Projeto pioneiro no país
CimOeste pode vir a adquirir Rodoviária do Oeste Uma empresa, a VTM Consultores, está a estudar as possíveis alternativas para o transporte rodoviário. Atualmente, a CimOeste contribui em grande parte através das verbas do PART para o bolo dessas empresas
| 31 Jan 2022 19:14
Sílvia Agostinho A Comunidade Intermunicipal do Oeste está, neste momento, a estudar todos os cenários tendo em vista o futuro do transporte público na região, sendo que está na calha a possível aquisição das participações sociais de um dos operadores na região. Muitos dos fluxos entre os 12 concelhos acontecem através de autocarro, apesar do comboio ter ainda um peso significativo. Uma empresa, a VTM Consultores, está a estudar as possíveis alternativas para o transporte rodoviário. Atualmente, a CimOeste contribui em grande parte através das verbas do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes (PART) para o bolo dessas empresas, e tendo em conta que o Governo impôs através da autoridade de transportes na CIM a gestão e concessão dos transportes públicos com vista também às metas ambientais, a hipótese mais forte passa, nesta altura, pela aquisição, embora a concessão ainda esteja em cima da mesa. Contudo, “os resultados das concessões lançados nas outras CIM sejam desencorajadores porque muitos dos concursos públicos ficaram desertos”, refere o presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste, Pedro Folgado em declarações ao Valor Local.
Este debate teve como ponto de partida a apresentação em Arruda dos Vinhos, no dia 21 de janeiro, da denominada “Nova Estratégia da Comunidade Intermunicipal do Oeste (CIMOESTE) para a Mobilidade” no âmbito do ciclo “Arruda Talks”. Mais descarbonização e transportes mais amigos do ambiente foi o mote enfatizado pelo presidente da Câmara de Arruda, André Rijo. A comunidade intermunicipal tem o projeto ambicioso de lançar mão, se essa for a hipótese mais segura, da aquisição de uma das empresas do grupo Barraqueiro na zona Oeste, neste caso a Rodoviária do Oeste. André Rijo salientou que todos os 12 concelhos vão ter de ponderar muito bem este passo, na medida em que até à data o mercado não conseguiu corresponder aos desafios do futuro: mobilidade sustentável, transporte a pedido, descarbonização das frotas, com implementação de sistemas de eficiência de gestão com vista às metas ambientais de 2050. Em Arruda dos Vinhos, Pedro Folgado reconheceu que a CimOeste não tem competências a nível técnico para gerir uma empresa daquele tipo, pelo que a sua entrada no capital social, em princípio como sócio maioritário, pode proporcionar uma política diferente na gestão do transporte rodoviário. “Temos estudado muito porque implica uma grande mudança de paradigma”, referiu Pedro Folgado. Ao Valor Local diz que “ainda estamos numa fase de prospeção e de contactos”, não escondendo que já houve “uma aproximação” com a Rodoviária do Oeste “que ficou de pensar”. A ideia é que a Comunidade possa ter uma palavra a dizer em questões estratégicas que possam levar a uma mobilidade mais verde e no fundo servir melhor as pessoas dos 12 concelhos. Folgado reconhece que há deficiências em todos os municípios servidos pelo transporte rodoviário, e entre o público presente em Arruda houve quem juntasse que “não havia carreiras dos concelhos mais interiores da comunidade para as praias dos concelhos mais no litoral”, sendo que nos fluxos para Lisboa o transporte rodoviário também deixa a desejar. Por outro lado, a CIM reconhece que apesar de patrocinar em larga escala através do PART aquele tipo de transporte “há horários em que os veículos passam e levam poucos ou nenhuns passageiros”. “Se queremos que as pessoas não desertifiquem as suas terras, temos de contribuir também com a questão da acessibilidade ao transporte público. Vamos fazer este estudo. Já falámos com esta empresa mas estamos disponíveis para falarmos com outras. Está tudo em cima da mesa.” No debate, os dois autarcas e o secretário executivo da CIM, Paulo Simões foram perentórios – “Temos duas hipóteses ou deixamos tudo como está, ou proporcionamos a mudança contribuindo para mudar o conceito de mobilidade na nossa comunidade”.
“Queremos ter uma palavra ativa na definição das linhas e em toda a política de transportes”, refere Folgado ao nosso jornal. Paulo Simões ilustrou no debate – “Se formos para uma concessão, o que também está em cima da mesa, quando solicitarmos mais linhas, e melhores transportes, o privado vai estar sempre a pedir-nos mais dinheiro, de modo que esta possibilidade de avançarmos com a aquisição de participações sociais pode ser um caminho”. Folgado enfatiza – “Se temos de pagar o PART para eles operarem no nosso território, então por que razão não havemos de pagar para algo que seja nosso, e em que a CIM tenha uma palavra a dizer?! Não faz sentido estarmos a pagar a um privado em que este é que define as políticas de transporte”. Por outro lado, os municípios de per si através do recurso aos fundos comunitários ou fundo ambiental podem levar a cabo ações relacionadas com a renovação da frota de forma mais célere do que um privado. O presidente da CIM adianta que ainda não há uma verba designada para montar toda esta operação através da compra das participações sociais, “porque ainda estamos a fazer esse estudo técnico”. “Por um lado, temos de ver o capital social e por outro a gestão de toda a operação. Assim que o estudo estiver concluído será levado a conselho intermunicipal. Se for para a frente, a comunidade intermunicipal será a pioneira no país”. Levará por diante o sonho de um transporte “mais verde, conectado, universal e tendencialmente gratuito” como referiu Paulo Simões em Arruda dos Vinhos. |
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