Comunidade ucraniana da região reforça sentimento de gratidão aos portugueses
Ouvimos o testemunho de quem já reside há muito tempo no país e que tem Portugal no coração
|09 Abr 2022 16:21
Sílvia Agostinho A Rádio Valor Local levou a cabo uma emissão especial em que ouvimos três ucranianas radicadas em Portugal já há vários anos sobre o conflito que já perdura quase há dois meses. Mariya Moroz reside no Cartaxo e esteve envolvida em campanhas da solidariedade para receção de bens com destino aos países onde muitos refugiados têm chegado desde que a guerra rebentou no dia 24 de fevereiro. “As pessoas têm sido muito generosas e compreensivas, espetaculares mesmo”. Medicamentos, e roupa térmica são os bens mais necessários, entretanto. Muitas carrinhas já partiram rumo à fronteira da Polónia com a Ucrânia onde estão os maiores campos de refugiados.
A residir no nosso país há 18 anos tem toda a família na Ucrânia, pelo que a angústia é imensa todos os dias. Quando telefona para saber se estão todos bem, o coração dispara e é com voz embargada que dá conta do seu desespero. Tem uma irmã enfermeira que no dia da nossa reportagem ainda trabalhava em Kiev. “Tenho familiares mais para o lado da fronteira com a Polónia onde as coisas ainda estão mais ou menos sossegadas”. Ainda assim exprime que tudo “é um horror” e que os seus familiares que não saíram do país conformaram-se de que “estamos em guerra e que têm de trabalhar e defender o país”. Não pensam em fugir mas “em lutar até ao fim”. Por estes dias “vive-se com o coração nas mãos com medo pelos nossos familiares”. No acolhimento aos refugiados que possam ir viver para o Cartaxo “já algumas pessoas deram o seu nome a disponibilizarem-se para os receber”. Emigrante há mais de uma década, e a trabalhar como empregada de limpezas não tem dúvidas de que Portugal acolhe bem os cidadãos que tentam ter uma vida melhor no nosso país. “Ao longo dos anos sempre tive muitas provas de que os portugueses são pessoas bondosas, mas ainda consigo ficar surpreendida”. Mas também há solidariedade em sentido contrário. Veronica Dovodnyakovka é uma ucraniana empresária radicada no nosso país há 17 anos. Decidiu apoiar a Associação Desportiva “Os Pestinhas” de Povos, Vila Franca de Xira, com equipamentos que possibilitaram a continuidade da sua atividade. “São crianças com muito talento, mas cujos pais não tinham possibilidade de fazer face a este tipo de despesas. Reunimo-nos com o clube e decidimos ajudar através da oferta de equipamentos, pagamento de seguros, e outras contribuições.”. A ucraniana ainda tem familiares no país, onde “a situação é muito preocupante”. “Estamos abandonados e a viver com medo constante de que rebente uma bomba nas casas”. “Muitos tentam fugir, mas não é fácil, ainda por cima é inverno e as condições são más”. Recorde-se que os homens entre os 16 e os 60 anos são obrigados a combater. Quanto à ajuda dos portugueses à ucraniana diz não ter ficado surpreendida pois por norma “ajudam bastante neste tipo de causas”. “São um ótimo povo”. João António, presidente da coletividade, saúda o apoio da empresária ucraniana porque “se não fosse esse apoio não poderíamos competir. Assim vai permitir que as três equipas da formação de futsal participem nas provas com material desportivo patrocinado pela empresa”. Natalia Tkach é também uma imigrante que reside na nossa região, no Carregado, há 20 anos. Num tom profundamente emocionado agradece a todos os portugueses e em especial “às muitas crianças portuguesas que trouxeram brinquedos”. “Muito obrigada aos portugueses pela educação que deram aos vossos filhos, muito obrigada pela compreensão pelo que se passa na minha terra”. Refere que muitos ucranianos estão a juntar bens nas suas casas para depois serem enviados para um grande armazém em Lisboa e daí para a Polónia. Quanto à sua família que ainda está na Ucrânia dá conta de que “não querem sair de lá, mas combater para expulsar o Putin”. “Não queremos que os russos fiquem com o nosso país”. Quanto aos portugueses: “Adoro-vos por tudo o que estão a fazer”. |
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