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Aterro de Ota faz aquecer os ânimos entre presidente da junta e Pedro FolgadoDiogo Carvalho fala em inércia e falta de interesse, já o presidente da Câmara diz que não faz o seu estilo vir para a comunicação social agitar bandeiras, numa comparação com Valongo
Sílvia Agostinho
04-03-2020 às 09:55 |
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Na última reunião da assembleia municipal de Alenquer, o presidente da junta de freguesia de Ota, Diogo Carvalho, lamentou a atitude do executivo camarário face aos problemas que o aterro está a trazer para a população. Os dois autarcas socialistas travaram-se de razões com Diogo Carvalho a lamentar a falta de atuação e de interesse do município face a esta realidade, e Pedro Folgado, presidente da Câmara, a argumentar que não faz o seu estilo vir para a comunicação social agitar bandeiras, numa comparação com o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, que tem sido um dos rostos mais visíveis da cruzada dos municípios com aterros nos seus territórios.
Diogo Carvalho argumentou que os pareceres das entidades que fiscalizam a atividade dos aterros como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR-LVT), Agência Portuguesa do Ambiente e Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) merecem-lhe sérias dúvidas porque dizem "que está sempre tudo bem, até parece aquela canção do 'tá tudo bem', mas não está". Diogo Carvalho acusou a Câmara de se conformar com o estado de coisas e de não atuar em matérias que lhe dizem respeito como a altura das terras, que formam uma espécie de pirâmides já com cerca de cinco metros de altura. O aterro localizado em Porto dos Touros, do grupo Proresi, foi inaugurado em 2008. Com o fenómeno de importação de resíduos o movimento de camiões que atravessa diariamente a freguesia tem sido motivo de queixas, embora a questão dos maus cheiros seja menos saliente do que em outras localidades, tendo em conta que a unidade ainda dista alguns quilómetros dos aglomerados populacionais. Conforme o Valor Local avançou em primeira mão na sua edição de janeiro, o aterro de Ota possui dois processos aprovados de resíduos não perigosos com origem em Itália, em estado de “movimentos”. Esta unidade vai receber 50 mil toneladas. Já ocorreram 754 dos 1786 movimentos autorizados e já foram recebidas 17 mil 471 toneladas das 50 mil previstas. Para Diogo Carvalho, a Câmara deveria fiscalizar a altura das ditas "pirâmides" do aterro, porque está a ser ultrapassado o limite das cotas autorizadas inicialmente. "As entidades que estiveram no local na visita que acompanhei disseram que sabiam que o licenciamento era para a volumetria mas não para a altitude. Não sabiam se havia limites. Tudo isto são factos". O presidente da junta relatou ainda que no dia da fiscalização e visita ao aterro por coincidência ou não diminuiu o tráfego de camiões no interior da freguesia. "Isto só quer dizer que as coisas não estão totalmente bem". Diogo Carvalho instou a Câmara de Alenquer a agir e a dizer se apoia ou não os fregueses. "A altura para a qual o aterro foi licenciado tem de ser reposta com urgência, não digam que não está na vossa competência o licenciamento urbanístico". O autarca referiu ainda que o município recebe compensações da Valorsul tendo em conta a realidade do aterro no concelho. O estado de coisas piorou na localidade, segundo Diogo Carvalho, desde que o aterro passou a ser gerido pela empresa Proresi, grupo Blueotter que integra ainda o Citri de Setúbal (SUMA/Mota-Engil) que em 2016 assinou um contrato para a importação de toneladas de resíduos vindas de Itália.
Na resposta ao presidente da junta, Pedro Folgado disse discordar "profundamente" da postura do autarca de Ota, a começar pelas compensações que o município alegadamente usufruiu via Valorsul. "Espero que essa provocação não seja para mim, porque não tenho nada a ver com o aterro ou a empresa". O autarca deu conta dos contactos com os organismos do Estado e da reunião em perspetiva com a secretária de Estado do Ambiente, Inês do Santos Costa. "Estamos preocupados porque ninguém gosta de ter uma aterro à porta de casa". Quanto às responsabilidades na fiscalização da altura das pirâmides, "a CCDR diz que não é bem assim como o senhor diz, mas vamos então ver se é nossa responsabilidade fazer uma intervenção mais profunda". Pedro Folgado referiu que tal como Diogo Carvalho tem sido contactado pela comunicação social. Contudo "não faço disso um caso para depois andar nas redes sociais a dizer que falei ao Valor Local ou à Lusa". O presidente da Câmara duvida que este tipo de temas se resolva com alarido, "até porque o presidente da Câmara de Valongo veio para a comunicação social, e não querendo criticar Valongo, não conseguiu resolver nada. Não me vou comparar àquele concelho, porque cada um é como é, e eu prefiro resolver as coisas diretamente com quem tem responsabilidades. Não pode é presumir que não estamos preocupados nem a fazer nada". |
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O que se está a permitir fazer na freguesia de Ota, e Azambuja ,(ATERRO SANITARIO) é um atentado á saúde publica,que a médio e longo prazo vai trazer enormes problemas ás populações a nivel de doenças respiratórias, da pele e outras.E ainda mais revoltante é sabermos que o lixo é importado de outro país sem sabermos que tipo de lixo ,se é urbano,industrial ou hospitalar.
José Mata
Aveiras de Cima
04/03/2020 às 15:39
José Mata
Aveiras de Cima
04/03/2020 às 15:39
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