Sílvia Agostinho
01-06-2021 às 17:24
Casais das Boiças é uma pequena aldeia com cerca de 200 habitantes da freguesia de Alcoentre, Azambuja. Perdida numa das extremidades do concelho, foi mais falada nos últimos dias na sequência da nossa reportagem, na qual demos conta do descontentamento de um grupo de moradores face à possibilidade de passar por cima da localidade mais uma linha de muito alta tensão, desta vez relacionada com o parque fotovoltaico a ser instalado na Torre Bela. Ao que tudo indica, os promotores – Aura Power e CSRTB Unipessoal – vão escolher outro corredor. Contudo o cenário em Casais das Boiças não deixa de ser muito muito preocupante. Na década de 70 foram instalados torres de muito alta tensão, e anos mais tarde a construção foi permitida mesmo ao lado. Se hoje em dia as opiniões sobre os efeitos das radiações, o surgimento de doenças e os impactes no geral das linhas de muito alta tensão ainda geram controvérsia entre a comunidade científica, à época ainda menos informação havia e foi com normalidade que a Câmara de Azambuja e outras entidades autorizaram nos idos de 70, 80 e 90 a edificação de habitações nas proximidades daquelas torres. Certo é que segundo os moradores, cerca de 25 pessoas da aldeia, com menos de 60 anos morreram de cancro nos últimos 15 a 20 anos.
Maria da Luz Santos (na foto acima com a vizinha Zélia Nobre) mora na Rua da Capela e no quintal existe uma torre de muito alta tensão. Há 34 anos que construiu a casa, mas a torre está no local há pelo menos 45 anos. Morreram de cancro já nos anos 2000 a mãe e o marido. A Câmara aprovou o projeto para a construção da habitação na última metade dos anos 80. A moradora acrescenta que o Estado nunca pagou nada para ocupar os terrenos para aquele fim, segundo ouvia contar a sua mãe e a avó. Numa rua contígua mora Zélia Nobre. Quando fez a casa, ainda lhe chegaram a dizer que se calhar não conseguiria por causa das torres, “mas o que é certo é que foi tudo aprovado sem problemas nenhuns”.
A legislação hoje em dia e com base no decreto lei 11/2018 refere que aplicam-se as distâncias de largura máximas definidas em 1992, ou seja e nalguns destes casos que pudemos constar em Casais das Boiças antes de existir uma lei. São estipulados 45 metros (22,5 m para cada lado do eixo da linha) para linhas com tensão nominal superior a 60 kV (Alta Tensão). No seu site a Rede Elétrica Nacional acrescenta que hoje em dia todas as suas linhas, a REN garante sempre distâncias superiores em 25 a 30 por cento relativamente aos valores mínimos impostos por lei. De cinco em cinco anos, os operadores devem ainda apresentar os resultados da monitorização dos campos magnéticos nas instalações de alta e muito alta tensão.
01-06-2021 às 17:24
Casais das Boiças é uma pequena aldeia com cerca de 200 habitantes da freguesia de Alcoentre, Azambuja. Perdida numa das extremidades do concelho, foi mais falada nos últimos dias na sequência da nossa reportagem, na qual demos conta do descontentamento de um grupo de moradores face à possibilidade de passar por cima da localidade mais uma linha de muito alta tensão, desta vez relacionada com o parque fotovoltaico a ser instalado na Torre Bela. Ao que tudo indica, os promotores – Aura Power e CSRTB Unipessoal – vão escolher outro corredor. Contudo o cenário em Casais das Boiças não deixa de ser muito muito preocupante. Na década de 70 foram instalados torres de muito alta tensão, e anos mais tarde a construção foi permitida mesmo ao lado. Se hoje em dia as opiniões sobre os efeitos das radiações, o surgimento de doenças e os impactes no geral das linhas de muito alta tensão ainda geram controvérsia entre a comunidade científica, à época ainda menos informação havia e foi com normalidade que a Câmara de Azambuja e outras entidades autorizaram nos idos de 70, 80 e 90 a edificação de habitações nas proximidades daquelas torres. Certo é que segundo os moradores, cerca de 25 pessoas da aldeia, com menos de 60 anos morreram de cancro nos últimos 15 a 20 anos.
