Câmara de Azambuja renova contrato por mais um ano com empresa dos lixos de que todos se queixamAo longo do tempo, as queixas quanto à deficiência do serviço têm sido constantes
Sílvia Agostinho
09-12-2018 às 18:55 A Câmara Municipal de Azambuja decidiu prolongar por mais um ano o contrato com a Ecoambiente, empresa responsável pela recolha de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no concelho, nos últimos oito anos. Ao longo do tempo, as queixas quanto à deficiência do serviço têm sido constantes, apesar do cuidado dos cidadãos no acondicionamento dos lixos também não ser o melhor. Certo é que avisos não faltaram, por parte da oposição, quanto à necessidade de uma nova solução: ou a Câmara voltaria a chamar a si este serviço, ou optaria por um novo concurso público e de preferência com novo privado, ou uma solução no âmbito intermunicipal. Silvino Lúcio, vereador com o pelouro da higiene e limpeza urbana, anunciou que face ao aproximar da data de conclusão do contrato, 26 de novembro, esta foi a solução possível.
Para o vereador da CDU, David Mendes, a Câmara disporia, nesta altura, de capacidade financeira para voltar a cumprir este serviço, mesmo significando a aquisição de viaturas, material e gastos com recursos humanos, contudo poderia procurar “economias de escala com municípios vizinhos como o de Alenquer”. “Mas como esta é uma Câmara reativa, e por isso não lhe apetece gerir os lixos porque dá trabalho”, sentenciou, ilustrando – “No fundo o que esta Câmara gosta é de ser apanhada com as calças na mão”. Na edição de janeiro de 2014 do Valor Local, este já era um assunto debatido no seio da vereação e na mesma altura, Silvino Lúcio constatava que até 2018 a Câmara tinha de se preocupar em “fazer um estudo sério sobre quais as melhores opções”. O Valor Local questionou o vereador do pelouro acerca dos custos com a internização do serviço neste momento. Silvino Lúcio refere que o investimento aproximar-se-ia do milhão de euros em viaturas de recolha, lava contentores, e outros materiais, bem como, um “incremento significativo dos custos salariais” (cerca de 250 mil euros por ano ). A Câmara de Azambuja reflete ainda a nível dos seus custos e receitas com este setor os seguintes valores: Os encargos com a recolha e transporte de resíduos, lavagem e fornecimento de contentores cifram-se anualmente em cerca de 600 mil euros, enquanto os custos com o tratamento representam cerca de 250 mil euros. No entanto, os custos globais com a gestão dos resíduos ascendem a cerca de 1 milhão 100 mil euros. A receita da Câmara com a tarifa de RSU é de 740 mil euros, e a recolha nos dois estabelecimentos prisionais sedeados no concelho é de 77 mil 500 euros, o que somado dá cerca de 820mil euros. Os custos com a Ecoambiente realçados na Reunião de Câmara são atualmente de 450 mil euros e vão passar para 550 mil euros por ano. O PSD, em comunicado, enviado às redações também não compreende o prolongamento do contrato com a empresa em causa, e alega que em oito anos, o serviço atingiu os graus mínimos – “a recolha deixou de ser diária, a lavagem e desinfeção dos contentores deixou de ser feita com regularidade, a recolha de monos também deixou de existir”. Na reunião de Câmara em que apresentou a renovação de contrato por mais um ano, o vereador Silvino Lúcio recusou a ideia de que a Câmara tenha receios de retomar as rédeas da recolha dos lixos, e que esta foi a decisão possível. Recorde-se que o próprio executivo PS neste e no anterior mandato também demonstrou, por diversas ocasiões, a sua insatisfação com os níveis de serviço da empresa com a qual voltou a renovar. Deu conta que a tarifa dos Resíduos Sólidos Urbanos vai subir por parte da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), no âmbito do princípio poluidor-pagador. A proposta foi aprovada por maioria com os votos a favor do PS, abstenção da CDU, e votos contra do PSD. A Câmara de Azambuja evidencia, ao nosso jornal, que há vantagens na gestão dos lixos pelos privados, pelo que após este ano de contrato com um parceiro que tem deixado a desejar, a autarquia deixa no ar a ideia de voltar a privatizar a recolha dos lixos porque as vantagens são elencadas da seguinte forma: “a Câmara não necessita de realizar um investimento significativo em viaturas, garantia da resolução de problemas com avarias de viaturas de forma mais expedita e consequentemente, garantia de um serviço de recolha de resíduos e de lavagem de contentores mais fiável e eficaz.”
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