Câmara de Azambuja prepara-se para aprovar as duas centrais solares para o concelho nas próximas semanas
Agência Portuguesa do Ambiente já deu luz verde ao projeto da Torre Bela. População de Casais das Boiças livre das linhas de muito alta tensão deste parque. Projeto da Quinta da Cerca deverá ser aprovado em breve pela APA. Câmara vai votar os dois em conjunto
| 26 Jun 2021 12:31
Sílvia Agostinho Após a aprovação do projeto da central fotovoltaica da Torre Bela, na freguesia de Manique do Intendente, concelho de Azambuja, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) noticiada entretanto, numa decisão que já era esperada, aquela entidade do Estado deverá dar luz verde nas próximas semanas ao projeto da Central da Cerca, EDP Renováveis, entre os concelhos de Azambuja e Alenquer. O parecer para este projeto, de acordo com Silvino Lúcio, vice presidente da autarquia, ao Valor Local, está mais atrasado, porquanto ainda não foram acauteladas todas as medidas do ponto de vista da salvaguarda de corredores verdes, linhas de água e proteção ambiental. O município prepara-se para votar nas próximas semanas ambos os projetos.
No que respeita ao projeto para a Torre Bela, a avaliação ambiental produzida durante este mês de junho, considera que a artificialização da paisagem está ao virar da esquina e os impactes vão desde a desflorestação à desmatação, entre outros, devido à implantação dos painéis fotovoltaicos, no terreno, durante cerca de 30 anos. Contudo a APA salvaguarda que pode ser positivo do ponto de vista económico devido aos postos de trabalho, embora após a fase de construção está previsto que não vão além de cerca uma dezena. A entidade estatal não esconde que haverá prejuízos do ponto de vista do turismo e imobiliário, numa altura em que o município tem vindo a apelar para os circuitos naturais naquela zona do concelho. Contudo a autarquia não estranha que a APA já tenha votado favoravelmente o projeto, e antes da Câmara, (embora só tivesse tido conhecimento após a notícia ter saído para a comunicação social durante esta sexta-feira), uma vez que os processos correm nas várias instâncias em simultâneo, sendo possível existir uma pronúncia do organismo a partir do momento em que o processo de licenciamento entre na autarquia. O autarca e candidato à Câmara pelo PS nas autárquicas deste ano, diz que a aprovação para a Central da Cerca deverá chegar nos próximos tempos, e que entre finais de julho e inícios de agosto, a Câmara vai pronunciar-se favoravelmente, como de resto já anunciara à Rádio Valor Local, o presidente da Câmara, Luís de Sousa. No parecer, a APA dá conta de alguns ajustamentos a efetuar no projeto da CSRTB e Aura Power para a Torre Bela desde logo no tamanho dos painéis, não devendo conflituar com árvores de espécies autóctones com uma largura aproximada de 20 metros. São ainda exigidas mudanças no traçado da Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) e a garantia que não passe por cima de zonas de sobreiros ou azinheiras. Sendo ainda preciso assegurar a alteração do Plano de Gestão Florestal da herdade. Luta das gentes de Casais da Boiças deu resultado Neste particular da alteração do traçado da linha de muito alta tensão, o presidente da Câmara, Luís de Sousa, assegura, ao nosso jornal, que no caso da população de Casais das Boiças, o promotor vai fazer mais um estudo para que as linhas passem longe da aldeia, numa luta que o Valor Local tem acompanhado desde o início. Recorde-se que Câmara de Azambuja, junta de freguesia de Alcoentre e os moradores de Casais das Boiças reclamam um traçado alternativo para a LMAT que vai ligar ao projeto solar da Torre Bela. Na sexta-feira, dia 18 de junho, aqueles intervenientes estiveram reunidos com os promotores, e de acordo com António Loureiro, um desses habitantes daquela localidade, ao nosso jornal, a reunião pareceu ser profícua, com o promotor disponível para encetar mais um estudo para a LMAT. Nesta questão Loureiro saudou o empenho de Luís de Sousa, presidente da Câmara, e Francisco