Maria da Luz Santos (na foto acima com a vizinha Zélia Nobre) mora na Rua da Capela e no quintal existe uma torre de muito alta tensão. Há 34 anos que construiu a casa, mas a torre está no local há pelo menos 45 anos. Morreram de cancro já nos anos 2000 a mãe e o marido. A Câmara aprovou o projeto para a construção da habitação na última metade dos anos 80. A moradora acrescenta que o Estado nunca pagou nada para ocupar os terrenos para aquele fim, segundo ouvia contar a sua mãe e a avó. Numa rua contígua mora Zélia Nobre. Quando fez a casa, ainda lhe chegaram a dizer que se calhar não conseguiria por causa das torres, “mas o que é certo é que foi tudo aprovado sem problemas nenhuns”.
A legislação hoje em dia e com base no decreto lei 11/2018 refere que aplicam-se as distâncias de largura máximas definidas em 1992, ou seja e nalguns destes casos que pudemos constar em Casais das Boiças antes de existir uma lei. São estipulados 45 metros (22,5 m para cada lado do eixo da linha) para linhas com tensão nominal superior a 60 kV (Alta Tensão). No seu site a Rede Elétrica Nacional acrescenta que hoje em dia todas as suas linhas, a REN garante sempre distâncias superiores em 25 a 30 por cento relativamente aos valores mínimos impostos por lei. De cinco em cinco anos, os operadores devem ainda apresentar os resultados da monitorização dos campos magnéticos nas instalações de alta e muito alta tensão.
Não é preciso um grande exercício de memória para Maria da Luz Santos e Zélia Nobre se lembrarem de nomes de pessoas que morreram de cancro só na Rua da Capela, onde estão instaladas duas torres de alta tensão, nos últimos anos. “Primeiro foi a minha mãe com 67 anos com cancro no pâncreas, depois foi o meu marido com 46 com a mesma doença, mas no fígado. A mãe de uma moça que mora aqui ao lado, morreu com um câncer no peito”, diz Maria da Luz. Naquela altura “em que vieram pôr estas torres aqui, as pessoas eram um bocadinho mais lerdas se calhar, nós agora temos os olhos mais abertos”. Embora Maria da Luz Santos não possa relacionar diretamente os casos de doenças com as torres, receia pelo que ainda esteja para vir. Com 61 anos, debate-se com vários problemas de saúde. A moradora é perentória – “Isto já não se pode tirar daqui, mas não venham cá por mais”, numa alusão ao projeto fotovoltaico para a Torre Bela. O Valor Local explica, no sentido de diminuir o alarme social que se vive em Casais das Boiças, que à partida os promotores já terão em mente a escolha de outro corredor. A maior parte das pessoas com quem falámos só soube do assunto pela nossa notícia. Os moradores estão receosos e esperam que os políticos possam esclarecê-los melhor. Para já sentem-se abandonados e passados para trás. “Já chega de só pensarem no dinheiro, e se estão com pena de passarem as linhas de muito alta tensão por cima das oliveiras, lembrem-se que nós somos pessoas, e que não queremos ser mais prejudicadas”.
Zélia Nobre mora a escassos metros das torres conta-nos que todos se queixam de zumbidos na rua, e episódios de desorientação também não são incomuns. Tonturas e vertigens é o prato do dia. “O médico já me detetou um problema no cérebro que não é cancerígeno, mas que me dá muito mal-estar”. Maria da Luz Santos tem quistos no pulmão que o médico associou ao tabaco, mas esta moradora nunca fumou na vida. As dores de cabeça também são uma constante.
Em Casais das Boiças, este cenário que mais parece que entrámos numa realidade alternativa de emaranhado de torres e fios, não causa apenas perturbações a nível da saúde, segundo nos contaram os moradores. Para além disso quando chove ou faz mais calor, os moradores mergulham num filme de terror. No Verão, o zumbido das linhas chega a ser ensurdecedor, mas no inverno a água provoca faíscas e o cenário chega a ser tenebroso. A única coisa positiva salienta é que “dificilmente cairia um raio em cima da minha casa”, brinca Maria da Luz Santos. “Quando chove é estalos atrás de estalos”, junta-se à nossa conversa Júlia Rita. “Já temos radiações que cheguem para o nosso organismo, basta de morar debaixo de alta tensão. Nem que nos tenhamos que juntar a Alcoentre para fazer alguma coisa”. Tem vários terrenos onde já existem postes de alta tensão, mas não está disponível para mais. Júlia Rita que tem 76 anos divide o seu tempo entre Azambuja e Casais das Boiças desde que se reformou há cerca de 20 anos, mas os problemas de saúde já são muitos- “Tenho sete quistos no fígado. Quando estou aqui sinto-me doente. Quando estou em Azambuja ando bem, vou dar as minhas voltas sem dificuldade. Em Casais das Boiças só tenho vontade de me deitar. Estou a ver que tenho de me ir embora de cá”.
