Canhão Cársico da Ota avança para área protegida
A qualificação em curso vai chocar ainda mais com a questão das pedreiras existentes na área.
Sílvia Agostinho
05-02-2016 às 18:29 Terminaram nos últimos meses de 2015 o estudo e caracterização do Canhão Cársico da Ota no âmbito de um projeto coordenado pelo biólogo José Carlos Morais que tinha como objetivo estudar a fauna e a flora daquela paisagem natural. A grande novidade é que nesta altura, a Câmara está interessada em classificar aquele património, configurando-o como área protegida, o que faz com que seja “dado mais um passo em frente na preservação do Canhão Cársico”; enfatiza José Carlos Morais.
Para isso foi pedido um relatório à equipa científica que esteve a fazer trabalho de campo durante o ano passado composta por biólogos, geólogos, arqueólogos, entre outros, destinado a sustentar essa necessidade de qualificar aquela joia natural do concelho. O trabalho já foi apresentado, e neste momento “a Câmara tem todo o interesse em qualificar o Canhão Cársico como paisagem natural de âmbito local”. Em entrevista ao nosso jornal há exatamente um ano atrás, José Carlos Morais estranhava o facto de aquele património não se encontrar qualificado pelos organismos do Estado. A qualificação local a nível concelhio já se constituí como um primeiro passo, para já. Para além da fundamentação técnica já remetida ao município, a proposta de qualificação é acompanhada ainda de um plano de gestão e de um plano de ordenamento que será transposto para uma revisão do PDM, atualmente em curso. Num espaço do ano, muitos foram os que acordaram para a importância do que ali estava, de tal maneira que hoje em dia já se assiste a uma presença demasiado intensa de turistas, praticantes de desporto, entre outros. “Isso faz com que tenhamos preocupações no que se refere à necessidade de as pessoas não estragarem elementos naturais preciosos como certas espécies de plantas e de flores”. “Aquela área tornou-se numa moda para provas de trilhos. Há empresas a organizarem excursões ao local. O que é importante é que não se coloque em causa o que lá existe”. De acordo com o que foi apurado pela equipa foram identificados, entre outros, 10 locais com ocorrências de interesse arqueológico, oito grutas, seis hectares de formações rochosas (escarpas e cascalheiras), 11 habitats protegidos (um deles prioritário), 362 espécies de flora, sendo 32 consideradas "raras, endémicas, localmente ameaçadas ou em perigo de extinção". Sendo que algumas têm neste local o maior núcleo populacional do país. Algumas das espécies e no âmbito da legislação comunitárias obrigam à criação de áreas protegidas. A qualificação em curso vai também chocar ainda mais com a questão das pedreiras existentes na área. “Com esta qualificação, é difícil que haja novas autorizações para alargamento de pedreiras naquela zona”. Contudo, “sei que há pedreiras já com áreas de expansão aprovadas e nesse caso será mais difícil. Em virtude do que for definido para a paisagem protegida, há que ter em conta a articulação entre as duas realidades”. Segue-se agora por parte deste projeto dar a conhecer o trabalho realizado através de exposições e brochuras. Será realizado também um seminário na Ota.
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