Apresentação de livro sobre as origens do real teatro de Salvaterra
No âmbito das Jornadas da Cultura
Sílvia Agostinho
22-09-2016 às 12:58 No primeiro dia das Jornadas da Cultura em Salvaterra de Magos, a Capela Real encheu-se para a apresentação do livro da estudiosa Aline Gallasch – Hall de Beuvink que fez uma análise histórica da presença de um teatro dedicado à ópera na vila, na altura de D. José I, inaugurado em 1753. “O Real Teatro de Salvaterra – A Reconstrução de uma memória”, assim se chama a obra apresentada no dia dia 16 de setembro, apresentada pelo jornalista Jorge Rodrigues.
A autora brindou os presentes com alguma informação à partida desconhecida para muitos, fruto da sua investigação que também incluiu deslocações ao terreno, e nesse aspeto agradeceu o empenho da Câmara, e considerou o contributo da população como “extraordinário”. A inauguração de um teatro de ópera foi um dos motivos, a par de outros, que contribuiu para a fixação da família real durante longas temporadas em Salvaterra, fazendo com que a localidade se transformasse num novo centro da atividade cultural do país. “Algo que quer voltar a ser, na minha opinião, com estas Jornadas da Cultura que já são muito importantes a nível do Ribatejo”, fez a comparação, Aline Gallasch. No entanto, com a abertura do Teatro São Carlos, em 1793, a Casa de Ópera, de Salvaterra acaba por ir perdendo importância. Entre os anos de 1753 e 1792 foram representadas 64 produções operáticas no Real Teatro de Salvaterra. Aquando das invasões francesas, a Casa de Ópera, tal como o restante paço real, foi deixado ao abandono. Este facto, aliado ao grande incêndio de 1818, contribuiu para que, aquele património se degradasse cada vez mais, desaparecendo por completo. Curiosamente não há um registo claro sobre a sua localização pressumindo-se que seja na zona da Capela Real. Do seu trabalho de campo, Aline Gallasch destacou também as impressões deixadas por Natália Correia Guedes, museóloga, autora de “O Paço Real de Salvaterra de Magos” que em conversa consigo destacou que “até há pouco tempo era normal ouvir pessoas a entoarem áreas de ópera na rua, hábito das lavadeiras e dos lavradores”. Maravilhada ficou também com a descrição dos túneis que foram escavados que supostamente ligariam o antigo palácio real ao convento para o caso da família real ter de fugir. “Ainda há pessoas que têm em suas casas alçapões que supostamente dariam para esses túneis, até porque onde há fumo há fogo”. Para a autora, “estas são memórias importantíssimas e que reforçam a importância cultural de Salvaterra”.
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