Zélia Nobre mora a escassos metros das torres conta-nos que todos se queixam de zumbidos na rua, e episódios de desorientação também não são incomuns. Tonturas e vertigens é o prato do dia. “O médico já me detetou um problema no cérebro que não é cancerígeno, mas que me dá muito mal-estar”. Maria da Luz Santos tem quistos no pulmão que o médico associou ao tabaco, mas esta moradora nunca fumou na vida. As dores de cabeça também são uma constante.
Em Casais das Boiças, este cenário que mais parece que entrámos numa realidade alternativa de emaranhado de torres e fios, não causa apenas perturbações a nível da saúde, segundo nos contaram os moradores. Para além disso quando chove ou faz mais calor, os moradores mergulham num filme de terror. No Verão, o zumbido das linhas chega a ser ensurdecedor, mas no inverno a água provoca faíscas e o cenário chega a ser tenebroso. A única coisa positiva salienta é que “dificilmente cairia um raio em cima da minha casa”, brinca Maria da Luz Santos. “Quando chove é estalos atrás de estalos”, junta-se à nossa conversa Júlia Rita. “Já temos radiações que cheguem para o nosso organismo, basta de morar debaixo de alta tensão. Nem que nos tenhamos que juntar a Alcoentre para fazer alguma coisa”. Tem vários terrenos onde já existem postes de alta tensão, mas não está disponível para mais. Júlia Rita que tem 76 anos divide o seu tempo entre Azambuja e Casais das Boiças desde que se reformou há cerca de 20 anos, mas os problemas de saúde já são muitos- “Tenho sete quistos no fígado. Quando estou aqui sinto-me doente. Quando estou em Azambuja ando bem, vou dar as minhas voltas sem dificuldade. Em Casais das Boiças só tenho vontade de me deitar. Estou a ver que tenho de me ir embora de cá”.
Logo à entrada da Rua da Capela fica a casa de José João, 71 anos, (Na foto acima com a vizinha Júlia Rita) que também convive com uma torre de muito alta tensão no quintal. Lembra-se da população da Batalha se ter revoltado há mais de 10 anos contra a passagem deste tipo de linhas, “mas que não serviu para nada”. No seu caso, também a casa veio depois da torre instalada. “Na altura eramos todos uns pacóvios”, desabafa José João. O terreno que era do seu pai foi vendido para a instalação da antena “por 120 contos naquela altura, mas sem documentos”.
Na nossa reportagem em Casais das Boiças, parámos também no café da coletividade local, onde nos aguardava mais um grupo moradores. Maria Caetana, 80 anos, diz que o filho que morava perto de uma das torres “já está debaixo do chão”. A moradora Deolinda Moreira, 75 anos, acrescenta – “O meu marido foi há 10 meses. Não sei se foi por causa disto, mas morreu de cancro”. Questionámos um grupo de senhoras que se encontravam à mesa a tomar café, sobre o número de mortes por cancro nos últimos anos, e em uníssono respondem-nos que foram muitas, e todas de diversas idades, e os nomes vão sendo lembrados, vizinhos e amigos que já partiram – “A Maria Adelaide, o senhor Chico, o Zé da João, a Madalena, a Teresa do Zé Valada, e tudo gente nova entre os 50 e tal e os 60 anos”. Uma das nossas interlocutoras, Maria Antónia, diz que a filha já teve de tirar um tumor e no seu caso também.
