Cerci Flor da Vida: Complexo Social e de Saúde chega aos 5 milhões e deve estar pronto até 2026
Numa entrevista de balanço de mandato, José Manuel Franco aborda o presente da instituição, os projetos para o futuro, os protocolos com os médicos, o vencimento da diretora executiva. A instituição vai a eleições já este ano
|05 Mar 2023 16:26
Sílvia Agostinho Numa entrevista na Rádio Valor Local, o presidente da Cerci Flor da Vida, IPSS do concelho de Azambuja, reitera a disponibilidade para colaborar com o Serviço Nacional de Saúde na contratação de médicos para prestarem consultas no concelho de Azambuja, substituindo-se dessa forma às empresas de trabalho temporário, numa alternativa que pode ser mais atrativa para os clínicos. O projeto do complexo de saúde para a Quinta das Rosas cujo projeto já vai em cinco milhões de euros é o principal objetivo no futuro da instituição. José Manuel Franco dá conta que a expetativa é que três milhões e 700 mil sejam obtidos através de financiamento vindo dos instrumentos de apoio do Estado e da União Europeia para este fim, caso contrário, assegura, a obra terá de ser suportada através de um empréstimo bancário a dez anos.
A Cerci Flor da Vida, segundo o seu presidente José Manuel Franco, está empenhada em contribuir para suprimir a carência de médicos no concelho de Azambuja. Está em cima da mesa a possibilidade de se substituir às empresas de trabalho temporário e com isso poder contratar clínicos, ainda que no mesmo regime de avença e consoante um determinado pacote de horas, mas como a instituição dispensa lucros para si desta disposição, tal pode tornar-se mais atrativo para os profissionais. O responsável da instituição referiu na Rádio Valor Local que esta ideia já tinha surgido há algum tempo, ainda no último mandato de Luís de Sousa à frente da autarquia, mas que ficou agora consolidada ao falar com Armando Martins do Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja. José Manuel Franco salienta que já foram encetados contactos com possíveis médicos interessados, e que o objetivo passa pelo facto desta complementaridade contemplar a possibilidade de os clínicos prestarem os mesmos serviços já exercidos pelos demais colegas do centro de saúde. Numa primeira fase ainda se equacionou a possibilidade de as consultas prestadas pelos médicos a contratar pela Cerci serem na IPSS, “mas agora já se convencionou que serão no centro de saúde e nas respetivas extensões por terem outras condições”. José Manuel Franco constata que esta opção sugerida pela Cerci Flor da Vida, em consonância com a Câmara de Azambuja, e juntas de freguesia, teve o melhor acolhimento até à data por parte de Sofia Theriaga, diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do TEJO, e de Luís Pisco da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT). O protocolo a estabelecer está a ser discutido nesta altura, “pelo que a bola está do lado de lá e a seu tempo teremos feedback positivo, que esperamos que esteja para breve”. Neste momento o custo dos projetos para a Quinta das Rosas já vai em cinco milhões e trinta e seis mil euros, com uma área de 5 131 metros quadrados de área de construção, depois de ter sido anunciado um valor a rondar os 4,5 milhões de euros, fora o lar residencial que obteve 900 mil euros de financiamento do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Na calha estão várias candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a dita bazuca europeia, bem como a outros programas de apoio, e eventualmente junto de mecenas, por parte da instituição para as restantes valências a implementar na Quinta das Rosas em Azambuja. O complexo social e de saúde contempla uma Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção, uma Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) com grande dependência, e uma clínica médica, tendo já obtido financiamento na ordem dos 742 mil 500 euros do PRR para o projeto de um Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) que deverá estar terminado até 2024. OUÇA O ÁUDIO DA ENTREVISTA
Para José Manuel Franco e pese embora a possível megalomania de todo o projeto “este é necessário para o concelho e para a região”, até porque o atual lar residencial 1 e respetivo CACI, ao lado do centro de saúde, “tem de ser substituído porque já não oferece as melhores condições e queremos aumentar a capacidade de 12 para 30 utentes”. Por outro lado, e no que se refere à ERPI, “era importante ter aqui uma estrutura de apoio para os nossos utentes mais velhos, muitos deles sem uma estrutura de suporte familiar, para além dos irmãos”. “Trata-se de uma estrutura inovadora na região. Estaremos vocacionados para grandes dependentes, sem entrar em competição com outros projetos existentes vocacionados para a faixa da terceira idade”. Quanto à Unidade de Cuidados Continuados, no valor de um milhão de euros, será para 30 camas. Já quanto à clínica também terá essa abrangência regional com resposta em diferentes áreas e com protocolos a estabelecer com o SNS e com privados. O projeto integra ainda uma componente de apoio domiciliário no valor de 84 mil euros.