Morgado, presidente da junta, que se mostraram “proativos” na reunião, mas espera, agora que o parecer favorável da APA, "e que toda esta movimentação por parte da população chegue a bom porto como é o desejo dos habitantes de Alcoentre e Casais das Boiças." Recorde-se que em causa estava o traçado da Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) que compreende um complexo de duas linhas que liga as centrais fotovoltaicas de Rio Maior e Torre Bela à subestação de Rio Maior, a 400kV, com uma extensão de cerca de 20 quilómetros, sujeita a avaliação de impacte ambiental. Inicialmente foi proposto um traçado em que as linhas passavam por cima de Casais das Boiças, onde o quadro de postes de muito alta tensão é um cenário preocupante já há muitos anos. Depois a empresa corrigiu e propôs outro cenário em que o atravessamento das linhas se dava já na vila de Alcoentre, mas Casais das Boiças não deixava de estar no triângulo de linhas. Sendo que o prejuízo principal passava para a população da sede de freguesia, num quadro também rejeitado por aqueles moradores. Nesta altura e a avaliar pelas declarações dos responsáveis políticos do concelho ao nosso jornal, a opção desejada por autarquia e moradores vai em frente: as linhas a passar na zona do olival, partindo da Frutalcarmo, e daí até ao estabelecimento prisional de Vale de Judeus até chegar ao futuro parque fotovoltaico. Luís de Sousa, em declarações ao nosso jornal, revelou que tem estado a pressionar a APA e saúda a boa vontade dos promotores que face a esta questão deram conhecimento que para não atrasarem o projeto “vão começar a construir o empreendimento do lado de Rio Maior”. Simon Coulson, promotor do projeto e CEO da Aura Power, empresa ligada ao parque fotovoltaico na Torre Bela, perante os anseios da população, referiu já em declarações ao nosso jornal, que acatará o que assim for determinado pela Agência Portuguesa do Ambiente, agradecendo o feed-back das comunidades locais. Perspetiva para uma discussão acalorada em Assembleia Municipal O projeto em Assembleia Municipal deverá ser votado ao que tudo indica durante este verão. Se no âmbito do órgão executivo não deverão existir entraves dada a maioria do PS, no órgão deliberativo - e com o abandono de Inês Louro do PS, sendo que a atual candidata do Chega à Câmara evocou como uma das razões para a sua saída, a vinda das centrais solares para o concelho - o PS está em desvantagem de 13 eleitos para 14 no conjunto da oposição. O PSD deverá votar contra dado que está desde o início em desacordo com estes dois projetos. Dessa forma e para viabilizar o projeto, o PS terá de contar com pelo menos mais um voto de outra bancada da oposição. Rui Corça, vereador do PSD e candidato à Câmara, ao Valor Local, não estranha que o PS possa perder em assembleia municipal, e espera para ver as próximas démarches do Partido Socialista que na sua opinião não está nada interessado em discutir e aprovar este tema. "Talvez lá para agosto quando estiverem todos de férias", diz ao Valor Local. Por seu lado, Silvino Lúcio salvaguarda que o município nada ganha em votar contra porque a bandeira do interesse público nacional já foi acenada pelo ministro do Ambiente, Matos Fernandes, dado que o cumprimento das metas de Bruxelas no desígnio das energias limpas é um dos principais objetivos deste Governo. "Se votarmos contra também vamos perder uma série de benefícios com os quais as empresas das duas centrais já se comprometeram com o contemplar de um conjunto de painéis solares a 31 instituições do concelho, que assim vão diminuir os seus gastos energéticos e contribuir para um melhor ambiente. Se votarmos contra, o Governo suspende o PDM e claro já não contaremos com esse tipo de possíveis benefícios por parte das empresas". Silvino Lúcio não tem dúvidas- "Estamos neste projeto para que exista um melhor futuro para os nossos filhos e netos com menos energias poluentes e a bem do ambiente!". Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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