Por Pedro Félix, psicólogo
“Burro Velho não aprende línguas” Ou “Nunca é Tarde para Aprender”?
Desde que me lembro de conhecer estas duas pérolas da sabedoria popular que sinto algum desconforto com as mesmas, devido à sua contradição e conflito de sentidos.
Ora, mais de uma década dedicado, como psicólogo, às questões da educação e formação de adultos, aprendizagem ao longo da vida e desenvolvimento pessoal encontro-me novamente a refletir sobre esta dualidade.
Está comprovado que todos temos a capacidade de aprender ao longo de toda a nossa vida, mas por que razão é que alguns parecem ser mais adeptos do “Burro Velho” e outros do “Nunca é Tarde”?
Parte da resposta estará em questões internas a cada um de nós, onde o fator mais determinante é emocional e está relacionado com o medo do desconhecido.
Os adeptos do “Burro Velho” chegam a uma fase da vida em que já não querem sair da sua zona de conforto, pois viver com conforto é muito agradável, as rotinas dão a segurança de não errar ao fazer o que já sabem fazer e fazem dia após dia sem a necessidade de se preocuparem em aprender mais. Mas o que sobra em conforto invariavelmente falta em felicidade e autorrealização.
Contudo, a vida pode ser mais do que agradável, pode ser empolgante, e é aqui que surgem os adeptos do “Nunca é Tarde”, que acreditam que para crescer precisam de ir à zona de desconforto, enfrentar o desconhecido e aprender. Estes adeptos, através da aprendizagem, transformam zonas de desconforto em zonas de conforto ao longo de toda a sua vida, tornando-se mais confiantes, melhores seres humanos e consequentemente mais bem-sucedidos na vida e felizes.
Ora o elemento central desta reflexão é a aprendizagem. É verdade que aprendemos todos os dias de todas as formas e feitios, quando queremos e quando não queremos, com todo o tipo de pessoas, e a isto se chama as aprendizagens não formais e informais.
Todavia, as aprendizagens formais, aquelas que só existem nas organizações vocacionadas ao ensino, são de extrema importância, pois são estas que nos dão verdadeira base para novas e melhores aprendizagens em todos os contextos, podendo ir cada vez mais longe, conquistando cada vez mais competências.
Neste contexto formal encontra-se outra parte da resposta ao porquê de haver adeptos do “Burro Velho” e do “Nunca é Tarde”. Trata-se de uma questão externa e que tem que ver com a oferta de educação e formação adequada ao adulto que quer aprender. Recorrendo a outra expressão popular, “a ocasião faz o ladrão”, mas também faz a aprendizagem, ou seja, havendo oportunidades de educação e formação para adultos há também a motivação e o comportamento de aprender, de ser cada vez mais e melhor, sendo o contrário também verdade.
Portanto, uma sociedade que almeje ser mais justa e composta por melhores seres humanos tem de garantir educação e formação a todos os níveis e adequada para todas a faixas etárias.
Do meu ponto de vista, em Portugal, o investimento sério na educação e formação de adultos nasceu em 1999, deu os primeiros passos em 2001 e teve o seu franco desenvolvimento entre 2005 e 2012, sendo considerado um dos melhores sistemas de ensino de adultos em toda a Europa.
Todavia, as recentes reformas consideradas necessárias transformaram-se num compasso de espera de cerca de dois anos na educação e formação de adultos, colocando em stand by sonhos, vontades e oportunidades para muitas pessoas que acreditavam que “Nunca é Tarde”, fomentando assim a criação de “Burros Velhos”.
Mas, felizmente, muitos acreditam que “Nunca é Tarde” para aprender e em Azambuja contamos agora, para o futuro, como o fizemos no passado, com organizações que acreditam e investem na educação e formação de adultos, como o Agrupamento de Escolas de Azambuja e a ACISMA – Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja.
Assim, esperemos que os “Burros Velhos” não se tornem espécie protegida e que muitos continuem a acreditar que “Nunca é Tarde” para pôr fim a este compasso de espera.