Na nossa reportagem em Casais das Boiças, parámos também no café da coletividade local, onde nos aguardava mais um grupo moradores. Maria Caetana, 80 anos, diz que o filho que morava perto de uma das torres “já está debaixo do chão”. A moradora Deolinda Moreira, 75 anos, acrescenta – “O meu marido foi há 10 meses. Não sei se foi por causa disto, mas morreu de cancro”. Questionámos um grupo de senhoras que se encontravam à mesa a tomar café, sobre o número de mortes por cancro nos últimos anos, e em uníssono respondem-nos que foram muitas, e todas de diversas idades, e os nomes vão sendo lembrados, vizinhos e amigos que já partiram – “A Maria Adelaide, o senhor Chico, o Zé da João, a Madalena, a Teresa do Zé Valada, e tudo gente nova entre os 50 e tal e os 60 anos”. Uma das nossas interlocutoras, Maria Antónia, diz que a filha já teve de tirar um tumor e no seu caso também.
Carlos Jorge Marcelo é o presidente da Associação Cultural e Recreativa de Casais das Boiças. No ponto de encontro que é o café da coletividade as conversas sobre os efeitos das linhas de muito alta tensão são uma tónica dominante. Na agricultura ao longo dos anos, os impactes “também têm sido muitos”, com “muita falta de água e com as culturas muito deficitárias”, mas é na saúde pública que esta realidade tem sido mais flagrante, e os casos e os nomes sucedem-se – “Morreu uma amiga minha que vivia mesmo ao pé daquilo, com cerca de 50 anos, e se agora levarmos com outra carga com mais uma linha de muito alta tensão aí é que vamos de vez”. A esposa do dirigente da coletividade também faleceu na casa dos 50 anos – “Foi de cancro. Não se pode dizer que foi disto, mas são demasiadas coincidências”. Até à data nunca houve um estudo de saúde sobre esta circunstância em Casais das Boiças. E a população até se ri – “Aqui no centro de saúde é um corrupio de médicos a toda a hora e nunca conseguimos ser atendidos. Nem têm tempo para nos ver”, acrescentam os moradores. Carlos Jorge Marcelo pormenoriza – “Como é que os médicos podem acompanhar o que nós temos aqui se não chegam a ficar cá”.
Se a situação tender a piorar, “o nosso destino é ir viver para outro lado, porque temos crianças aqui. A coletividade chega a ter miúdos que vêm de várias localidades para praticar desporto, e vivemos com medo. Porque está-se a tornar insuportável”, refere o presidente da coletividade. O dirigente é também agricultor, e no trabalho nos campos em redor, “quando calha andarmos na poda lá perto das torres, passamos mal com episódios de desorientação”. A conclusão é só uma - “As pessoas sentem-se muito revoltadas com o que se anda a passar aqui. Então quem comete o erro de comprar cá casa, isso nem se fala. Sentem-se completamente enganadas”. Zélia Nobre acrescenta – “As pessoas se pudessem iam embora, mas não podem deixar as casas para trás”. No passado, e para aqueles que ainda se lembram ficam as memórias do antes das torres, quando a vida era bem mais simples – “Tínhamos tudo!”, concretizam desta forma a lembrança de uma qualidade de vida que já não volta. Os efeitos das radiações a acreditar na teoria dos cientistas que defendem os seus efeitos perversos apenas se fazem sentir a longo prazo. As torres estão na aldeia desde os anos 70, “mas apenas nos últimos 15 ou 20 anos é que começou a morrer gente desta maneira, nos anos 80 e 90 mesmo já com as torres não temos memória disto acontecer”, concluem Carlos Jorge Marcelo e Zélia Nobre.
Se a situação tender a piorar, “o nosso destino é ir viver para outro lado, porque temos crianças aqui. A coletividade chega a ter miúdos que vêm de várias localidades para praticar desporto, e vivemos com medo. Porque está-se a tornar insuportável”, refere o presidente da coletividade. O dirigente é também agricultor, e no trabalho nos campos em redor, “quando calha andarmos na poda lá perto das torres, passamos mal com episódios de desorientação”. A conclusão é só uma - “As pessoas sentem-se muito revoltadas com o que se anda a passar aqui. Então quem comete o erro de comprar cá casa, isso nem se fala. Sentem-se completamente enganadas”. Zélia Nobre acrescenta – “As pessoas se pudessem iam embora, mas não podem deixar as casas para trás”. No passado, e para aqueles que ainda se lembram ficam as memórias do antes das torres, quando a vida era bem mais simples – “Tínhamos tudo!”, concretizam desta forma a lembrança de uma qualidade de vida que já não volta. Os efeitos das radiações a acreditar na teoria dos cientistas que defendem os seus efeitos perversos apenas se fazem sentir a longo prazo. As torres estão na aldeia desde os anos 70, “mas apenas nos últimos 15 ou 20 anos é que começou a morrer gente desta maneira, nos anos 80 e 90 mesmo já com as torres não temos memória disto acontecer”, concluem Carlos Jorge Marcelo e Zélia Nobre.
