Vistoria detetou falhas graves de segurança
Casa do Povo de Aveiras de Cima vai aproveitar apoio da Câmara para obras profundas José Manuel Pratas dá a conhecer as intervenções que vão ter lugar
|16 Fev 2021 15:06
Sílvia Carvalho d'Almeida A Casa do Povo de Aveiras de Cima encontra-se, neste momento, em obras de requalificação do espaço, que lhe permitirá cumprir os requisitos básicos de segurança. As obras, que serão financiadas pela Câmara Municipal da Azambuja em 80 por cento, têm um custo estimado de 114 mil euros. Em entrevista ao Valor Local, José Manuel Pratas, presidente da associação, conta-nos que foi necessário remover portas, colocar portas anti- pânico, bocas de incêndio, mudar toda a rede elétrica, e alargar o passadiço de evacuação, entre outras intervenções.
Recorde-se do grave incêndio que ocorreu numa associação recreativa em Vila Nova da Rainha no Concelho de Tondela, em janeiro de 2018, e que causou “oito mortos e 34 feridos”, levou o presidente da Câmara, Luís de Sousa, a nomear uma comissão que efetuou uma vistoria a todas as coletividades do concelho verificando que “poucas ou mesmo nenhuma tinham as condições exigidas”. O relatório foi dado a conhecer há pouco tempo e a Câmara está disponível para ajudar a financiar as obras nas várias associações. Praticamente todas elas apresentam deficiências graves a nível da segurança. Com um projeto aprovado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, a Casa do Povo decidiu então concorrer aos apoios camarários criados para o propósito, e José Manuel Pratas crê que esta será a primeira no concelho a obter a certificação necessária. A crise pandémica causou uma subsequente perda de receitas “não só à Casa do Povo mas a todas as associações”, no entanto José Manuel Pratas assegura-nos que tinha “disponíveis os 20 por cento restantes”, provenientes de “poupanças que se conseguiram fazer”. O bar, o gabinete de análise e o de massagens, as cotas pagas pelos associados, e um apoio da Câmara, que no ano transato ascendeu aos seis mil euros garantiam o financiamento da associação, no entanto, devido ao confinamento imposto pelo Governo, o bar e o gabinete de massagens não estão em funcionamento, a exceção é mesmo o de análises, praticamente a única fonte de rendimento. Também as atividades estão suspensas. A associação, que faz 50 anos no próximo dia 11 de maio, foi quase toda construída com fundos da Segurança Social, e a sua principal função era a de acolher as festas do povo, na sua maioria rurais. Com a mudança de regime, esta “deixou de ter o impacto que tinha na altura”. Atualmente, e em condições normais, as atividades que proporciona à população são: o rancho folclórico, o karaté, a columbofilia, e a prática de ballet. Para ser associado basta inscrever-se e pagar uma quotização anual de 7,5 euros, tendo acesso a todas as modalidades. José Manuel Pratas lembra outros tempos da coletividade quando havia um grupo de teatro, que inclusivamente ganhou dois prémios a nível nacional pela Inatel, e que tinha sempre muitos participantes, embora faltasse público nos espetáculos. Diz não compreender o porquê do desinteresse da população, mas gostaria de mudar o estado de coisas. Mas à época os seus custos eram muito elevados e os apoios não chegavam para cobrir as despesas. O presidente da coletividade lamenta, e diz mesmo que um dos seus maiores sonhos é trazer o teatro de volta. Com a voz embargada, deixa uma mensagem para os habitantes de Aveiras de Cima: “Em nome da casa do povo apelo a que participem (quando acabar o confinamento, claro) nas atividades, que se façam associados, para que as coletividades tenham um nicho para poderem sobreviver”. Recorda ainda que todos os associados podem concorrer aos cargos de executivos e dar sugestões para o bom funcionamento da associação, desde que sejam “críticas construtivas”. Conta-nos, por fim, que fizeram um convite muito especial para o aniversário da Casa do Povo, que se aproxima, ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa para que esteja presente. |
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