A instituição espera conseguir obter apoios através dos vários programas quer da Segurança Social, quer do PRRR, no valor de três milhões e 700 mil euros. Para além das verbas já asseguradas para o projeto do lar e do CACI. O município deverá subsidiar para já a obra em 350 mil. José Manuel Franco refere que a instituição está estabilizada do ponto de vista financeiro, “com capitais próprios e património”, pelo que “temos preparado um plano de negócios” no caso de se avançar para um pedido de empréstimo junto de uma instituição bancária. “O projeto tem sustentabilidade, com cerca de 90 camas e uma clínica se colocada ao serviço de uma entidade privada, ou mesmo pública como os hospitais de Loures ou de Vila Franca. Será uma fonte de financiamento para a instituição”. O projeto prevê criar 76 postos de trabalho diretos, quase 40 por cento de quadros superiores. O primeiro concurso para se encontrar a empresa que vai ficar com a empreitada foi lançado em dezembro, mas não foi selecionada nenhuma empresa, tendo em conta a necessidade de ajuste no preço total. Acabou de ser lançado no início de fevereiro um segundo concurso. José Manuel Franco refere que apareceram várias empresas interessadas, cerca de 15, embora nenhuma seja do concelho. Espera adjudicar antes do final de março. A obra, salienta José Manuel Franco, deve estar completa até 2026 à exceção das duas valências financiadas pelo PRR e PARES que terão de ficar executadas até 2024. A Cerci tinha “um problema de gestão” na anterior direção A abrangência e a ambição dos projetos da gestão de José Manuel Franco à frente da Cerci Flor da Vida desde 2020, têm levado a que muitos se interroguem sobre a viabilidade que o Complexo Social e de Saúde da Quinta das Rosas poderá ter no seu conjunto, até porque há cerca de cinco anos, em 2018, a Cerci via-se a contas com um pedido de insolvência em que teve de apelar à solidariedade do povo de Azambuja para conseguir resistir. Tinha uma dívida de 600 mil euros, tendo recebido um apoio de 224 mil euros do Fundo de Socorro da Segurança Social. José Manuel Franco refere que foi possível arrumar a casa “com atitude e determinação”. Explica que o problema da IPSS era sobretudo de gestão que teve de passar a ser rigorosa, “e se assim não fosse estaríamos na mesma”. A título de exemplo dá conta que quando chegou à instituição não existia “um software de stocks”, com produtos “em armazém que estavam a passar de validade”. Sobretudo “a cultura organizacional da instituição alterou-se exigindo o cumprimento dos nossos deveres com vencimentos em dia, pagando dívidas, e colocando assim pressão na nossa produtividade”. Passados três anos da tomada de posse assume que tem sido “um privilégio” contactar com os utentes da instituição, pessoas com necessidades especiais. “Não sou a mesma pessoa que era antes de ter vindo para a Cerci”. O polémico vencimento da diretora executiva Sílvia Vítor, vereadora da Câmara Municipal de Azambuja, entre 2017 e 2021, passou pouco tempo depois das últimas autárquicas para o cargo de diretora executiva na Cerci Flor da Vida, a convite de José Manuel Franco. Muito comentado foi também o seu vencimento, cerca de três mil euros por mês, um valor que não é muito comum em outras IPSS do concelho ou até da região. José Manuel Franco está como voluntário na instituição, e questionado sobre a necessidade de rigor nas contas da instituição, e se o facto de este tipo de ordenados serem compatíveis no que se refere à gestão das contas, defende que periodicamente é avaliado pela direção sendo que até ao momento “tem sido uma boa aposta, se amanhã não se afigurar esse quadro, o mesmo será discutido, até ao momento foi a escolha certa e não estamos nada arrependidos”. Quanto ao momento financeiro da instituição salienta que está bem e recomenda-se, indo fechar o ano de 2022 com 60 mil euros positivos. Eleições ainda este ano A Cerci vai de novo a eleições, um ano antes do previsto, e como tal serão já este ano em 2023. O Valor Local relembrou que em 2021, José Manuel Franco anunciou a sua demissão, alegadamente por desentendimentos com um outro elemento da direção, o que o mesmo refuta. Quando o questionamos se vai levar exatamente a mesma equipa ao ato eleitoral previsto para este ano dá conta que ainda não pensou nessa matéria, ressalvando que o necessário “é dar estabilidade e credibilidade à instituição para além das direções que vão passando”. |
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