Bloco de Esquerda: Carlos Patrão promete transparência e critica os “conluios” entre PS e PSD
Crítico do empréstimo para o novo estádio da UDV, e dos critérios de avaliação da gestão do Grupo Mello enquanto esteve à frente do Hospital, o candidato dá a sua visão sobre o concelho
|01 Set 2021 15:20
Sílvia Agostinho/Miguel António Rodrigues Carlos Patrão, 54 anos, engenheiro de sistemas informáticos candidata-se pela terceira vez à Câmara de Vila Franca de Xira, e tem pautado o seu mandato como vereador com algumas tomadas de posições mais polémicas. Foi assim no caso do empréstimo bancário no valor de 2,6 milhões de euros para financiamento das obras do novo estádio da União Desportiva Vilafranquense em que votou contra. Carlos Patrão diz que não foi mostrado um projeto nem em que condições a SAD do clube vai utilizar as novas instalações em perspetiva. E vai mais longe – “Se calhar tudo isto é para as eleições e nem sequer vai ser concretizado”.
Posição diferente tem em relação à aquisição do espaço da Armada, onde a Câmara investiu 8,1 milhões de euros, embora sem projetos fixados até ao momento. Carlos Patrão, neste tema, acredita que será um bom ponto de partida para se definir uma política de aposta em empregos qualificados quanto a empresas que ali se venham a fixar, e com isso “fazer evoluir o tecido produtivo” do concelho. “Embora não se veja nada no terreno, isto porque esta Câmara agacha-se muito perante os governos, sobretudo se forem da mesma cor”. No tema da plataforma logística da Castanheira lamenta o investimento de quase cinco milhões de euros em acessos e compra de terrenos por parte do município com a promessa de 40 mil postos de trabalho, e ao fim de 10 anos “não temos nada”. Com a segunda inauguração decorrida recentemente continua a ser cético e opina que no fundo “o concelho tem servido de plataforma para algumas pessoas do PS darem o salto e irem para a Assembleia da República e posicionarem-se muito bem dentro do aparelho socialista” numa alusão à antiga presidente de Câmara, Maria da Luz Rosinha. Até porque “benefícios para Via Franca não estão à vista”. “Se for Câmara não investirei um cêntimo na plataforma” conclui. ASSISTA AO VÍDEO DA ENTREVISTA NA RÁDIO VALOR LOCAL
No que respeita à habitação, o candidato bloquista censura projetos como aquele que está em marcha neste momento, o Vila Rio que vai fazer-se à custa da apropriação da paisagem, com apartamentos que vão ser vendidos por um milhão de euros, quando “ o concelho possui 11 mil fogos devolutos”, segundo os censos de 2011 e a “prioridade deveria ser a regeneração urbana”.
O candidato acredita que um dos grandes investimentos a concretizar na Póvoa, deveria passar pelo seu mouchão, sendo que o investimento de três milhões de euros anunciado recentemente só vai dar para as primeiras impressões, dado que a obra deverá rondar os 50 a 60 milhões de euros tendo em vista a reparação dos diques. Será uma obra no seu entender para mais do que um mandato mas que valerá a pena ser concretizada. No dossier do hospital e da sua recente passagem para entidade pública empresarial, Carlos Patrão diz esperar que a questão do estacionamento seja ultrapassada dado que a Câmara adquiriu terrenos tendo em vista esse fim. Já sobre a antiga gestão do grupo Mello, elogiada por muitos, o candidato afirma-se pessimista, e lembra que o facto de o hospital ter sido muitas vezes acreditado por uma entidade americana como uma unidade de excelência, tal “não é exemplo”, “e quando os Estados Unidos têm uma das piores gestões de saúde do mundo”, em que “as pessoas que não têm seguro de saúde morrem num canto qualquer”. Contudo deixa a promessa que será tão exigente com este modelo de gestão como foi com o anterior “até porque chegam relatos de coisas horríveis que se estão a passar no hospital”. No problemático dossier da Cimpor, o Bloco de Esquerda foi o único partido que participou na consulta pública de avaliação de impacte ambiental, desencadeada em 2020, para aumento da capacidade de queima, e diversificação dos materiais que podem entrar para incineração. Prevê-se que para atingir a capacidade e tenha rentabilidade “vá ter de importar lixo do estrangeiro”. “Todos os outros partidos têm falado pouco disto porque são coniventes com o que a Cimpor faz, por causa das compensações que a empresa tem oferecido”. E por isso “a empresa tem de assumir que está a poluir no concelho, porque tem sacudido essa responsabilidade, os filtros de manga não estão a funcionar”. A Câmara tem sido conivente nas palavras do candidato, que no fim da nossa entrevista apesar de ser demolidor em muitos dos assuntos face à postura do município não descarta acordos pontuais ou algo mais com o Partido Socialista e/ou outras forças de esquerda. |
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