Azambuja: Bombeiros registam 30 mortos na Estrada Nacional 3 em 15 anos
Sinistralidade nas principais vias do concelho de Azambuja em análise
Miguel A. Rodrigues
27-07-2016 às 17:58
Durante um ano a Estrada Nacional 3 que atravessa parte do concelho de Azambuja, foi a mais mortífera da região. Desde 2000 morreram 10 pessoas nesta via, sendo que só este ano quatro perderam a vida no local. É por isso que a par com a Estrada Nacional 366, que liga o cruzamento da Guarita a Aveiras de Cima, constituem a maior preocupação dos bombeiros de Azambuja. Ao Valor Local, Armando Batista, comandante da corporação azambujense, salienta a perigosidade da estrada que em parte é agravada pelo movimento das centenas de pesados que laboram na área logística. Segundo o comandante, não existem estatísticas oficiais, mas por alto, só a Sonae e a Jerónimo Martins movimentam cerca de quatrocentos camiões por dia. Outros tantos devem sair também do grupo Auchan. Todo este movimento coloca os bombeiros em alerta permanente e de mãos atadas, pois nunca se sabe quando e onde acontece um acidente e os bombeiros têm de estar em alerta. Armando Batista salienta que o tempo de resposta ronda “um minuto e dezassete segundos” e isso é uma grande mais-valia para o socorro “e um motivo de orgulho para nós”. Apesar das circunstâncias, o comandante vinca a redução de vítimas mortais nos últimos meses, atribuindo a isso o grau de resposta dos bombeiros, e na evacuação para o hospital de referência, já que quanto mais rápido for o socorro, menos probabilidade de morte existe num acidente de viação. Existem, no entanto, outras preocupações. Armando Batista lembra que “Azambuja está no centro de tudo e por isso o grau de alerta é constante.” O operacional salienta que na base deste trabalho está uma alteração da forma de atuação. Se antes saía primeiro a ambulância e depois o carro de desencarceramento, “agora saem os meios todos”. “Se não fizerem falta regressam” salienta Armando Batista vincando que neste campo os bombeiros de Azambuja não fazem qualquer poupança. O comandante lembra que Azambuja é atravessada pela autoestrada do norte, pela linha do norte, tem as maiores empresas de logística alimentar que fornecem lojas em todo o país e a inda é atravessada por um gasoduto e oleoduto e um corredor aéreo, “bem como a conduta da EPAL que abastece Lisboa e passa mesmo aqui”, refere o comandante. Estes são motivos de preocupação sobretudo no verão já “que o centro de logística desloca-se para o Algarve”, lembrando que “as pessoas não têm noção da importância de Azambuja que é o centro da logística de Portugal”. Todavia também as estradas municipais constituem alguma preocupação. Há com frequência acidentes com alguma gravidade na “Ladeira do Judas” na zona dos Casais de Britos e na Rua dos Casaleiros. No que toca à Estrada 366, “existe alguma preocupação, nomeadamente devido à configuração da estrada, mas ainda sendo um ponto negro, mas as preocupações com a nacional três são muito maiores”. Alcoentre: “Estradas são boas. O pessoal é que não respeita!”
Os Bombeiros voluntários de Alcoentre têm em mãos o socorro no alto do concelho de Azambuja. A área é vasta e em muitos locais a ingerência dos condutores a par com o mau estado das vias, tem sido o “rastilho” para a ocorrência de acidentes de viação graves. Eifel Garcia, comandante dos voluntários locais, salienta ao Valor Local que a estrada nacional 366, o IC 2 e a antiga nacional 1, são as principais preocupações a par com a autoestrada do norte. Para o comandante, o aumento do fluxo de trânsito tem sido significativo e isso acarreta também maior preocupação aos soldados da paz, já que isso leva “a que os sinistros ocorram com maior regularidade” lamenta o operacional. Eifel Garcia refere um acidente recente “quase às portas do quartel, no cruzamento de Alcoentre, fez três mortos e oito feridos”. O comandante vinca como pontos negros da sinistralidade o “cruzamento de Alcoentre, a zona da Repsol na ligação ao Vale de Tábuas, a zona das Quebradas nas ligações ao IC2 e na Espinheira”, “onde já se registaram acidentes com mortos e feridos com alguma gravidade”. Eifel Gracia atribui a muitos deste sinistros a malfadada “falta de limpeza” para tentar justificar alguns dos acidentes. Há muito que o cruzamento de Alcoentre reclama manutenção por parte da Estradas de Portugal que tarda em limpar as bermas e mudar alguma sinalização já pedida até pelo município de Azambuja. Por outro lado lamenta também algum descuido por parte dos condutores que descuram “a segurança rodoviária”. O comandante reconhece que os condutores quando “têm a carta há pouco tempo dificilmente têm acidentes de automóvel”, mas depois de “ganharem confiança e passarem o período de experiência, já as regras do código da estrada deixam de ser observadas devidamente”. O comandante salienta que as estradas, na sua maioria “estão boas, têm um bom asfalto e a sinalização adequada. Contudo os automobilistas não respeitam isso, destacando como exemplo a sucessiva violação do traço contínuo para quem vira para uma empresa na zona industrial de Aveiras, em vez de “darem a volta na rotunda” ou no acesso da CLC em Aveiras de Cima: “As pessoas sabem que é proibido, mas continuam a fazê-lo” refere. O comandante dos combeiros de Alcoentre defende o alargamento para duas faixas na Estrada Nacional 366 para que o socorro possa ser mais eficiente, não colocando em causa a segurança das pessoas. Eifel Garcia diz que em tempos já se falou desta hipótese, que considera preferível à colocação de um separador central. Já dentro de Alcoentre a preocupação com o desrespeito dos semáforos é constante. “Ainda na sexta-feira houve um acidente que envolveu uma grávida de sete meses por desrespeito do sinal vermelho”, todavia e segundo o operacional, tudo não passou de um susto.
|