Centrais solares podem levar ao desaparecimento de centenas de espécies de aves da região
Em causa, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, está por exemplo o projeto da Central Fotovoltaica com riscos para espécies como a íbis preta, o flamingo, corvos marinhos, cegonha branca entre outros
|03 Maio 2021 10:14
Sílvia Agostinho A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está preocupada perante a perspetiva da região ser inundada por grandes centrais de painéis solares que em última análise vão levar a uma debandada geral da avifauna, “porque se analisarmos os impactes ao nível de cada uma das centrais, pode parecer-nos que não significam nada de especial, mas quando temos mais de uma dezena de projetos em perspetiva teme-se de facto por efeitos bastante pesados na ecologia e no ambiente, e a escala ganha uma amplitude completamente diferente”, enfatiza Joaquim Teodósio, Coordenador do Departamento de Conservação Terrestre daquela organização não governamental.
O especialista fala em falta de planeamento estratégico nestes investimentos que resultam da aposta do país em cumprir as metas das energias renováveis impostas pela União Europeia no horizonte temporal até 2050. Recorde-se que no caso das aves são reportados incidentes de eletrocussão ou colisão nas linhas elétricas neste tipo de parques. Por outro lado, diz a ONG “estão a ser sacrificados terrenos de zona de Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN), em muitos deles receberam fundos destinados a projetos e que serão sacrificados com vista aos parques fotovoltaicos”. OUÇA O ÁUDIO
A associação remeteu recentemente um parecer junto da Agência Portuguesa do Ambiente relativamente ao projeto da Central Fotovoltaica da Cerca que ficará entre os concelhos de Azambuja e de Alenquer com 458 mil painéis solares, onde assinala riscos para espécies como a íbis preta, e o flamingo, que “povoam a área de forma regular”, mas que nada foi considerado no estudo de impacte ambiental para a análise de risco de colisão com as linhas elétricas. Está ainda reportado, segundo a SPEA, um “vasto dormitório de grandes dimensões de corvos-marinhos na parte do projeto que fica na ribeira de Ota” e também aqui nada está previsto pela Fotovoltaica Lote A, EDP, o promotor do projeto. O corredor em causa é ainda casa de espécies como a águia calçada, a águia cobreira, o gavião e o açor, bem como, da cegonha branca. Refere a associação que nada foi considerado no estudo para “compensar a perda de habitats para estas e outras espécies”. Vaticinar o desaparecimento de centenas de espécies pode ser uma possibilidade – “tendo em conta a acumulação de centrais numa área relativamente concentrada”, prejudicando a biodiversidade da região.
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