Antigo comandante dos bombeiros de Salvaterra à espera de receber indemnizaçãoEm causa estão vencimentos de um ano, impostos e juros
Sílvia Agostinho
23-11-2018 às 21:19 O antigo comandante dos bombeiros de Salvaterra de Magos sustenta que a corporação tem uma dívida para com o mesmo no valor de 36 mil 500 euros. Num processo que levantou muita celeuma, Paulo Dionísio sofreu a meio de 2017 um processo disciplinar, seguido pouco tempo depois, nas suas palavras, por um despedimento. O Tribunal do Trabalho na sua decisão, e depois de ter apelado também para o Tribunal de Évora, e não havendo mais instâncias onde apelar, exige o pagamento dos valores em dívida de um ano de salários, juros, e descontos à Segurança Social do antigo comandante. Paulo Dionísio, em declarações ao Valor Local, refere que os bombeiros ainda não avançaram para o pagamento em causa. César Diogo, tesoureiro, da instituição diz que não compreende o valor em causa, e pediu mais esclarecimentos ao tribunal.
“Se o vencimento era 1200 euros por mês, mesmo com juros e Segurança Social, por um ano de salários, não é preciso calculadora para percebermos que as contas não batem certo”. O tesoureiro nega que se tenha recusado a pagar a dívida em questão a Paulo Dionísio – “Que remédio temos se não pagar, apenas queremos perceber estes valores”. Questionado se não estará a ser uma forma de ganhar tempo, César Diogo refere: “São apenas dúvidas”. Por outro lado, sustenta que o tribunal não está a considerar o despedimento do antigo comandante em janeiro último. César Diogo sustenta que apenas terá de pagar cinco meses, porque estamos a falar de um período temporal que vai de julho de 2017 a janeiro de 2018, “porque a 9 de janeiro deste ano ele demitiu-se”. Paulo Dionísio refere que nunca chegou a fazer um ofício como está na lei, porque “quando estava para colocar a carta nos correios soube que um jornal tinha publicado uma notícia a dizer que eu estava de saída, imediatamente desisti”. César Diogo contrapõe e diz que o email já era o suficiente, embora e a avaliar pela decisão do tribunal, o mesmo não terá sido considerado. Para César Diogo, a Autoridade Nacional de Proteção Civil também não andou bem neste processo, e por isso diz que vai continuar a aguardar por essa resposta do tribunal, porque, “nem tudo está claro”. A demissão por email não foi considerada. “Numa casa onde falta o pão todos ralham e ninguém tem razão” A corporação que tem enfrentado desde há largos anos períodos de grande turbulência convidou Paulo Dionísio, em 2014, para o cargo de comandante. Na altura era bombeiro nos Bombeiros Municipais de Santarém. O ex-comandante diz que aceitou apesar de saber das muitas polémicas nas quais a associação se tem visto envolvida ao longo dos anos - “Fui de boa vontade, porque achava que havia uma vontade de mudança por parte dos dirigentes, que queriam realmente trabalhar e fazer alguma coisa de melhor pela associação”. Contudo, e com o passar do tempo apercebeu-se que as coisas nunca funcionariam como chegou a acreditar. No seu entender, a direção não destrinça o que é o comando e o que não é. “Cada um deve trabalhar de acordo com as suas competências, ninguém está acima do comando, basta consultar a legislação”. No entender de Paulo Dionísio, a direção preocupava-se com coisas menores como “aplicar processos disciplinares a quem se esquecesse de bater continência numa parada”. Diz ainda que “há muito álcool na corporação, apesar de existirem excelentes profissionais”. O ex-comandante sugere ainda que a falta de meios é visível, pois tendo em conta a dimensão do concelho, o número de homens deveria ser o triplo. “A direção é composta por pessoas muito incompetentes, prova disso é que foram falar para o vosso jornal, e quando se referiram ao que tinham de me pagar, disseram que era da vida. Mas não é da vida, é sim: extrema incompetência”, desabafa. Diz Paulo Dionísio que enquanto trabalhou na corporação, o clima de bullying e de cortar à faca era notório, e por isso sempre que respondia à direção “fazia-o por escrito e ‘enfiando’ nos emails toda a legislação”. O processo disciplinar que lhe foi levantado e que tinha como base o uso de uma viatura de serviço para uma deslocação pessoal, depois julgado como improcedente pela ANPC, foi a gota de água. Paulo Dionísio refere que quando era “para andarem com a minha carrinha pick-up nos incêndios a dar água aos bombeiros nunca houve problemas”. “Alegam também que nesse dia fui em excesso de velocidade, mas se calhar é normal porque o carro não tinha velocímetro”.
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