Azambuja: Cerca de 30 famílias podem ficar sem casa no fim do ano
Moradores da torre sul, em risco de ficarem sem a sua habitação por causa da venda do imóvel a fundos internacionais
|05 Nov 2021 15:01
Sílvia Agostinho Estão a chegar ao fim os contratos estabelecidos entre um fundo imobiliário, e os inquilinos do prédio da Torre, a do lado sul, em Azambuja, cujas habitações começaram a ser disponibilizadas no mercado em 2014 através de arrendamento com a possibilidade de compra.
Em plena crise da Troika muitas foram as famílias que conseguiram apartamentos na denominada Torre a rendas entre os 350 euros a 400 euros entre T1 a T3. Agora o fundo Hipoges Iberia- Sociedade Gestora de Propriedades, que sucedeu na propriedade deste imóvel, no meio do processo, à Norfin-Sociedade Gestora de Fundos de Investimentos Imobiliários, informou aqueles que não exerceram direito de preferência de compra a abandonarem os apartamentos, dado que os contratos chegaram ao fim. O caso está a tomar proporções sociais e até o município está a tentar interceder junto do fundo. No total foram construídos, ainda na década de 90, 48 apartamentos, mas o prédio esteve 25 anos em esqueleto e a qualidade da construção tem deixado a desejar. Apesar das rendas baratas e das áreas espaçosas, o imóvel apresenta sérios problemas relacionados com humidade, o que também tem levado a que muitos tenham deixado de ali viver ao longo dos anos. O edifício possui vários T1 com 75m2; os T2 têm 140 m2; os T3 possuem 155m2. No oitavo andar, cada uma das frações tem 200m2; por último, o 9º (penthouse) tem 220m2. Cláudia Pedroso, que vive num T2, desde 2014 foi uma das visadas pela Hipoges Iberia. Tem de abandonar a casa até março, altura em que termina o contrato. Em 2019, foi renovado, mas nunca chegou a receber documentação nesse sentido. Pagou sempre 300 euros de renda. Sabe de alguns vizinhos no prédio já contactados com indicação para saírem por caducidade do contrato, mas existe nesta altura um terceiro fundo, cujo nome não conseguimos apurar, a negociar com alguns habitantes do prédio a possibilidade de ficarem a pagar uma renda no valor de 500 a 600 euros, isto se não aparecer nenhum interessado que ofereça um valor mais alto. Cláudia Pedroso ficou a saber que a empresa tem a faca e o queijo na mão e que terá mesmo de sair. Para trás ficam quatro anos numa casa que precisou de obras, apesar de ter sido a estrear. Infiltrações “acerca das quais o antigo fundo, a Norfin, nunca quis saber, e ainda chegaram a dizer que não tinham sido pagas algumas rendas apesar de termos os extratos a comprová-lo”. A Norfin ao passar o imóvel para a Hipoges Iberia garantiu aos inquilinos que mesmo que não exercessem direito de compra podiam permanecer como inquilinos. Nesta altura, Cláudia Pedroso já conseguiu alugar casa em Azambuja, mais ou menos pela mesma verba que teria de pagar se quisesse permanecer na torre, mas somados os prós e contras já optou por sair nos próximos tempos. O edifício tem problemas de gestão de condomínio e reina a desorganização. “Ainda há pouco tempo houve ameaças de corte de luz no prédio, e imagine o que é ter de subir para o quinto andar sem elevador com crianças de colo como é o caso de alguns vizinhos”. Por outro lado, o apartamento está a precisar de “muitas obras”. Sabe de uma vizinha no sétimo andar onde “literalmente lhe chove dentro de casa como se estivesse na rua”. Entre os inquilinos é ventilado que o fundo fez grandes investimentos com compra de casas em Azambuja e que agora quererá recuperar essas verbas colocando as habitações da torre a preços mais altos no mercado. Cláudia Pedroso refere que no seu caso não foi fácil encontrar casa na vila de Azambuja, e ainda chegou a procurar em Aveiras de Cima e Virtudes mas sem sucesso. Não há praticamente casas no mercado de arrendamento e quanto à compra não foi equacionada pela sua família. Caso chega à Câmara de Azambuja O assunto foi levado a reunião de Câmara pela vereadora do Chega, Inês Louro, que face à escassez de habitação para alugar ou até para comprar em Azambuja considerou que o município deve interceder no sentido da continuidade das pessoas no prédio ou garantir algum tipo de alternativas. Ao Valor Local confidenciou que “muita gente do bairro social não paga renda, e estas famílias vão ser despejadas sem alternativas, quando não teriam problemas em pagar uma renda social”. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, informou que já decorreram contactos entre o município e o fundo na tentativa de existir uma sensibilização dado o elevado número de famílias que residem no prédio em causa. “Estamos a acompanhar o problema mas não é de hoje para amanhã que resolvemos a questão da falta de habitação no concelho”, acrescentou o vereador António José Matos. O Valor Local contactou a Hipoges Iberia mas sem sucesso. Comentários Ptocura caza T1 sosial,eu formado invalideis. Ivan Slyvchuk 10/11/2021 às 09:44 Tambem sou morador das torres tambem tou na mesma situation nao sei que fazer... Pedro Barros 09-11-2021 às 19:29 Boa noite, infelizmente vivo na mesma situação moro no monte de Caparica desde 2015, este ano deram me direito de preferência do imóvel onde habito, exerci esse direito mas infelizmente a Norfin vendeu a casa à hipoges, neste momento recebi uma carta que tenho que deixar o imóvel em Março, sem sitio para viver mais o meu marido e duas filhas menores, muito triste é desumano o que fazem com as pessoas que sempre pagaram as suas rendas. Já dei uma entrevista na RTP 1 no programa sexta às 9, mas infelizmente não deu em nada pois falam da geringonça o que é certo é que as pessoas não têm culpa do que os partidos os bancos façam de errado, sei que é difícil debater com a política mas também sei que nós estamos perante uma situação muito difícil e sem tetos para vivermos, perante a lei temos direito à habitação. A minha dúvida é, o que vão fazer a milhares de famílias que estão a viver um pesadelo?! Ando de rastos sem forças para lutar pois infelizmente não tenho meios financeiros de ter um advogado para nos ajudar neste assunto que perante a lei eu e outras tantas pessoas exercemos esse direito de preferência e agora o que vai acontecer a nós?! Por favor façam chegar estes casos a todo o lado precisamos com urgência de apoio do estado. Deixo um abraço de conforto a todos que estão a passar por este pesadelo, espero que resolvam rapidamente o problema. Obrigado. Sónia Janeira 7-11-2021 às 21:11 |
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