Carlos Coutinho: Concelho de Benavente não tem “escravatura” asiática no seu território
Possíveis abusos na área do município, tendo em conta a existência de algumas empresas que operam, nomeadamente, em Santo Estevão, e que recrutam trabalhadores de países como a Índia, Nepal ou Paquistão.
|02 Jun 2021 17:42
atualizada 07 jun 21:51 com declarações da Vitacress Sílvia Agostinho O concelho de Benavente não tem “escravatura” do sul asiático no seu território. A afirmação é do presidente de Câmara, Carlos Coutinho, na última reunião do executivo. O vereador do PSD, Ricardo Oliveira, questionou da possibilidade de existirem abusos na área do município, tendo em conta a existência de algumas empresas que operam, nomeadamente, em Santo Estevão, e que recrutam trabalhadores de países como a Índia, Nepal ou Paquistão.
Os acontecimentos de Odemira ainda estão bem presentes e fizeram soar as campainhas um pouco por toda a parte. Recorde-se que na primeira vaga da pandemia, a empresa Marinhave foi das primeiras na região a debater-se com um foco de Covid-19, com cerca de 20 infetados. Na sua maioria eram trabalhadores migrantes. Ricardo Oliveira não quis comparar Benavente a Odemira, mas mesmo assim questionou acerca do número de população migrante oriunda daqueles países a trabalhar quer na agricultura, quer nas empresas. O autarca está preocupado com possíveis casos de sobrelotação habitacional que conduzam no imediato à multiplicação de casos de covid. “Até que ponto, a Câmara já procurou resolver alguns destes problemas, e de que forma tentou pressionar o Governo para dar solução a estas pessoas vítimas do sistema?”, deixou a questão. Carlos Coutinho explicou que no início da pandemia foram sinalizadas estas comunidades, pelo que foi possível aferir de um vasto número daqueles cidadãos a residir no concelho, oriundos de diversos países. “Do ponto de vista habitacional, verificou-se que a situação não era das melhores, mas também não era grave. Não ficámos a conhecer indícios de grande sobrelotação. Havia no máximo cinco ou seis pessoas por casa”. O autarca deu a conhecer que na sua maioria estes imigrantes estão ligados à atividade industrial na Marinhave. Sendo que “muitos deles já residem cá há alguns anos, e depois de estabelecidos conseguiram trazer as respetivas famílias. Não é como em Odemira. Não temos escravatura no nosso concelho”. O Valor Local contactou um dos sindicatos afetos a este tipo de atividade, O Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), através do dirigente sindical, Rui Matias. À nossa reportagem referiu que na área de influência do nosso jornal, concelhos de Azambuja, Benavente, Alenquer, Vila Franca de Xira, Salvaterra de Magos e Arruda dos Vinhos, não são do conhecimento do sindicato situações com um grau de gravidade “igual ou sequer parecido” com Odemira, registando-se casos de escravatura humana no nosso país sobretudo “no distrito de Beja do qual faz parte Odemira, e na zona Oeste como Torres Vedras ou Peniche, por subcontratadas de empresas de topo que operam no setor hortofrutícola como a Vitacress ou a Horta Pronta”. O dirigente sindical refere que numa primeira fase estes migrantes eram sobretudo oriundos do leste europeu mas nos últimos anos são essencialmente asiáticos. Um foco de Covid-19 na vasta comunidade asiática de Odemira abriu a caixa de pandora, nas últimas semanas, para a descoberta de uma rede de tráfico humano a operar naquela zona do Alentejo, em que os trabalhadores eram mantidos em condições desumanas. Perto de seis mil imigrantes ilegais terão vivido nos últimos anos em situações de miséria naquele concelho, segundo o presidente da Câmara, José Alberto Guerreiro. Vitacress responde ao SINTAB Em comunicado a empresa Vitacress sentindo-se visada pelo dirigente sindical enviou à nossa redação os seguintes esclarecimentos- "A Vitacress rege-se por um código de conduta com padrões muito exigentes, abominando quaisquer situações de más praticas, sejam elas de cariz económico, social ou ambiental". Diz a empresa que garante, atualmente, "433 postos de trabalho em Portugal. Na região de Odemira, falamos de 384 colaboradores. Deste universo, menos de 20 por cento correspondem a trabalhadores estrangeiros, que beneficiam das mesmas condições e direitos no seu contrato de trabalho de qualquer outro elemento da empresa com os mesmos cargos, independentemente da sua origem ou nacionalidade.". Sendo assim refere que "não recorre a trabalho sazonal, até porque os seus ciclos de produção não o exigem, garantindo um vínculo de duração continuada com os seus colaboradores. Atualmente, a contratação é efetuada diretamente pela empresa, sem recurso a terceiros, salvaguardando o acompanhamento e apoio a todos os seus colaboradores." Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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