António Loureiro, antigo agente da Polícia Judiciária, passa em revista casos da sua carreira na Rádio Valor Local
Programa "O Crime e o Castigo" vai para o ar às quartas-feiras quinzenalmente
|13 Abr 2022 17:28
Sílvia Carvalho d'Almeida António Loureiro é presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre, e foi agente da Polícia Judiciária durante cerca de 20 anos. Tem chegado aos ouvintes no último ano com o programa “O Crime e o Castigo” na Rádio Valor Local, no qual tem contado momentos e peripécias da sua vida como investigador bem como analisado temas quentes da atualidade criminal, experiência de que está a gostar bastante, mas confessa: "Ainda não me sinto muito confortável a falar em direto ou a ser filmado."
O programa, que passa quinzenalmente na Rádio Valor Local, às 18h00, com transmissão através do Facebook fala de casos baseados na "experiência profissional como agente da Polícia Judiciária" de António Loureiro. Isto numa primeira fase dado que foi ainda diretor e diretor adjunto de estabelecimentos prisionais, nomeadamente, do Estabelecimento Prisional de Alcoentre. O ex-agente da PJ graceja e exclama: "Primeiro prendi-os e depois guardei-os!". Nasceu no concelho da Azambuja, mais precisamente em Alcoentre, onde cresceu, até que foi para a tropa. Filho da terra, serviu na base da Ota, na aviação, e mais tarde foi para a capital, onde trabalhou como empregado de escritório. No entanto, decidiu concorrer a um concurso para agentes da Polícia Judiciária, sem expectativas de ser selecionado, pois como conta, no dia dos testes, "o auditório e mais umas quantas salas da Faculdade de Direito de Lisboa estavam cheias”, e como tal confessa que nunca pensou que pudesse vir a ser selecionado. Ainda para mais não tinha ligações familiares ou de qualquer tipo na polícia, e havia quem as tivesse. No entanto, os testes correram-lhe bem, e essa foi a profissão que abraçou com dedicação durante mais de duas décadas. Conta-nos que um dos casos que mais o marcou, foi o do desaparecimento de uma criança numa pequena aldeia do distrito da Guarda que apareceu morta não muito longe dali, a qual contou recentemente num dos episódios de “O Crime e o Castigo”. Até aos dias de hoje emociona-se com os contornos do caso, e revela que durante muito tempo não conseguiu contar aos familiares a situação com a qual se deparou ao encontrar o corpo. A propósito disto, perguntamos se é difícil fazer uma separação clara entre o que se passa no trabalho e a vida familiar e pessoal, sendo que responde que “é importante separar as coisas", mas garante que é difícil. Este caso, lembra-nos o caso Maddie McCann, ocorrido a 3 de maio de 2007, no Algarve, e que foi um dos mais mediáticos em Portugal, envolvendo altos representantes diplomáticos Ingleses, numa clara, para muitos, ingerência numa investigação criminal portuguesa, que culminou no afastamento do caso do seu colega Gonçalo Amaral, inspetor responsável pela investigação na altura. Relembre-se que Amaral defendeu no seu livro "A verdade da mentira " que gerou muita polémica no país e no estrangeiro, o envolvimento dos pais da criança no desaparecimento, eliminando a tese de rapto, como se teria pensado inicialmente. Acerca disto, António Loureiro pensa que algumas evidências consubstanciam em parte a teoria de Gonçalo Amaral, e que não deveria ter existido o envolvimento de autoridades inglesas no caso, que tomou proporções diplomáticas e mediáticas inimagináveis e que prejudicou as investigações, numa fase inicial, que é a mais importante para averiguação dos fatos. Diz-nos que sempre haverá corrupção, pelo menos enquanto os prevaricadores tiverem o falso sentimento de que nunca serão apanhados pelas autoridades. Acerca disso, refere ainda que o crime anda sempre um passo à frente, pelos valores financeiros que envolve, que podem proporcionar métodos e ferramentas mais sofisticadas, ao passo que lamenta que exista pouco investimento em meios de investigação para as polícias. Contudo não é da opinião generalizada de que o poder político tem alguma vontade em que a corrupção não deixe de acontecer. De facto, refere que são necessários mais meios, e também legislação mais específica e com menos alçapões que permitam aos criminosos evadir-se. As principais características de um bom investigador são, na sua opinião, a capacidade de não pensar que se sabe tudo à priori, e ir de mente aberta para a investigação. Para além disto, saber responder a perguntas essenciais, como o quem, como, quando, onde e porquê. De resto, estas perguntas são também essenciais no jornalismo, e quando lhe perguntamos se os jornalistas atrapalham as investigações da Polícia Judiciária, refere que quando exercia a profissão, não havia tanto mediatismo dos casos, mas que no geral as parcerias que se estabelecem entre polícia e jornalistas são produtivas para ambos os lados. Quanto ao programa, conta que tudo começou porque conhecia Miguel Rodrigues, diretor da Rádio Valo Local há muitos anos, e que ele lhe dizia que com a sua experiência, deveria escrever um livro para contar as suas memórias. António Loureiro não achou a ideia do livro fascinante no seu caso, e daí surgiu a ideia de passar quinzenalmente uma conversa sua com a jornalista e editora Sílvia Agostinho sobre a temática criminal. Apesar de estar a gostar da experiência, e de todos os programas serem únicos, lamenta que ainda não se sinta completamente à vontade a falar para um número tão grande de seguidores, e nem perante as câmaras, uma vez que o programa também é gravado e transmitido na página do facebook . O retorno por parte dos ouvintes tem sido grande e bastantes positivas as críticas que tem recebido. |
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