Aterro da Suma em Azambuja vai ser inaugurado a 17 de fevereiro
A escassos dias da inauguração do aterro, as preocupações dos atores políticos têm sido demonstradas.
Sílvia Agostinho
05-02-2017 às 20:04 O aterro de resíduos não perigosos, localizado na Quinta da Queijeira, a escassos quilómetros da vila de Azambuja, será inaugurado no dia 17 de fevereiro. O Valor Local ao longo dos últimos meses pediu várias entrevistas à direção da Triaza – Tratamento de Resíduos Industriais de Azambuja S.A, ligada ao grupo Suma, tendo em conta as dúvidas e os receios da população mas sem sucesso. A empresa apenas mostrou alguma disponibilidade após a inauguração, apesar do tema estar na ordem do dia há vários anos no concelho de Azambuja.
António Pires, morador num dos casais da freguesia de Azambuja mais próximos do aterro, tem evidenciado em várias ocasiões as suas preocupações. Em reuniões de Câmara e de assembleia municipais, este munícipe tem feito ouvir a sua voz. Em declarações ao Valor Local, refere o que na sua opinião foram as ilegalidades que desde cedo estiveram associadas aquela localização que numa primeira fase, nos anos 90, estava associada à extração de areias num total de 45 mil metros, e que foi aumentada para nove hectares de forma ilegal pela antiga Zubareia. “Contudo a Câmara nunca fez nada”, opina. Em 2008, foi aprovado o estatuto de utilidade pública do aterro, “quando meses antes a empresa tinha sido declarada falida pelo Tribunal do Cartaxo”. Já em 2013, deu brado o facto de a declaração de interesse público ter sido revogada em assembleia municipal, mas o município ter ficado de mãos atadas tendo em conta os pareceres positivos das entidades governamentais e que na prática davam luz verde ao projeto do consórcio liderado pela Suma. Com a empresa já a laborar, o munícipe evidencia ainda as questões ligadas ao tráfego e a má visibilidade no acesso ao aterro, que pode proporcionar de futuro alguns acidentes. Tendo em conta as suas preocupações informa ainda que enviou uma exposição para a Inspeção Geral das Atividades Económicas (IGAE). A escassos dias da inauguração do aterro, as preocupações dos atores políticos têm sido demonstradas. Numa das últimas reuniões de Câmara, David Mendes, da CDU, alertava para a necessidade de fiscalização do município da atividade do aterro. Em entrevista em novembro passado ao nosso jornal, o vice-presidente da autarquia Silvino Lúcio deixara essa promessa de comprometimento ao máximo por parte da autarquia na questão da fiscalização. O vereador da CDU quis saber, agora, de que forma será feita. O presidente da Câmara, Luís de Sousa, garantiu que a autarquia dispõe desde já de uma equipa que assegurará visitas ao terreno, embora “a fiscalização pertença à Agência Portuguesa do Ambiente e à CCDR”. O vereador da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, António Jorge Lopes, lembrou por seu turno o facto de em 2008 ter sido votada uma declaração de interesse municipal relativa a uma empresa falida sem que os deputados tivessem conhecimento. Em julho de 2016, a empresa financiou algumas obras ao abrigo da sua condição de empresa com responsabilidade social no concelho, como os parques de manutenção existentes no Jardim Urbano Dr. Joaquim Ramos. Neste aspeto, David Mendes voltou à carga – “A Câmara não pode aceitar prendas dos lobos!”. Nos últimos meses, a Triaza que é responsável apenas pelos resíduos do aterro em Azambuja, conforme o próprio nome e designação social da mesma indicam, tem contudo a sua sede na Rua do Mar do Norte no Parque das Nações em Lisboa. Apesar disso, não existe qualquer placa ou outro tipo de sinalização que indique que os escritórios desta empresa se localizam no edifício correspondente à morada da Triaza. Pelo que conseguimos perceber trata-se antes de um prédio de habitação, com poucos ou nenhuns escritórios a não ser o de um advogado, dando a ideia que estaremos perante uma empresa de fachada.
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