03-10-2014
“Burro Velho não aprende línguas” Ou “Nunca é Tarde para Aprender”?
Desde que me lembro de conhecer estas duas pérolas da sabedoria popular que sinto algum desconforto com as mesmas, devido à sua contradição e conflito de sentidos.
Ora, mais de uma década dedicado, como psicólogo, às questões da educação e formação de adultos, aprendizagem ao longo da vida e desenvolvimento pessoal encontro-me novamente a refletir sobre esta dualidade.
Está comprovado que todos temos a capacidade de aprender ao longo de toda a nossa vida, mas por que razão é que alguns parecem ser mais adeptos do “Burro Velho” e outros do “Nunca é Tarde”?
Parte da resposta estará em questões internas a cada um de nós, onde o fator mais determinante é emocional e está relacionado com o medo do desconhecido.
Os adeptos do “Burro Velho” chegam a uma fase da vida em que já não querem sair da sua zona de conforto, pois viver com conforto é muito agradável, as rotinas dão a segurança de não errar ao fazer o que já sabem fazer e fazem dia após dia sem a necessidade de se preocuparem em aprender mais. Mas o que sobra em conforto invariavelmente falta em felicidade e autorrealização.
Contudo, a vida pode ser mais do que agradável, pode ser empolgante, e é aqui que surgem os adeptos do “Nunca é Tarde”, que acreditam que para crescer precisam de ir à zona de desconforto, enfrentar o desconhecido e aprender. Estes adeptos, através da aprendizagem, transformam zonas de desconforto em zonas de conforto ao longo de toda a sua vida, tornando-se mais confiantes, melhores seres humanos e consequentemente mais bem-sucedidos na vida e felizes.
Ora o elemento central desta reflexão é a aprendizagem. É verdade que aprendemos todos os dias de todas as formas e feitios, quando queremos e quando não queremos, com todo o tipo de pessoas, e a isto se chama as aprendizagens não formais e informais.
Todavia, as aprendizagens formais, aquelas que só existem nas organizações vocacionadas ao ensino, são de extrema importância, pois são estas que nos dão verdadeira base para novas e melhores aprendizagens em todos os contextos, podendo ir cada vez mais longe, conquistando cada vez mais competências.
Neste contexto formal encontra-se outra parte da resposta ao porquê de haver adeptos do “Burro Velho” e do “Nunca é Tarde”. Trata-se de uma questão externa e que tem que ver com a oferta de educação e formação adequada ao adulto que quer aprender. Recorrendo a outra expressão popular, “a ocasião faz o ladrão”, mas também faz a aprendizagem, ou seja, havendo oportunidades de educação e formação para adultos há também a motivação e o comportamento de aprender, de ser cada vez mais e melhor, sendo o contrário também verdade.
Portanto, uma sociedade que almeje ser mais justa e composta por melhores seres humanos tem de garantir educação e formação a todos os níveis e adequada para todas a faixas etárias.
Do meu ponto de vista, em Portugal, o investimento sério na educação e formação de adultos nasceu em 1999, deu os primeiros passos em 2001 e teve o seu franco desenvolvimento entre 2005 e 2012, sendo considerado um dos melhores sistemas de ensino de adultos em toda a Europa.
Todavia, as recentes reformas consideradas necessárias transformaram-se num compasso de espera de cerca de dois anos na educação e formação de adultos, colocando em stand by sonhos, vontades e oportunidades para muitas pessoas que acreditavam que “Nunca é Tarde”, fomentando assim a criação de “Burros Velhos”.
Mas, felizmente, muitos acreditam que “Nunca é Tarde” para aprender e em Azambuja contamos agora, para o futuro, como o fizemos no passado, com organizações que acreditam e investem na educação e formação de adultos, como o Agrupamento de Escolas de Azambuja e a ACISMA – Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja.
Assim, esperemos que os “Burros Velhos” não se tornem espécie protegida e que muitos continuem a acreditar que “Nunca é Tarde” para pôr fim a este compasso de espera.
03-10-2014
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