Centro de dia de Manique sai do sufoco das dívidas usando a imaginaçãoNa origem do passivo, segundo Pedro Moita, estão sobretudo dívidas a fornecedores e ao Estado, nomeadamente à Autoridade Tributária e Segurança Social
Miguel António Rodrigues
02-07-2018 às 14:19 O Centro de dia da Casa do Povo de Manique do Intendente, no concelho de Azambuja, respira agora de alívio depois do pagamento parcial de cerca de 56 por cento, uma dívida que se cifra agora em 19 mil euros, deixada por anteriores direções. Pedro Moita, diretor técnico e presidente da instituição, salienta ao Valor Local “o enorme esforço que foi preciso fazer para sair desta situação”, salientando o empenho dos funcionários da instituição, que sempre foram compreensivos para com o trabalho da direção.
Num ano, o responsável vinca que a direção conseguiu descer o passivo para cerca de 19 mil euros, um valor ainda aquém do necessário, mas que representou uma “meia vitória”, representando um decréscimo de 56 por cento da dívida, tendo em conta a sobrevivência da instituição, referem também Edite Rodrigues e Fernando Rodrigues, secretária da direção e presidente do conselho fiscal, respetivamente. Na origem do passivo, segundo Pedro Moita, estão sobretudo dívidas a fornecedores e ao Estado, nomeadamente à Autoridade Tributária e Segurança Social. Todavia, nestes últimos dois casos, o responsável vinca que nesta altura “está tudo em dia” já que manter as contas atualizadas com estes organismos, “é essencial para o bom funcionamento e relacionamento da Casa do Povo de Manique do Intendente”. Neste processo “tivemos de estabelecer prioridades”, principalmente com o Estado, que refere, Pedro Moita, mostrou capacidade negocial neste dossier. Pedro Moita diz que foi vital “controlar o fluxo de compras” nomeadamente os combustíveis, as telecomunicações e até a nível de algumas das mercearias que entravam na cozinha. O responsável vinca que não havia sistema de compras na antiga direção, e por isso o desperdício de mercearias era muito elevado. Pedro Moita esclarece que os funcionários da cozinha, tinham por exemplo, ordem para comprar produtos, mas como não controlavam o orçamento, iam comprando sem controle da direção. O presidente da instituição não atribui a culpa aos funcionários, mas à direção anterior, que acusa de “má gestão e gestão danosa” durante os três anos em que esteve em funções. Críticas essas subscritas também pela restante direção. Os tempos não foram fáceis, mas o responsável salienta que os vencimentos dos oito funcionários “estiveram sempre em dia”, no entanto a direção está ainda a levar a cabo planos de pagamento a outros fornecedores. O Valor Local sabe que o “aperto” foi de tal ordem que a instituição viu-se obrigada a recorrer à imaginação para sobrevier. Pedro Moita salienta que as compras passaram a ser feitas no comércio, e não aos fornecedores diretamente. Diz que assim se conseguiram melhores preços comparativamente aos representantes dos vendedores ao retalho. Por outro lado, a imaginação e criatividade vai também ao ponto de se ter procurado as melhores promoções. Pedro Moita vinca que “andamos sempre à procura dos folhetos dos supermercados, e escolhemos sempre as melhores promoções”. Segundo o dirigente, esta é uma das melhores formas para se economizar, recolhendo-se folhetos, cupões e promoções de forma a se aproveitar os melhores descontos, como se de uma casa particular se trata-se. Outra das formas que tem vindo a servir para a recuperação da a instituição, prende-se com a presença em vários eventos, nomeadamente nas Tasquinhas de Manique do Intendente. Aconteceu na iniciativa em abril do ano passado, após a tomada de posse, e novamente este ano, o que já permitiu um bom encaixe financeiro à instituição, que não coloca de parte, vir a participar um dia na Praça das Freguesias em Azambuja, por altura da Feira de Maio. Pedro Moita salienta também que a credibilidade da instituição está aos poucos a ser reconquistada. A última direção deixou marcas profundas na comunidade, ao ponto de o Centro de Dia ter apenas oito utentes diários, sendo que em sentido contrário, o apoio domiciliário não sofreu qualquer decréscimo. Pedro Moita refere que na causa dessa situação, está o facto de muitos idosos preferirem receber as refeições em suas casas. Muitos ainda podem fazer as suas vidas normalmente e possuem a necessária mobilidade. A falta de dinheiro da associação levou-os também a servir refeições para fora. Qualquer pessoa pode passar pela cozinha do Centro de Dia e levar para casa a sua refeição. Pedro Moita refere que a lei concede essa prerrogativa. A instituição está enquadrada nas normas do HCCP, que se traduz num certificado para a restauração.
ComentáriosSeja o primeiro a comentar...
Nota: O Valor Local não guarda nem cede a terceiros os dados constantes no formulário. Os mesmos são exibidos na respetiva página. Caso não aceite esta premissa contate-nos para redacao@valorlocal.pt
|
PUB
|
Leia também
As Marcas da Nossa SaudadeOs anos 50 do século passado foram em Portugal uma década de ouro no que a marcas diz respeito. Um pouco por todo o país floresceram muitas empresas que ainda hoje estão no ativo, ou pelo menos no nosso imaginário
|
Processo legionella- "Aquela fábrica está muito degradada"Três anos passados do surto de legionella, e depois do processo ter-se tornado público ouvimos testemunhas privilegiadas daqueles dias que abalaram o concelho de Vila Franca de Xira e o país.
|
50 Anos das Cheias - As memórias de uma tragédia nunca apagadasNa madrugada de 25 para 26 de novembro chuvas torrenciais inundam a região de Lisboa. Na primeira pessoa apresentamos os relatos de quem viveu esta tragédia por dentro e ainda tem uma história para contar 50 anos depois.
|