecimento, levar os mais jovens até aos locais provavelmente desconhecidos para muitos. Momentos de descoberta, de amizades que ficam para vida, brigas e reconciliações. Lágrimas que surgem após semanas de convívio. Um vazio que se instala depois de dias com ensaios, provas e chamadas de atenção. Tudo isto se traduz no evento que é a Rainha das Vindimas. Mais do que uma prova de misses, mais do que caras bonitas, a Rainha das Vindimas é o culminar de meses de planificação, de nervos, de ideias que dão certo, outras que não passam de fiascos. Da música à passarela, da luz ao painel, tudo isto conta na concepção de um espectáculo que pretende ser grandioso, que transmita a nossa cultura, as nossas raízes, sem nunca desvirtuar a capacidade de transformar a mais tímida donzela numa digna representante da sua freguesia, da sua terra, das suas gentes. A ambição é muita, a vontade de transmitir saber é forte e a de beber desse conhecimento é proporcional.
Sou uma defensora acérrima deste tipo de concursos, desde que não se limitem apenas ao “ver passar a perna longa” e ao “meio palmo de cara”. Sou defensora deste tipo de concursos, desde que permitam pensar e estudar. Fazem-me recusar uns anos, àqueles em que participar na Rainha das Vindimas fazia tremer a alma, e o peso da responsabilidade fraquejava os joelhos. Recordo com particular saudade a irreverência do saudoso Vítor de Sousa, mentor da Rainha das Vindimas no Cartaxo, das palavras sempre inspiradoras de Conde Rodrigues, presidente da autarquia na altura, e do carinho e imensa amabilidade de Francisco Pereira. Pessoas que marcaram e alteraram o rumo da história de cada uma das representantes das 8 freguesias do Concelho do Cartaxo naquele longínquo ano em que fui 1ª Dama de Honor.
Hoje vejo isso mesmo. A inspiração, o empenhamento, a confiança e o carinho transmitidos por quem organiza os eventos nos concelhos do Cartaxo e de Azambuja, dos presidentes de Câmara, vereadores, presidentes de Junta, todos eles a viveram os momentos como se fossem únicos. E o apoio incansável da população, a lágrima disfarçada de ver a sua representante, aquela menina tímida transformada num cisne, em cima de uns sapatos de salto alto (como é possível ter crescido tanto? ).
A voz embargada na altura de gritar por ela. E a vontade incontrolável de abraçar, acarinhar e deixar voar. E o coração a ficar apertado, a rezar para que os apresentadores se despachem e digam finalmente quem é a Rainha e o Rei. E é nessa altura que até nos esquecemos que muitos destes jovens nem sequer passaram pela experiência tão tradicionalmente libertadora de pisar uvas ou vindimar um cacho. Porque ali nem interessa.
Coroa anunciada, mil sorrisos, parabéns, fotos para a posterioridade. Chegou a hora do foco de luz se apagar. Por hoje. Só até amanhã. Porque amanhã começa tudo de novo. As críticas, essas, são assimiladas, analisadas, filtradas e servem de garantia que no próximo ano será melhor. E o prazer é mais do que muito porque o que fica são os risos, o turbilhão de emoções, o cansaço disfarçado pela adrenalina e pela a certeza de um bom trabalho feito.
Por Ana Bernardino
01-01-2016 às 23:46
Honrar as tradições, transmitir conhecimento, levar os mais jovens até aos locais provavelmente desconhecidos para muitos. Momentos de descoberta, de amizades que ficam para vida, brigas e reconciliações. Lágrimas que surgem após semanas de convívio. Um vazio que se instala depois de dias com ensaios, provas e chamadas de atenção. Tudo isto se traduz no evento que é a Rainha das Vindimas. Mais do que uma prova de misses, mais do que caras bonitas, a Rainha das Vindimas é o culminar de meses de planificação, de nervos, de ideias que dão certo, outras que não passam de fiascos. Da música à passarela, da luz ao painel, tudo isto conta na concepção de um espectáculo que pretende ser grandioso, que transmita a nossa cultura, as nossas raízes, sem nunca desvirtuar a capacidade de transformar a mais tímida donzela numa digna representante da sua freguesia, da sua terra, das suas gentes. A ambição é muita, a vontade de transmitir saber é forte e a de beber desse conhecimento é proporcional.
Sou uma defensora acérrima deste tipo de concursos, desde que não se limitem apenas ao “ver passar a perna longa” e ao “meio palmo de cara”. Sou defensora deste tipo de concursos, desde que permitam pensar e estudar. Fazem-me recusar uns anos, àqueles em que participar na Rainha das Vindimas fazia tremer a alma, e o peso da responsabilidade fraquejava os joelhos. Recordo com particular saudade a irreverência do saudoso Vítor de Sousa, mentor da Rainha das Vindimas no Cartaxo, das palavras sempre inspiradoras de Conde Rodrigues, presidente da autarquia na altura, e do carinho e imensa amabilidade de Francisco Pereira. Pessoas que marcaram e alteraram o rumo da história de cada uma das representantes das 8 freguesias do Concelho do Cartaxo naquele longínquo ano em que fui 1ª Dama de Honor.
Hoje vejo isso mesmo. A inspiração, o empenhamento, a confiança e o carinho transmitidos por quem organiza os eventos nos concelhos do Cartaxo e de Azambuja, dos presidentes de Câmara, vereadores, presidentes de Junta, todos eles a viveram os momentos como se fossem únicos. E o apoio incansável da população, a lágrima disfarçada de ver a sua representante, aquela menina tímida transformada num cisne, em cima de uns sapatos de salto alto (como é possível ter crescido tanto? ).
A voz embargada na altura de gritar por ela. E a vontade incontrolável de abraçar, acarinhar e deixar voar. E o coração a ficar apertado, a rezar para que os apresentadores se despachem e digam finalmente quem é a Rainha e o Rei. E é nessa altura que até nos esquecemos que muitos destes jovens nem sequer passaram pela experiência tão tradicionalmente libertadora de pisar uvas ou vindimar um cacho. Porque ali nem interessa.
Coroa anunciada, mil sorrisos, parabéns, fotos para a posterioridade. Chegou a hora do foco de luz se apagar. Por hoje. Só até amanhã. Porque amanhã começa tudo de novo. As críticas, essas, são assimiladas, analisadas, filtradas e servem de garantia que no próximo ano será melhor. E o prazer é mais do que muito porque o que fica são os risos, o turbilhão de emoções, o cansaço disfarçado pela adrenalina e pela a certeza de um bom trabalho feito.
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