Azambuja: Falta de médicos deixa presidentes de junta do concelho à beira de um ataque de nervos
Os autarcas de Vila Nova da Rainha, Mário Parruca, e Aveiras de Cima, António Torrão, estiveram na Rádio Valor Local e deram conta das queixas da população
| 14 Jun 2021 09:28
Sílvia Agostinho Sílvia Carvalho d'Almeida A falta de médicos em Azambuja não é recente, mas viu-se agravada no presente estado de pandemia que vivemos, desde início de 2020. Na sequência de uma notícia do Valor Local que punha a nu as dificuldades dos utentes no acesso aos cuidados de saúde, os vários Presidentes de Junta do concelho reuniram-se e redigiram uma carta assinada pedindo às entidades competentes por esta matéria que tomassem providências no sentido de resolver a situação.
Já em entrevista à rádio Valor Local, os presidentes de Junta de Aveiras de Cima e de Vila Nova da Rainha, contaram como estão a viver a situação nas suas localidades, pediram responsabilidades, e mostraram o seu desagrado por um problema que parece não ter fim à vista. Os postos médicos de Aveiras de Baixo e Vale do Paraíso fecharam. Sendo o que o de Aveiras de Cima é o que acolhe de momento os utentes destas localidades, servindo atualmente cerca de 6000 pessoas. António Torrão, presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, conta que "a médica destacada está de baixa, uma vez que tem uma gravidez de risco, o que significa que estas pessoas não têm um único médico disponível. Não há médico de família, vai um médico contratado dar consultas duas vezes por semana e não está o dia todo”. O autarca continua a dar conta do estado de coisas no posto médico referindo que os utentes chegam “a esperar três semanas a um mês por uma receita. Há pessoas com doenças crónicas, que precisam de medicação com frequência. Isto é inadmissível especialmente para um país que está na Presidência da União Europeia. Andamos pelo mundo a dizer que somos muito desenvolvidos e depois sonegamos aquilo que é um direito constitucional, o direito à saúde." A isto acresce o problema da falta de transportes na região, com uma população maioritariamente idosa, com dificuldades de deslocação. Para o autarca, isto é "um desrespeito pelo ser humano na região, em matéria de saúde." Em Vila Nova da Rainha, o cenário é semelhante, segundo o presidente de Junta de Freguesia em questão, Mário Parruca. Embora as pessoas tenham médico de família, "não se consegue marcar consultas, pois ou está sempre impedido ou não atendem. Às vezes só depois de dias a tentar é que se consegue, mas são marcadas para dali a muito tempo”. Relativamente às receitas que ficam na junta para serem entregues no Centro de Saúde demoram “duas a três semanas a chegar." Segundo o que nos conta, estima-se que são precisos cinco médicos para o concelho da Azambuja. As autoridades responsáveis com as quais os autarcas mantêm contacto, dizem que "o que está previsto é que durante este ano se consigam repor estes médicos”. “A Câmara, nas palavras do presidente Luís de Sousa, criou incentivos para tentar fixar médicos no concelho, no entanto, diz-nos a experiência popular que raramente estes médicos ficam por muito tempo”. A explicação é de Mário Parruca. Ao fim de seis meses qualquer clínico pode pedir dispensa e abandonar a atividade no concelho mesmo com incentivos dados pela Câmara. Existem vários fatores para que isto aconteça: Por um lado a distância a que estão dos sítios onde esses médicos residem, e como não existe obrigatoriedade em se fixarem é normal que não fiquem para além desse tempo. Os autarcas precisam que “grande parte da formação dos médicos é paga com dinheiro do Estado, ou seja, de todos nós. E o médico está seis meses num local e vai embora. Penso que deveria haver uma atenção especial de quem gere estes processos." Para António Torrão, " os presidentes de junta não são suficientemente ouvidos sendo esta situação mais uma delas. Quem está à secretária decide sem vir ao terreno, sem analisar nem perceber as consequências que terão as suas decisões." Relativamente a teleconsultas, diz que " isso deve aplicar-se a quem tem acesso a meios informáticos, o que não é muitas vezes os caso das pessoas mais idosas”. No entanto “também há dificuldade em marcar essas consultas tanto ou mais do que as presenciais." Para António Torrão, "não faz sentido nenhum haver teleconsultas excetuando se for para pedir um medicamento. Nós somos pessoas, precisamos do contacto humano, e já é difícil por vezes fazer diagnósticos presencialmente, quanto mais por videoconferência." Não deixe de ler: Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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