Azambuja ainda com 90 por cento de utentes sem médico de família
Comissões de utentes da região continuam a reivindicar melhores cuidados de saúde. Armando Martins aponta o dedo à diretora do ACES acusando-a de comportamento esguio
|31 Jan 2023 10:15
Sílvia Agostinho Azambuja continua com cerca de 90 por cento de utentes sem médico de família. Apenas a atual diretora da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados, Raquel Caetano, está nessa categoria, apesar de recentemente ter ingressado no centro de saúde de Azambuja a médica Regina Freitas, mas ainda sem lista de utentes atribuída, segundo Armando Martins, porta-voz do Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja à Rádio Valor Local. O concelho conta com mais três médicos em regime de prestação de serviços que se deslocam alguns dias por semana ao centro de Saúde de Azambuja, extensões de Aveiras de Cima, e Manique do Intendente que agora também recebe os utentes de Alcoentre, enquanto as obras da extensão estão a decorrer até ao verão. A grande novidade pode estar para breve, dado que segundo o que apurámos, estará em perspetiva uma parceria com uma instituição particular de solidariedade social do concelho, que permitirá a contratação direta de clínicos e com isso poder estancar a falta de médicos no concelho. Existindo apenas duas entidades deste âmbito com a saúde consagrada nos seus estatutos no concelho de Azambuja, e estando a Misericórdia de fora, poderá ser a Cerci Flor da Vida a ter manifestado esse interesse na proposta de Armando Martins.
A gravidade do estado atual de coisas é de tal forma grave que se esta solução não tiver pernas para andar, poderá culminar na saída da diretora do centro de saúde, conforme a mesma já referiu a Armando Martins. “Sabemos que tem feito a pressão que pode, até a nível da manutenção do edifício do centro de saúde, onde já se notam algumas melhorias, embora o ar condicionado ainda não esteja a funcionar”. Segundo Armando Martins, este não tem visto grande evolução por parte da Câmara quanto a diligências na questão da falta de médicos. Desde o final do verão, que os utentes do concelho que não possuem médico de família têm de se deslocar a Benavente ou Póvoa de Santa Iria, mas Armando Martins não têm feedback quanto à forma como esse sistema esteja a ser assumido pela população – “Não há transporte para esses locais, pelo que considero que a grande maioria se precisar de ir a um médico provavelmente desloca-se ao Hospital de Vila Franca de Xira mesmo com a possibilidade de ficar à espera de consulta durante 10 ou 12 horas”. OUÇA O ÁUDIO
Comissões de utentes dos quatro concelhos continuam a querer ser recebidas pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República
Em dezembro as comissões de utentes da saúde dos concelhos de Azambuja, Alenquer, Benavente e Vila Franca de Xira estiveram em S. Bento, na residência oficial do primeiro-ministro, onde entregaram 7579 postais assinados por utentes a exigir mais e melhores cuidados de saúde, em que a falta de médicos de família é a questão transversal a todos os municípios. Os movimentos aguardam por uma reunião com António Costa. Ainda no final do ano passado, foi feito o convite pessoalmente junto da Presidência da República para que Marcelo Rebelo de Sousa venha visitar in loco os centros de saúde da região, mas ainda não obtiveram resposta. Os movimentos esperam respostas mais definitivas por parte da tutela durante este ano, face ao avolumar da situação com cada vez mais utentes sem médico de família. No passado dia 28 de janeiro, as comissões de utentes de Alverca, Bom Sucesso e Arcena juntaram-se num cordão humano a reivindicar melhores condições nos centros de saúde e mais clínicos para dar resposta à população. No total e na área dos quatro concelhos existem mais de 90 mil utentes sem médico de família atribuído. Reuniões com ACES E ARS-LVT sem dados conclusivos No contacto com Luís Pisco, o diretor da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Armando Martins, conta que este confessa-se inoperante para resolver o estado de coisas, tendo em conta que das vagas abertas no último concurso lançado não apareceram interessados em ingressar nas unidades do Carregado, Benavente e Azambuja. “O próprio Luís Pisco numa conversa que teve comigo encorajou-nos a encontrar médicos e a fazer contactos. Fiquei a olhar para ele, porque essa é a sua função e não a nossa”. As diferenças salariais continuam a ser a principal causa para que os médicos não estejam interessados em trabalhar nas unidades de cuidados de saúde personalizados por oposição às USF tipo B onde as diferenças salariais chegam aos quatro mil euros de diferença. Uma maior proliferação de oferta de saúde no privado na região de Lisboa e Vale do Tejo também pesa na balança de forma preponderante quando chega a hora de os clínicos fazerem as suas opções. Já quanto à atuação de Sofia Theriaga, diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Armando Martins caracteriza-a como uma profissional esguia, “que procura fugir às questões”. “Os nossos movimentos têm colocado uma nova pressão junto daquela responsável que estará a tentar passar por tudo isto pelos intervalos dos pingos da chuva”. |
|
Leia também
20 anos de Euro, a moeda do
|
O país está a acusar gravemente a falta de água e os dias de tempo seco. Vários setores estão a ser afetados, com a agricultura à cabeça. Ouvimos vários agricultores da nossa região
|
Desde que estourou a guerra na Ucrânia que mais de dois milhões de cidadãos daquele país estão a fugir rumo aos países que fazem fronteira. Em março foram muitos os que rumaram a Portugal e Vale do Paraíso no concelho de Azambuja foi um dos destinos
|
Vertical Divider
|
Notícias Mais Populares Primeiro Bebé do ano 2023 no Hospital de Vila Franca de Xira Mercadona chega a Vila Franca em 2023 Autocarros amarelos da Carris Metropolitana já circulam em Vila Franca de Xira Professores da Básica de Azambuja em greve no primeiro tempo Adega Cooperativa de Arruda em momento de viragem quer voltar a atrair os seus associados |