Moradores sugerem traçado alternativo para a Linha de Muito Alta Tensão do Parque Solar
A Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) para o projeto de energia solar a implantar na Torre Bela compreende um complexo de duas linhas que liga as centrais fotovoltaicas de Rio Maior e Torre Bela à subestação de Rio Maior, a 400kV, com uma extensão de cerca de 20 quilómetros, sujeita a avaliação de impacte ambiental. Um conjunto de moradores composto por António Loureiro, Patricia Pellissier e Francisco Dionísio sugeriram uma alternativa.
António Loureiro explicita o traçado almejado pela população de Casais das Boiças: "A ideia era atravessar o olival, ligar lá mais à frente em Vale de Judeus /IC2 e não junto à casa dos moradores como o Francisco ou a Patricia como está no traçado verde. Com essa aposta as linhas também não interfeririam com Alcoentre porque o traçado amarelo também não é o ideal", continua a acrescentar Loureiro, que foi também presidente de junta de Alcoentre entre 2013 e 2017. O antigo autarca refere que a proposta dos moradores reúne consenso entre o presidente da Câmara, Luís de Sousa, e Francisco Morgado, atual presidente da junta de Alcoentre. Francisco Dionísio dá a achega "É possível fazer o circuito passando sempre por terrenos de mato ou floresta e possivelmente os custos até nem serão maiores".
A Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) para o projeto de energia solar a implantar na Torre Bela compreende um complexo de duas linhas que liga as centrais fotovoltaicas de Rio Maior e Torre Bela à subestação de Rio Maior, a 400kV, com uma extensão de cerca de 20 quilómetros, sujeita a avaliação de impacte ambiental. Um conjunto de moradores composto por António Loureiro, Patricia Pellissier e Francisco Dionísio sugeriram uma alternativa.
António Loureiro explicita o traçado almejado pela população de Casais das Boiças: "A ideia era atravessar o olival, ligar lá mais à frente em Vale de Judeus /IC2 e não junto à casa dos moradores como o Francisco ou a Patricia como está no traçado verde. Com essa aposta as linhas também não interfeririam com Alcoentre porque o traçado amarelo também não é o ideal", continua a acrescentar Loureiro, que foi também presidente de junta de Alcoentre entre 2013 e 2017. O antigo autarca refere que a proposta dos moradores reúne consenso entre o presidente da Câmara, Luís de Sousa, e Francisco Morgado, atual presidente da junta de Alcoentre. Francisco Dionísio dá a achega "É possível fazer o circuito passando sempre por terrenos de mato ou floresta e possivelmente os custos até nem serão maiores".
No meio deste processo, os moradores criticam a postura da contratada pelo promotor, que segundo estes três moradores tem tido uma postura agressiva no contacto com a população de Casais das Boiças, "oferecendo indemnizações, mas ameaçando que no caso de as pessoas não aceitarem, poderem ser obrigadas a isso" tendo em linha de conta que o projeto previsto para a Torre Bela é considerado de interesse público nacional. Patricia Pellissier critica o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, "porque não preveniu as pessoas de que seriam contactadas neste sentido". No seu caso pessoal refere que foi abordada pela empresa que num dia surgiu do nada a pedir para ver os seus terrenos. "Perguntei quem eram eles mas não quiseram responder". A somar a isto "na planta desenharam as linhas como se não houvesse casas". Uma circunstância que deixa a moradora desolada com o estado de coisas - "Vim morar para Portugal há três anos e meio e este era o meu sonho. Os meus filhos já são adultos, e deixei a França para vir para cá, mas nunca pensei passar por um pesadelo assim".
Recorde-se que esta abordagem aos moradores daquela localidade da freguesia de Alcoentre aconteceu numa altura em que o projeto ainda não tinha sido debatido na Câmara nem estava em consulta pública, o que atesta que as movimentações no terreno não se ficaram apenas pelo arranque dos eucaliptais e pela montaria de dezembro por parte dos proprietários da Torre Bela.
