Centro Hípico Lebreiro: Crianças com necessidades especiais de Azambuja precisam de mecenas
A bolsa, dada pelo Instituto Português da Juventude (IPJ), termina dia 9 de setembro, e alguns pais, sem possibilidade de pagarem as mensalidades, terão que retirar os seus filhos de uma atividade que tem benefícios comprovados para a sua saúde
|01 Set 2021 10:49
Sílvia Carvalho d'Almeida As crianças com necessidades especiais no concelho de Azambuja estão em risco de perderem o apoio para as aulas de equitação, no Centro Hípico Lebreiro, na mesma localidade. A bolsa, dada pelo Instituto Português da Juventude (IPJ), termina dia 9 de setembro, e alguns pais, sem possibilidade de pagarem as mensalidades, terão que retirar os seus filhos de uma atividade que tem benefícios comprovados para a sua saúde.
Luís Ilaco é instrutor de equitação há cerca de 18 anos, formado na Escola Profissional de Abrantes, nas Mouriscas. Conta-nos que já tinha trabalhado com crianças com necessidades educativas especiais anteriormente, e que na sua experiência o saldo é muito positivo, pois estas apresentam, logo após as primeiras aulas, “resultados bastante bons a nível comportamental e motor”. “Consigo entrar em contato com elas através de exercícios de equitação que visam o equilíbrio” e é pelo “equilíbrio que as crianças dão ordens ao cavalo e comunicam com ele”. “Trabalhando isso o aluno ganha à vontade, segurança, domínio do corpo e das emoções, e solta-se o que se reflete no dia a dia, tornando-se mais feliz e corajoso”, descreve. “Também a postura, a maneira de pensar, e as capacidades de reação melhoram, para além de ser uma forma de socialização não só entre eles, mas também com o cavalo”. O centro hípico está à procura de mecenas para continuar a dar curso a esta atividade, e como tal o instrutor enfatiza que “esta é uma atividade bastante importante para estes meninos e meninas, e que se alguém tiver a oportunidade de dar o seu apoio, este será bem vindo, porque vemos felicidade nestas crianças, e muitas têm a ambição de mudar o mundo, mas se mudarmos algo na nossa terra ou neste caso no nosso picadeiro, já estaremos a fazer muito.” Teresa Carvalho, com uma filha de quatro anos, Ariana, pensa que acabar com este programa “não faz sentido”. Ariana não tem necessidades especiais, no entanto Teresa está solidária com os pais que não têm possibilidades de pagar, pois esta é uma atividade bastante importante para o seu desenvolvimento. No caso da sua filha, que era bastante insegura, verificou uma melhoria significativa da sua autoestima, com apenas um mês de aulas. "A Ariana sai daqui eufórica e vai para casa contar tudo o que fez com o cavalo, está mais comunicativa, mais calma. Esta atividade tem tido resultados muito positivos para ela”.
Maria João Catarino, do Centro Social e Paroquial da Azambuja, conta que tem visto melhorias significativas nos seus “meninos” e que este programa não deveria acabar, pois faz a diferença na vida destas crianças, sobretudo as que se enquadram no âmbito do autismo ou Síndrome de Asperger “que vivem fechadas no seu mundo muito próprio, e por vezes é difícil comunicar com as que se enquadram neste espetro”. É o caso de Enzo uma dessas crianças que no dia da nossa reportagem mostrava a sua confiança no cavalo. No entanto, estas crianças “estão muito mais calmas, comunicativas e doces, ou seja, diminuíram os níveis de agressividade, bem como de ansiedade. Os pais em casa também notam progressos”. Há contudo, muitos pais que não podem pagar, “pois as aulas são um pouco caras para os seus orçamentos, pelo que seria uma mais valia se pudessem continuar.” Também ao nível da hiperatividade, há relatos de melhorias. Carla Gonçalves, da mesma instituição, revela-nos que o Pietro, outra das crianças, “era muito agitada” até começar a frequentar as aulas de equitação. No entanto, “os resultados estão à vista”. "Está muito mais tranquilo, e seguro. Costumava ter brincadeiras mais violentas, tais como lutas, e agora esse comportamento parece ter diminuído." Isabel Nolasco, presidente da associação sem fins lucrativos, deu recentemente uma entrevista à Rádio Valor Local, onde nos falava precisamente deste problema da retirada dos fundos, e da necessidade de encontrar mecenas que apoiem esta atividade. “Temos que pagar ao monitor, o que é um custo de cerca de 1000 euros mensais. São três horas às terças e quintas, e ao fim de oito semanas as crianças vão para casa, pois os fundos do IPJ acabam. Lançamos o desafio de que quem tiver posses para tal ajude, para conseguirmos dar continuidade a este projeto”. |
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