André Rodrigues, 30 anos, é treinador no escalão de juniores C - iniciados do Sport Lisboa e Benfica em futsal, bem como coordenador da mesma modalidade no Grupo Desportivo de Azambuja, e conta ao nosso jornal que o futsal está desde sempre presente na sua vida. “A partir do momento, em que na EBI de Azambuja foram pintadas as linhas do campo polidesportivo ao ar livre, que o contacto com o futsal foi permanente, no 5 contra 5 nos duelos inter-turmas; ou nas finais dos intervalos das aulas”, recorda-se.
Mas não tem dúvidas: “Não fui, nem sou um excecional executante em qualquer uma das modalidades que pratiquei ou pratico, mas em todas sempre me dediquei e empenhei ao máximo, é a minha maneira de estar perante o desporto”. A carreira de treinador começou com um convite do atual treinador do Unidos Pinheirense, Pedro Henriques – na altura seu treinador no escalão de juniores e coordenador da escolinha “Mini Craques” – que aceitou de imediato.
Para trás ficava uma carreira como atleta. Enquanto jogador representou o União Desporto e Recreio. “Infelizmente nesses anos enquanto jogador federado não conquistei qualquer troféu, contudo ganhei muito enquanto homem: companheirismo e espírito de equipa que são sentimentos que me marcarão para o resto da vida”. Como treinador, “felizmente também tenho tido muitas alegrias, representei o União Desporto e Recreio/ Escolinha ‘Os Minis-Craques’ entre os anos de 2003 e 2006. No ano de 2006 aceitei o convite, que muito me honrou, do mister António João Alves, e até ao presente, colaboro com o Grupo Desportivo de Azambuja. Fui treinador de escalões de competição: iniciados e juvenis, e atualmente sou treinador e coordenador dos escalões de petizes, traquinas, benjamins e infantis”. No clube da sua terra, conseguiu três subidas de divisão e um quase título, vice-campeão de juvenis na época de 2009/2010.
Na época 2010/2011, deu um salto na sua carreira ao aceitar o convite para fazer parte da equipa técnica de juvenis do Sporting Clube de Portugal. “Ao tricampeonato do Distrital da AF Lisboa, juntámos na época 2012/2013, o título de campeão nacional”, recorda-se. “O último desafio que aceitei, e que me continua a dar muitas lutas, é o de treinar uma equipa do Sport Lisboa e Benfica, sendo que na época passada, fui vice-campeão nacional de juvenis e esta época, vice-campeão de iniciados. Fui também, na época 2013/2014, selecionador de Sub-18 da AF Lisboa, tendo colaborado na estruturação da respetiva seleção nacional”, dá conta.
Quando se lhe pergunta como é que conseguiu dar o salto de Azambuja para um clube grande, diz que não é assim tão difícil obter-se reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. “Não querendo ferir suscetibilidades, mas julgo que é mais fácil sermos reconhecidos por parte de quem não é nosso conterrâneo. Infelizmente esta é a realidade com a qual me tenho debatido ao longo destes anos”, não tem dúvidas e sugere a seguinte questão: “Quantos habitantes do município de Azambuja sabem que nos últimos cinco anos colocámos três jogadores em clubes de dimensão nacional como o Benfica ou o Sporting? Esses mesmos habitantes sabem que atualmente existem quatro azambujenses que fazem parte dos quadros técnicos do Futsal do Sport Lisboa e Benfica? Não trabalho para o reconhecimento público, trabalho pelo gosto que tenho em fazer o que faço, mas valoriza-se tanta coisa, por vezes de dimensão inferior ao do percurso de alguns dos nossos concidadãos”. E não tem dúvidas: “Esse salto de gigante GDA para o Sporting CP deu-se pelo tal reconhecimento do trabalho realizado com a equipa de juvenis na época 2009/2010”.
Licenciado em Ciências do Desporto, refere que é atribuída cada vez maior importância ao conhecimento científico e académico, “sendo isso visível quando os treinadores se fazem rodear dos melhores académicos ou quando decidem investir na aquisição própria de conhecimentos”. “Ser-se licenciado num contexto desportivo é uma vantagem? Sim, sobretudo quando trabalhamos com objetivos e responsabilidades na conquista de títulos nacionais”, refere e prossegue: “Segundo a minha experiência existem duas grandes vantagens: conhecimento metodológico e fisiológico, quero com isto dizer que estamos mais aptos a criar exercícios, unidades de treino e ciclos de trabalho mais organizados e contextualizados com a realidade individual (técnica e morfológica) de cada jogador, sem nunca por em causa o fator de unidade da equipa”. Mas acima de tudo ser treinador é também “ termos a humildade de estarmos abertos à aprendizagem social, à capacidade da gestão do recurso (ser) humano, e sobretudo a inteligência técnico-tática em analisar o jogo em todos os momentos”.
Quanto a planos para o futuro refere que passam por ser campeão Distrital de Juniores C em representação do Sport Lisboa e Benfica, e no contexto Grupo Desportivo de Azambuja, potenciar o aumento do número de atletas e de adeptos da modalidade.
A modalidade que esta em expansão, e que envolve já patrocínios de alguma monta conta a nível local e regional com “iniciativas de louvar”, como é o caso do AZB Fair Play que promove encontros entre as várias equipas e escolas de futsal. Esta iniciativa já movimenta mais de 100 atletas praticantes de futsal. “A nível regional estamos inseridos na maior associação de futebol do país, que nos últimos anos tem dominado não só o número de títulos conquistados pelas seu clubes filiados, bem como pelo número de atletas inscritos”. Finalmente a nível nacional, “temos campeonatos cada vez mais competitivos, com cada vez mais organização e profissionalização, por parte do clubes e da Federação Portuguesa de Futebol. Acredito que façam falta duas coisas para que o futsal se coloque com a maior modalidade desportiva, depois do futebol: títulos internacionais, por parte dos clubes e da seleção nacional, e a aceitação do futsal como modalidade olímpica.”
Nuno Filipe
05-08-2015
11:49
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