Recorde-se que esta abordagem aos moradores daquela localidade da freguesia de Alcoentre aconteceu numa altura em que o projeto ainda não tinha sido debatido na Câmara nem estava em consulta pública, o que atesta que as movimentações no terreno não se ficaram apenas pelo arranque dos eucaliptais e pela montaria de dezembro por parte dos proprietários da Torre Bela.
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Simon Coulson da Aura Power diz estar disponível para estudar novas soluções
Simon Coulson, promotor do projeto e CEO da Aura Powwer, empresa ligada ao parque fotovoltaico na Torre Bela, perante os anseios da população, refere em declarações ao nosso jornal, que aguarda por indicações da Agência Portuguesa do Ambiente, salvaguardando contudo que o projeto tal como se apresenta atualmente "respeita as distâncias" preconizadas pela Comissão Internacional de Proteção Contra a Radiação Não Ionizante (portaria nº 1421/2004, de 23 de novembro). O promotor diz ainda que agradece o feed-back das comunidades locais.
Simon Coulson, promotor do projeto e CEO da Aura Powwer, empresa ligada ao parque fotovoltaico na Torre Bela, perante os anseios da população, refere em declarações ao nosso jornal, que aguarda por indicações da Agência Portuguesa do Ambiente, salvaguardando contudo que o projeto tal como se apresenta atualmente "respeita as distâncias" preconizadas pela Comissão Internacional de Proteção Contra a Radiação Não Ionizante (portaria nº 1421/2004, de 23 de novembro). O promotor diz ainda que agradece o feed-back das comunidades locais.
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O empresário confia na avaliação que está a ser feita pela equipa multidisciplinar envolvida no Estudo de Impacte Ambiental do projeto que contempla a ligação das linhas elétricas subjacentes à central solar e daí até à rede nacional. O promotor garante que as implicações dos campos magnéticos está sob avaliação no estudo de impacte ambiental e que o fator humano é pedra de toque do seu projeto "que está completamente comprometido com a legislação existente bem como com uma gestão adequada e segura em conformidade com os mais elevados padrões internacionais".
Já depois do nosso encontro com os moradores de Casais das Boiças e em declarações ao nosso jornal, o presidente da Câmara que se reuniu com a Agência Portuguesa do Ambiente tendo em conta as pretensões da população da localidade da freguesia de Alcoentre, refere que "há disponibilidade do Governo em aceitar o traçado proposto pelos moradores". Luís de Sousa diz ainda que nas conversações com o promotor, este garantiu que não se importa de voltar a mexer no traçado das linhas indo ao encontro das pretensões da população, apesar disso não ter sido levado a cabo numa primeira instância. Na primeira reunião de Câmara do mês de junho, a autarquia vai levar o famigerado projeto do campo fotovoltaico da Torre Bela a votação, depois de ter retirado a proposta em outubro, numa assembleia municipal, por pressão da oposição. De lá para cá, este projeto caiu nas bocas do mundo com o episódio da caçada na Torre Bela, em dezembro passado, que terminou no abate de 540 animais tendo em vista a central fotovoltaica.
Previsto para uma área de 775 hectares, trata-se de um investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está prevista para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares.
Já depois do nosso encontro com os moradores de Casais das Boiças e em declarações ao nosso jornal, o presidente da Câmara que se reuniu com a Agência Portuguesa do Ambiente tendo em conta as pretensões da população da localidade da freguesia de Alcoentre, refere que "há disponibilidade do Governo em aceitar o traçado proposto pelos moradores". Luís de Sousa diz ainda que nas conversações com o promotor, este garantiu que não se importa de voltar a mexer no traçado das linhas indo ao encontro das pretensões da população, apesar disso não ter sido levado a cabo numa primeira instância. Na primeira reunião de Câmara do mês de junho, a autarquia vai levar o famigerado projeto do campo fotovoltaico da Torre Bela a votação, depois de ter retirado a proposta em outubro, numa assembleia municipal, por pressão da oposição. De lá para cá, este projeto caiu nas bocas do mundo com o episódio da caçada na Torre Bela, em dezembro passado, que terminou no abate de 540 animais tendo em vista a central fotovoltaica.
Previsto para uma área de 775 hectares, trata-se de um investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está prevista para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares.
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